1o ANO BÁSICO - 1a a 14a aula

 
14ª  AULA: CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO

A) A HISTÓRIA DE BELARMINO BICAS

Depois da festa beneficente, em que servíramos juntos, Belarmino Bicas, prezado companheiro a que nos afeiçoamos, no Plano Espiritual, chamou-me à parte e falou, decidido:
- Bem, já que estivemos hoje em tarefa de solidariedade, estimaria solicitar um favor...
Ante a surpresa que nos assaltou, Belarmino prosseguiu:
- Soube que você ainda dispõe de alguma facilidade para escrever aos companheiros encarnados na Terra e gostaria de confiar-lhe um assunto...
- Que assunto?

- Acontece que descarnei com cinqüenta e oito anos de idade, após vinte de convicção espírita. Abracei os princípios codificados por Allan Kardec, aos trinta e oito e, como sempre fora irascível por temperamento, organizei, desde os meus primeiros contatos com a Doutrina Consoladora, uma relação diária de todas as minhas exasperações, apontando-lhes as causas para estudos posteriores...
Os meus desconchavos, porém, foram tantos que, apesar dos nobres conhecimentos assimilados, suprimi, inconscientemente vinte e dois anos da quota de oitenta que me cabia desfrutar no corpo físico, regressando à Pátria Espiritual na condição de suicida indireto... Somente aqui, pude examinar os meus problemas e acomodar-me às desilusões...Quantos tesouros perdidos por bagatelas! Quanta asneira em nome do sentimento!...

E, exibindo curioso papel, Belarmino acrescentava:
- Conte o meu caso para quem esteja ainda carregando a bobagem do azedume! Fale do perigo das zangas sistemáticas, insista na necessidade da tolerância, da paciência, da serenidade, do perdão! Rogue aos nossos companheiros, para que não percam a riqueza das horas com suscetibilidades e amuos, explique ao pessoal na Terra que mau humor também mata!...

- Foi, então, que passei à leitura da interessante estatística de irritações, que não me furto à satisfação de transcrever: Belarmino Bicas – Número de cóleras e mágoas desnecessárias com a especificação das causas respectivas, de l936 a l956:

- 1811 em razão de contrariedades em família;
- 906 por indispor-se, dentro de casa, em questões de alimentação e higiene;
- 1614 por alterações, com a esposa, em divergências na conduta doméstica e social;
- 1801 por motivo de desgostos com filhos, genros e noras;
- 11 por descontentamento com os netos;
- 1015 por entrar em choque com chefes de serviço;
- 1333 por incompatibilidade no trato com os colegas;
- 1012 em virtude de reclamações a fornecedores e lojistas em casos de pouca monta;
- 614 por mal-entendidos com vizinhos;
- 315 por ressentimentos com amigos íntimos;
- 1089 por melindres ante o descaso de funcionários e empregados de instituições diversas;
- 615 por aborrecimentos com barbeiros e alfaiates;
- 777 por desacordos com motoristas e passageiros desconhecidos, em viagem de ônibus, automóveis particulares, bondes e lotações;
- 419 por desavenças com leiteiros e padeiros;
- 820 por malquistar-se com garçons em restaurantes e cafés;
- 211 por ofender-se com dificuldade em serviços de telefones;
- 815 por abespinhar-se com opiniões alheias em matéria religiosa;
- 217 por incompreensões com irmãos de fé, no templo espírita;
- 901 por engano ou inquietação, diante de pesares imaginários ou da perspectiva de acontecimentos desagradáveis que nunca sucederam.

- Total: 16.386 exasperações inúteis.

-
Esse o apanhado das irritações do prestimoso amigo Bicas:16.386 dissabores dispensáveis em 7.300 dias de existência, e, isso, nos quatro lustros mais belos de sua passagem no mundo, porque iluminados pelos clarões do Evangelho Redivivo. Cumpro-lhe o desejo de tornar conhecida a sua experiência que, a nosso ver, é tão importante quanto as observações que previnem desequilíbrios e enfermidades, embora estejamos certos de que muita gente julgará o balanço de Belarmino por mera invencionice de Espírito loroteiro.”
BIBLIOGRAFIA: Xavier, F. C. - Cartas e Crônicas


B) A REFORMA ÍNTIMA

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir à perfeição, pelo conhecimento da verdade e para aproximar-se d’Ele. A felicidade eterna e sem perturbações eles encontrarão nesta perfeição.

Pelo seu livre-arbítrio, cada um segue o caminho do bem ou do mal, instruindo-se através das lutas e tribulações da vida corporal. Em suas muitas existências, tem a oportunidade de melhoria progressiva.

Ao seguir a lei natural – a lei de Deus – o homem torna-se feliz.E os homens desejando pesquisar a Lei de Deus, verificam que ele se encontra na consciência. Aprendem, depois que Deus ofereceu ao homem o modelo mais perfeito que lhe servir de guia: Jesus.
Jesus trouxe-nos ensinamentos pelo seu exemplo e também em forma de parábolas. Hoje, temos os ensinamentos dos Espíritos que vieram esclarecer aquelas questões necessárias ao nosso aprimoramento espiritual.

O Espírito Verdade, em comunicação no ano de 1860, em Paris, nos diz: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo”.

Para tanto, é preciso educar o Espírito, para que possa, à luz dos ensinamentos de Jesus, transformar-se no “homem novo”, substituindo o “homem velho” do passado. Como? Transformando seus defeitos e vícios em qualidades e virtudes. E, aos poucos, seus efeitos irão se manifestar, nos sentimentos, nos pensamentos e nos atos exteriores. São as transformações morais, na modificação da sua conceituação de vida, afinando-se bem com os ensinamentos do Divino Mestre.

Jesus nos deu inúmeras lições. No Sermão do Monte, dá-nos uma lição de amor em que cita as bem-aventuranças que nos aproximam de Deus e que nos servem de consolação. Aprendemos que necessitamos conquistar virtudes:mansuetude,caridade, benevolência, pacifismo. E buscar a paz interior, que é uma conquista íntima do Espírito, orando, e vigiando nossos pensamentos.

É assim que crescemos para Deus, com o coração sem máculas, sem manchas, sem nódoas: não colocando um “remendo em roupa velha”, mas tecendo um tecido novo, em trama mais resistente, para que perdure. A roupa velha é o homem velho; e o homem novo é aquele que recebe o tecido novo ( compreensão, preparação, purificação, serviços), tudo resumido na Reforma Íntima que é o principal fundamento e finalidade dos estudos que realizamos da doutrina de Jesus.

Não se pode usar o termo Reforma Íntima separada de sua verdadeira e irrecorrível significação: a de transformações morais.
O que acima de tudo deve interessar aos homens encarnados é a progressão espiritual, pois esta é a única finalidade dos seres em todos os escalões e em todos os mundos.

Espiritualização é a exteriorização, é o “vir à tona” da centelha, isto é, do Eu interior, no esforço de sintonizar-se à vibração universal divina, que é harmonia, luz e amor; é sobrepor-se ao homem material purificando-se para conquistar o direito de viver em mundos mais perfeitos.

É fácil distinguir aquele que se espiritualiza: basta ver como se manifesta na vida comum os seus sentimentos, pensamentos e atos, porque, por mais que o intelecto venha em seu auxílio (com artifícios ou subterfúgios), não poderá esconder o que nele predomina: a densidade material do corpo físico, ou a lenta exteriorização da centelha, no campo moral.

É um esforço de milênios, inúmeros dos quais se passaram sem que o homem atingisse tais alturas; mas o Evangelho sempre oferece ao homem encarnado neste orbe, um poderoso auxílio para a realização imediata da espiritualização, desde que seja compreendido, interpretado e vivido na essência de sua significação e do seu poder redentor.

BIBLIOGRAFIA: Armond, Edgard - Verdades e Conceitos, Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos, Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo

C ) NÃO PONHAIS A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE

“Ninguém acende uma lâmpada, e a esconde com alguma vasilha, ou põe debaixo da cama; põe-na sim, sobre um candeeiro, para que vejam a luz aqueles que entram. Porque não há nada de secreto que não venha a ser descoberto, nem nada oculto que não venha a ser conhecido e tornado público.” (Lucas, 8:16-17).

Causa estranheza ouvir Jesus dizer que não se deve pôr a luz debaixo do alqueire, ao mesmo tempo que se esconde a toda hora o sentido das suas palavras sob o véu de alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, entretanto, dizendo aos apóstolos: Eu lhes falo em parábolas, porque eles não estão em condições de compreender certas coisas; eles vêem, olham, ouvem e não compreendem certas coisas; assim dizer-lhes tudo, ao menos agora, seria inútil; mas a vós o digo, porque já vos é dado compreender esses mistérios.
E procedia, portanto, para com o povo, como se faz com as crianças, cujas idéias ainda não se encontram desenvolvidas. Dessa maneira, indica-nos o verdadeiro sentido da máxima: “Não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que todos os que entram possam vê-la”. Ele não diz que tenhamos de revelar inconsideradamente todas as coisas, pois, todo o ensinamento deve ser proporcional à inteligência de quem o recebe, e porque há pessoas que uma luz muito viva pode ofuscar sem esclarecer.

Pergunta-se que proveito o povo poderia tirar dessa infinidade de parábolas, cujo sentido estava oculto para ele. Deve notar-se que Jesus só se exprimiu em parábolas sobre as questões, de alguma maneira abstratas, da sua Doutrina. Mas, tendo feito da caridade e da humildade a condição expressa de salvação, tudo o que disse a esse respeito é perfeitamente claro, explícito e sem nenhuma ambigüidade.
Assim devia ser, porque se tratava de regra de conduta, regra que todos deviam compreender, para poderem observar. Era isso o essencial para a multidão ignorante, à qual se limitava a dizer: Eis o que é necessário para ganhar o Reino dos Céus. Sobre outras questões, só desenvolvia os seus pensamentos para os discípulos. Estando eles mais adiantados moral e intelectualmente, Jesus podia iniciá-los nos princípios mais abstratos. Foi por isso que disse: Ao que já tem, ainda mais se dará, e terá em abundância. (E.S.E., Cap. XVII, item 15).

Não obstante, mesmo com os apóstolos, tratou de modo vago sobre muitos pontos, cuja inteligência completa estava reservada aos tempos futuros. Foram esses os pontos que deram lugar a diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de outro, vieram revelar as novas leis da natureza, que tornaram compreensível o seu verdadeiro sentido.
“Ninguém acende a candeia e a coloca debaixo do módio, mas no velador, e assim alumia a todos os que estão na casa”. – Jesus (Mateus 5:15).

Muitos aprendizes interpretam semelhantes palavras do Mestre como apelo à pregação sistemática e desvelaram-se através de veementes discursos em toda parte. Outros admitiram que o Senhor lhes impunha a obrigação de violentar os vizinhos, através de propaganda compulsória da crença, segundo o ponto de vista que lhes é particular.

Em verdade, o sermão edificante e o auxílio fraterno são indispensáveis na extensão dos benefícios divinos da fé. Nossa existência é a candeia viva. É um erro lamentável despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob a medida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.

Prega, pois, as revelações do Alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teus lábios; insta com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagem de ti mesmo.
BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo Xavier, F. C - Fonte Viva


QUESTIONÁRIO:

1 - Quem foi Belarmino Bicas?
2 - O que se deve fazer para não repetir a história de Belarmino Bicas?
3 - Na sua opinião, que ensinamento deve ser extraído desta narrativa?
4 - Que é Reforma Íntima?
5 - Qual o significado da transformação do "homem velho" em "homem novo"?
6 - Como distinguir o indivíduo que se espiritualiza?
7 - O que significa colocar a candeia debaixo do alqueire?
8 - Por que devemos procurar ser criaturas que buscam o aperfeiçoamento para se tornar mais uma luz no mundo?
9 - Na sua opinião, como devemos proceder para fazer "brilhar a nossa luz"?


 
 
13ª  AULA: CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO

A) O ESPIRITISMO NA ATUALIDADE

Depois de séculos de obscurantismo religioso e do dogmatismo imposto, consciências amadurecidas começam a despertar em busca de solução para os seus problemas transcendentes. Nos dias de hoje, vê-se um surto desenfreado de seitas e doutrinas que procuram atender aos Espíritos inquietos, sedentos de novas luzes. Há um inegável interesse pelo fenômeno, como resposta a velhas questões filosóficas, sem qualquer conseqüência de ordem moral.

Nesse diapasão, vê-se um crescimento do espiritualismo no mundo, redescobrindo velhas práticas, com roupagem moderna. Presas ao imediatismo da vida material, as criaturas especulam em todos os campos possíveis, no encalço de fórmulas mágicas ou de revelações fantásticas que lhes atendam os anseios da curiosidade vã.

Quando se trata do comportamento humano e das suas conseqüências morais, o homem ainda se reserva o direito de não esmiúçá-lo, conservando-se como era (e como pretende continuar sendo), protegido pelos mecanismos de defesa da sua personalidade. A nova ordem de coisas custa a penetrar nos corações mais endurecidos.

O Espiritismo, porém, como o Consolador Prometido pelo Cristo, surge no horizonte humano como um oásis em meio ao universo da desinformação e da desesperança, oferecendo ao homem o conhecimento da verdade que liberta e eleva o Espírito.

Enquanto muitos ainda permanecem presos aos modismos, buscando soluções imediatistas para problemas enraizados na personalidade desde longa data, e aderindo a práticas místicas do passado, com roupagem moderna, “o Espiritismo, nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo em seus fundamentos mais simples”, como enfatiza Emmanuel.

Mostrando ao homem que ele é o interexistente, isto é, aquele que vive entre os dois mundos, oferece-lhe novas oportunidades de realização, por alterar-lhe o panorama das cogitações mentais. A sobrevivência além da morte já não encerra a criatura nos círculos intransponíveis do céu, inferno e purgatório. A pluralidade dos mundos habitados, da mesma forma, não prende o Espírito nas teias incompreensíveis da mesquinha problemática planetária.

O Diálogo entre vivos e mortos alarga o universo do conhecimento e preserva os laços afetivos bem formados. Os sofrimentos não são senão nódulos temporários na cadeia da evolução, dissolvidos pelo trabalho digno e pelo conhecimento de si mesmo, que levam o indivíduo a harmonizar-se definitivamente com os imperativos da lei divina. O princípio da reencarnação passa a ser entendido como a chave que abre as portas da existência a todos quantos desejem ardentemente atingir a perfeição a que todos estamos destinados pela Justiça e o Amor Divinos.

Hoje, encontramos na literatura espírita toda sorte de recursos para a renovação necessária, a começar pelas obras da Codificação. N’O Evangelho, o roteiro para a solidificação do comportamento fraterno cristão. Em O Livro dos Espíritos, os princípios filosóficos para a fortificação do pensamento bem formado. Em O Livro dos Médiuns, a prática mediúnica à luz da fenomenologia perispíritica.

Além disso, a obra de Francisco Cândido Xavier, com mais de 400 títulos, surge com um indispensável complemento para o conhecimento do Espírito imortal, mormente com as mensagens dos Espíritos André Luiz e Emmanuel. Da pena mediúnica ainda, cumpre ressaltar a obra de Divaldo Pereira Franco, composta de muitos títulos e ditada por Joanna de Angelis, Bezerra de Menezes, Victor Hugo e muitos outros Espíritos.

Não bastasse todo esse manancial de bênçãos, há ainda o trabalho dos clássicos como Léon Denis, Gabriel Delanne, Camille Flammarion e Ernesto Bozzano, entre os mais notáveis. Autores contemporâneos devem ser lembrados também: Hernani Guimarães Andrade, Jorge Andréa, Hermínio C. Miranda, Richard Simonetti, Paulo Alves Godoy, José Herculano Pires, Manoel Pelicas São Marcos e outros.
Nos dias atuais, vê-se ainda o surgimento de novas práticas que se colocam dentro do vasto círculo da fenomenologia do espírito, entre as quais destacamos a TRVP (Terapia Regressiva a Vidas Passadas) e a TCI (Transcomunicação Instrumental), que auxiliam na elucidação de algumas questões da competência da Doutrina Consoladora. Todavia “urge o estabelecimento de recursos para a ordenação justa das manifestações que dizem respeito à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos na mente de cada um”, adverte Emmanuel.

Hoje, sente-se a necessidade da unificação do Espiritismo, em torno do ideal do ensino espírita, do aprendizado da Doutrina, principalmente no que diz respeito ao Evangelho de Jesus, com a prática da caridade e do amor ao semelhante. Congressos mundiais ou internacionais vêm sendo organizados com essa finalidade, no Brasil e na Europa. É um fato histórico, de grande significado.

Se o Espiritismo começou com a curiosidade (causada pela estranheza dos fenômenos) e passou para a fase do raciocínio e da filosofia, é chegado o terceiro momento: da aplicação e das conseqüências. Já superamos a etapa da fé cega e chegamos ao porto seguro da fé raciocinada, sob as claridades inegáveis de um novo tempo. Não basta conhecer o Evangelho; é preciso praticá-lo. Não é suficiente ter os exemplos de Jesus na memória; é imprescindível inscrevê-los no coração e segui-Lo, além dos limites do tempo...
BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo Xavier, F. C. - Roteiro

B) O ESPIRITISMO COMO CONSOLADOR PROMETIDO

Próximo de partir para a Espiritualidade, Jesus promete aos seus discípulos que lhes enviará um outro Consolador, o Espírito da Verdade, o Parácleto, que haveria de ensinar todas as coisas e lembrar o que ele dissera (Jô, 14:15-17 e 26; 16:7-14). No tempo determinado, o Espiritismo veio cumprir aquela promessa do Divino Mestre, revelando ao homem as leis que regem os fenômenos, antes tidos como sobrenaturais ou milagrosos.

O Espiritismo, ou o Consolador Prometido, surge no horizonte terrestre, em meados do séc. XIX, como a Terceira Revelação. No século XIII ª C., Moisés trouxe para a Humanidade a Primeira Revelação, materializando a idéia do Deus Único ( já ensinada por Abrão, o grande patriarca hebreu, cerca de 600 anos antes). Moisés promulgou a lei do Monte Sinai, lançando os fundamentos da verdadeira fé, como grande médium que era. Como homem, foi o legislador eficiente, que organizou a sociedade da época, procurando livrá-la dos erros do politeísmo.

Após Moisés, veio o Cristo, encarnando a Segunda Revelação, e acrescentou à essência dos ensinamentos mosaicos a idéia da vida futura, estranha ao contexto do Pentateuco, bem como as penas e recompensas que esperam o homem depois da morte. Jesus faz encarar a divindade de um ponto de vista totalmente novo: “não é mais o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado”. (A Gênese, Cap. I, item 23) Jesus, então, resume o Decálogo num mandamento maior – o amor a Deus, acima de todas as coisas – e num menor, semelhante àquele – o amor ao próximo – e estabelece assim as bases da Religião Cósmica (Universal).

A Doutrina dos Espíritos, como Terceira Revelação, é o Cristianismo Redivivo. A revelação espírita possui um duplo caráter, visto que participa, ao mesmo tempo, da revelação divina e da revelação científica, as duas vias que levam o homem ao verdadeiro conhecimento. Nas palavras de Kardec, “o que caracteriza a revelação espírita é que sua origem é divina, que a iniciativa pertence aos Espíritos e que sua elaboração é o resultado do trabalho do homem”.

O Espiritismo, então, parte das próprias palavras de Cristo (da mesma forma que este muitas vezes remeteu seus discípulos às palavras de Moisés), sendo uma conseqüência direta de sua doutrina. À idéia vaga da vida futura, acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos cerca e povoa o espaço. Define os laços que unem o espírito ao corpo. Fundamenta-se no princípio da reencarnação. E estabelece as conseqüências morais da conduta humana frente às leis divinas.

O Espiritismo, assim, como uma doutrina de conhecimento, chega no momento em que a Humanidade está melhor preparada e a Ciência encontra-se organizada e pronta para dar sustentação ao fenômeno espírita, que, sem ela, ficaria sem apoio e exame. Se tivesse surgido antes das descobertas científicas dos séculos XVII e XVIII, a ação da Espiritualidade fatalmente estaria condenada ao fracasso.

A Doutrina Consoladora mostra ao homem que a causa dos seus sofrimentos, muitas vezes, está em existência anteriores; que a Terra, no seu atual estágio, é um mundo de expiação e provas; que Deus, soberanamente justo e bom, a ninguém castiga, de sorte que as aflições vividas pela criatura humana conduzem à cura dos seus males, assegurando-lhe a felicidade nas existências futuras.

O Espiritismo, por isso, no seu tríplice aspecto (de Ciência, Filosofia e Religião), responde aos mais diversos questionamentos humanos, fazendo o homem compreender de onde vem, para onde vai e o que está fazendo na Terra; enfim, desvela-lhe sua natureza, sua origem e sua destinação, preparando-o para viver melhor suas próximas encarnações.

Finalmente, revela o conceito mais avançado de Deus: Inteligência Suprema e causa primária de todas as coisas. Esclarece que não podemos conhecer a natureza íntima do Criador, mas aponta alguns de seus atributos, que nos mostram sua justiça e sua bondade, presentes em toda a Criação.
BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - A Gênese.

C) OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA

“O Reino dos Céus é semelhante a um homem, pai de família, que ao romper da manhã saiu a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E tendo feito com eles o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Saiu, ainda, pela terceira hora, e viu estarem outros na praça, ociosos. E disse-lhes: ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu, porém, outras vezes, pela sexta e pela nona hora do dia; e fez o mesmo.

E tendo ainda saído à undécima hora achou outros que lá estavam, também desocupados e lhes disse: por que estais vós aqui o dia todo, ociosos? Responderam-lhe eles: porque ninguém nos assalariou. Ide então vós também para a minha vinha. Porém, lá no fim da tarde, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: chama os trabalhadores e paga-lhes o jornal, começando pelos últimos e acabando nos primeiros. Tendo chegado, pois, os que foram ajustados na hora undécima, recebeu cada um o seu denário.

E chegados também os que tinham ido primeiro , o seu denário. E chegados também os que tinham ido primeiro julgaram que haviam de receber mais; porém também estes não receberam mais do que um denário cada um. E ao recebê-lo, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes, que vieram por último, não trabalharam senão uma hora e tu os igualastes conosco, que aturamos o peso do dia e do calor. Porém ele, respondendo a um deles, lhe disse:
Amigo, eu não te faço agravo; não concordaste comigo no preço de um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te, que eu de mim quero dar também este último tanto como a ti. Não é licito fazer o que quero? Acaso teu olho é mau porque eu sou bom?

Assim, os últimos, serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, pois muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”. (Mateus, 20:1-16. Ver também Mt, 22:1-14).
”Parábola da festa de Núpcias”. Consideramos que nesta parábola, entre outras coisas, o Mestre aproveita para mais uma vez admoestar os homens sobre o seu inveterado costume de reparar sempre demais nas coisas que dizem respeito aos outros do que cuidar das que lhes são próprias. Estamos sempre prontos para superavaliar o nosso próprio mérito e subestimar o merecimento alheio e parece-nos injustiça que os outros recebam mais ou tanto quanto nós por um serviço que, na nossa opinião, executamos tão bem ou melhor do que eles.
Avaliando o nosso próprio valor, somos invariavelmente levados a exagerá-los perante o mundo, em detrimento do valor real que muitas vezes possui o nosso semelhante. Por isso, Jesus, conhecedor profundo de nossas fraquezas, ministra-nos lições que nos alertam e nos obrigam a considerar melhor o nosso procedimento, ajudando-nos a aceitar sem revoltas e sem murmurações tudo o que nos couber na vida, pois recebemos sempre o que melhor nos serve e de acordo com o nosso merecimento.

As reiteradas vezes que o pai de família, durante as várias horas do dia, desde o amanhecer até a última hora, sai, para convidar e assalariar novos trabalhadores, devem significar para nós a constância com que somos chamados a realizar a nossa tarefa, e o pagamento, sempre de acordo com o nosso esforço, perseverança e dedicação, nem sempre proporcional ao tempo gasto para executá-la, simboliza as conquistas definitivas que vamos fazendo, em busca de nosso aperfeiçoamento no caminho da evolução.
As referências que notamos no texto evangélico, sobre a hora terceira, hora sexta e hora nona, correspondem, respectivamente, de acordo com a divisão do dia usada naquele tempo, às nossas atuais 9 horas, 12 horas e 15 horas do dia, sendo ainda, a undécima hora deles igual às 17 horas de hoje.

Em face do orgulho que caracterizava as classes elevadas dos judeus daquela época, objetivava o Mestre com a sua Doutrina, abater aquele sentimento mau, ao mesmo tempo que animava os esforços das classes menos favorecidas, enchendo de esperanças e de coragem os pecadores que se arrependiam, mostrando-lhes, ainda, que a questão não era de classe, nem de culto ou de nacionalidade, mas sim de trabalho para obter merecimento recompensado e encorajado, igualmente, os trabalhadores que tardiamente adquiriam o conhecimento das verdades evangélicas.

Com muito mais propriedade, ainda, pode a parábola ser explicada através da Lei da Reencarnação, sendo então fácil aceitarmos a aparente desproporção da paga, visto tratar-se no caso, de caminheiros da eternidade em diferentes estágios evolutivos, uns mais e outros com menos realizações trazidas do passado e portadores, portanto, de necessidades diferentes.

Da mesma forma se esclarece porque haverá primeiros que serão últimos e últimos que serão primeiros, pois o que decidirá será a maneira como caminharmos, isto é, se nos esforçamos para frente, em linha reta, seremos dos primeiros e, no caso contrário, se tomarmos atalhos tortuosos, seremos dos últimos, não obstante pudéssemos ter sido dos primeiros, a iniciar a marcha e a adquirir conhecimentos.
Igualmente, muitos serão chamados de cada vez e todos serão chamados no curso dos tempos, mas, como é sempre muito grande o número de recalcitrantes e retardatários em relação aos obedientes e diligentes, acontece que poucos são os escolhidos de cada vez.

BIBLIOGRAFIA: Xavier, F. C - Roteiro

QUESTIONÁRIO:

1 - Qual a missão do Espiritismo?
2 - Qual a importância da literatura espírita?
3 - Na sua opinião, como está o Espiritismo na atualidade?
4 - Sinteticamente, quais são as três grandes revelações?
5 - Por que o Espíritismo é o Consolador Prometido?
6 - O que caracteriza a revelação espírita?
7 - Quem são os trabalhadores da última hora?
8 - O que significa "os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos"?
9 - Na sua opinião, qual o principal ensinamento da parábola?











12ª  AULA: CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO
A) - VISITAS ESPÍRITAS ENTRE VIVOS - TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO

Visitas espíritas entre vivos: O Espírito, durante o sono, recobra em parte a sua liberdade, ou seja, ele se afasta do corpo. A faculdade que a alma possui de emancipar-se e de desprender-se do corpo durante a vida física, pode dar lugar a fenômenos análogos aos que os Espíritos desencarnados produzem. Enquanto o corpo acha-se mergulhado em sono, ou mesmo em estado de vigília, o Espírito, transportando-se a diversos lugares, pode tornar-se visível e aparecer a outras pessoas.

Do princípio de emancipação da alma durante o sono parece resultar que temos, simultaneamente, duas existências: a do corpo, que nos dá a vida de relação exterior, e a da alma, que nos dá a vida de relação oculta (..) (LE, perg. 413). No entanto, no estado de emancipação, a vida do corpo cede lugar à da alma, mas não existem, propriamente falando, duas existências; são antes duas fases da mesma existência, porque o homem não vive de maneira dupla (LE, perg. 413).

O perispírito, tanto do encarnado quando do desencarnado, é sempre um envoltório semimaterial, o qual, se visível, tem uma aparência tão idêntica à real, que se torna possível a muitas pessoas estar com a verdade quando dizem ter visto o encarnado, ao mesmo tempo, em dois pontos diversos. Através dos sonhos, o homem tem a oportunidade de encontrar-se com amigos e parentes. Os laços de amizade, antigos ou novos, reúnem assim, frequentemente, diversos Espíritos que se sentem felizes em se encontrar (LE, perg. 417). Essas visitas são significativas, na medida em que fica, ao despertar, uma vaga intuição, que é origem de certas idéias que surgem espontaneamente.

Transmissão oculta do pensamento: Todo pensamento irradia as características do estado mental que o envolve - felizes ou menos felizes. Emitindo uma idéia, o homem passa a refletir as que se assemelham, mantendo-o em comunicação com todas as mentes que tenham o mesmo modo de pensar. Da mesma forma que os indivíduos influenciam, são também influenciados. Pelos desejos, pela fixação de seus interesses, emitem e captam certa ordem de idéias em regime de influência recíprocas. É nesse regime que, durante o sono, os Espíritos comunicam entre si suas idéias. Portanto, mesmo que a "mente" do homem não queira, o Espírito revela a outros o objeto das suas preocupações.

O Espírito não está encerrado no corpo como numa caixa: ele irradia em todo o seu redor; eis por que poderá comunicar-se com outros Espíritos, mesmo no estado de vigília, embora o faça mais dificilmente (LE, perg. 420).Cada Espírito, segundo a Codificação, é uma unidade indivisível, que pode irradiar seus pensamentos para diversos pontos, sem que se fracione para tal efeito. É nessa transmissão oculta de pensamentos que alguns Espíritos têm, muitas vezes, as mesmas idéias, sem necessidade da exteriorização da linguagem falada; é assim que expressam-se na linguagem dos Espíritos.

B) - SONO E OS SONHOS

O sono: O sono, para o corpo físico, é comparável à morte, aparente e incompleta; e por isso diz-se comumente que o homem morre todos os dias. Não obstante estar ligado ao corpo durante toda a vida, o Espírito não está tão apriosionado a ponto de não poder desfrutar de uma liberdade relativa; quando o corpo dorme, surgem os sonhos, frestas amplas, através das quais se tem a visão de cenas da Espiritualidade.

O sono é uma função normal de defesa do organismo físico, pois é, através dele que se recuperam as energias despendidas na vigília. O sono é, portanto, um fenômeno físico que, libertando parcialmente a alma do corpo, propicia o sonho. Na realidade, um terço de sua vida o homem passa dormindo. Durante o sono, o Espírito não fica em repouso; os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não necessita do Espírito. Então ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos (LE, perg. 401).

Por efeito do sono, os seres encarnados e desencarnados podem, portanto, manter um contato; a isto pode-se chamar de emancipação da alma. Ficando o corpo inativo, o Espírito se desprende e passa a viver a vida espiritual, havendo, portanto, grande similitude com o estado em que estará de maneira permanente após a morte (LE, perg. 402).

No momento em que o Espírito se desprende do corpo, o laço fluídico que o prende à vida carnal alonga-se, acompanhando-o para onde for, pois esse laço somente se rompe definitivamente quando da extinção absoluta da atividade do corpo; ao passo que enquanto o corpo vive, o Espírito, a qualquer distância que esteja, retorna instantaneamente, sempre que a sua presença se fizer necessária. O sono é, portanto, o prelúdio do sonho, quando o Espírito emancipado vai procurar os que lhe são afins, tudo dependendo da sua superioridade ou inferioridade.

Os sonhos: Deste modo, o sonho é a lembrança do que o Espírito vive durante o sono. Nessas horas de libertação, o Espírito adquire mais consciência, podendo ter visões do passado e previsão de coisas que acontecerão no futuro, sendo-lhe viável um contato mais estreito com os Espíritos de ordem mais elevada, desde que ele tenha uma vida equilibrada e moralizada, como também com Espíritos menos puros, se se tratar de um indivíduo de maus instintos ou que vive mergulhado nas coisas deprimentes do mundo.

No entanto, não recordamos sempre dos sonhos, porque o corpo é de matéria pesada e grosseira e dificilmente conserva as impressões recebidas pelo Espírito, mesmo porque o Espirito não as percebeu pelos órgãos do corpo (Le, perg. 403). Pode-se classificar os sonhos em duas categorias distintas: sonhos do subconsciente e sonhos reais ou inteligentes.

Sonhos do subconsciente: São reproduções de idéias e pensamentos, impressões que afetam a mente na vigília, fatos comuns da vida normal. Entram nessas espécies de sonho o temperamento imaginativo e seus recalques. O que caracteriza esses sonhos são os aspectos confusos e nebulosos, a falta de coerência e de nitidez. O Espírito vê aquilo que deseja, porque vai procurá-lo. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma está mais ou menos sob a influência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente de suas idéias terrenas, donde resulta que as preocupações do estado de vigília podem dar ao que se vê a aparência do que se deseja, ou do que se teme. (LE, perg. 405).

Portanto, este tipo de sonho tem origem no estado psicológico do homem, ao transpor para as imagens oníricas seus desejos reprimidos, suas preocupações e seus temores.

Sonhos reais ou inteligentes: São reproduções daquilo que se vê, ouve e sente, o contato que se faz com pessoa ou coisa desses lugares; consiste em visões perfeitas, diretas e objetivas. Isto, naturalmente, para os Espíritos encarnados mais elevados. Para a grande maioria dos Espíritos que ainda não se desprendeu completamente das coisas materiais, prevalece a lei que rege o planeta, mantendo-se o véu da obscuridade.

É por isto que nem sempre o homem se lembra desses sonhos, pois que ainda tem a alma em desalinho e não lhe resta mais do que a lembrança da perturbação que acompanha e não lhe resta mais do que a lembrança do que o preocupa em estado de vigília. No entanto, quando esses sonhos são lembrados revelam nitidez, clareza, lógica e colorido, características dos sonhos reais. Este fato pode acontecer com relação aos Espírito encarnados mais elevados, que podem ter uma clarividência mais definida porque guardam na memória, ao voltarem, os acontecimentos verificados, quer digam respeito à existência presente ou às vidas passadas, ou ao que lhes vai suceder no futuro.

Para ilustração desses sonhos lúcidos, pode-se mencionar o sonho de Joana D'Arc, de Jacó e dos antigos profetas judeus; são lembranças da vida espiritual que a alma vê, inteiramente desprendida do corpo físico. Eles são verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito, mas que, frequentemente, não têm relação com o que se passa na vida corpórea. Muitas vezes, ainda, como já dissemos, são uma recordação. Podem ser, enfim, algumas vezes, um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa no momento em outro lugar, a que a alma se transporta (LE, perg. 404).

C) OS FALSOS CRISTOS E OS FALSOS PROFETAS

Entre as advertências do Cristo para a nossa necessidade de oração e vigilância, está a questão dos falsos Cristos e dos falsos profetas. Estes são os que “exploram, em proveito de sua ambição, de seus interesses e de seu desejo de dominação, certos conhecimentos que possuíam, para conseguirem o prestígio de um poder supostamente sobre-humano ou de uma pretensa missão divina”.
Portanto, é necessário manter-se atento, vigilante, nos dias de hoje, para não nos deixarmos levar pelo erro, pela mentira, pela hipocrisia. Há muitas criaturas que se utilizam de pretensos “prodígios” para captar a confiança e a simpatia dos que deles se aproximam e auferir vantagens pessoais. Indivíduos que têm mel nos lábios e fel no coração, propagam deliberadamente idéias fantásticas, miraculosas, como se fossem verdadeiros milagres, fato que se repete há muito tempo.

“São esses os falsos cristos e os falsos profetas. A difusão dos conhecimentos vem desacredita-los, de maneira que o seu número diminui, à medida que os homens se esclarecem. O fato de operarem aquilo que, aos olhos de algumas pessoas, parece prodígio não é, portanto, nenhum sinal de missão divina. Esses prodígios podem resultar de conhecimentos que qualquer um pode adquirir, ou de faculdades orgânicas especiais, que tanto o mais indigno como o mais digno podem possuir. O verdadeiro profeta se reconhece por características mais sérias, exclusivamente de ordem moral”.

Embora ás palavras cristos e profetas sejam tradicionalmente do âmbito religioso, não se pode negar que nas mais diversas atividades humanas, como a Ciência, o comércio, a literatura, podemos encontrar criaturas caracterizadas dessa mesma forma: indivíduos revestidos dos mais nobres títulos do saber humano, que inescrupulosamente semeiam o desespero, a descrença, a desilusão.
As palavras de Jesus aplicam-se a todos aqueles que, podendo conduzir seus semelhantes para a glória do bem e da felicidade, preferem os falsos caminhos, jamais percorridos pelos verdadeiros cristãos. Não podemos nos enganar, pois “cada criatura traz na fronte, mas sobretudo nos atos, a marca de sua grandeza ou de sua decadência”.

Deve-se, portanto, analisar as obras de cada um, para identificar as virtudes que as embasam: é importante que ali haja “a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia todos os corações; e, se confirmando as palavras, lhes juntam os atos, então podereis dizer: Estes são realmente os enviados de Deus”.

O Espiritismo, revelando uma outra categoria de falsos cristos e de falsos profetas - que são justamente os Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos ou pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e se disfarçam com nomes veneráveis-, confirma a advertência do apóstolo João, em sua primeira epístola: “Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas que se levantarão no mundo”.(4.1).
Se a morte não santifica ninguém, como aprendemos na Doutrina, é certo que no Plano Espiritual vamos encontrar Espíritos nas mais diversas condições evolutivas morais e intelectuais ( bons e maus, amigos e inimigos do bem, sábios e ignorantes, sinceros e hipócritas). É preciso adotar um critério seguro para avaliar a comunicação e saber se provém de um bom ou de um mau Espírito.
Como dizia Jesus, pelo fruto se conhece a árvore; toda árvore boa dá bons frutos e toda má árvore dá maus frutos. É pela obra, então, que se conhece seu autor; mas o Cristo ia além, enfatizando: “Conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres” (Jô, 8:32). Daí a sempre atual exortação do Espírito da Verdade: “amai-vos e instruí-vos”, pois através do estudo sério e metódico, estaremos melhores preparados para evitarmos o engano e a fraude. A Doutrina Espírita é uma doutrina de conhecimento e através dela, se bem estudada e bem vivenciada, nos imunizamos contra inúmeros males, inclusive os perpetrados pelos falsos cristos e falsos profetas.

BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. XXI

QUESTIONÁRIO:

1 - O que permite ao Espírito tornar-se visível durante o sono do corpo?
2 - Pode-se dizer que durante o sono a alma possui duas existências?
3 - Como se explica a origem de certas idéias que surgem espontaneamente?
4 - O que acontece com o Espírito durante o sono do corpo?
5 - Por que nem sempre nos lembramos claramente dos sonhos?
6 - Estabeleça a distinção entre os sonhos do subconsciente e os sonhos reais?
7 - Quem são os falsos cristos e falsos profetas?
8 - Em que campo das atividades humanas se pode encontrá-los naturalmente?
9 - Por que não se pode crer em todos os Espíritos?






11ª  AULA: CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO
A) EUTANÁSIA (À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA)
Eutanásia é o ato pelo qual subtrai-se a vida de alguém, com o pretexto de evitar-lhe sofrimentos, bem como aos seus familiares.
Desde a época de Esparta, na antiga Grécia, com seu culto ao corpo, eram condenados os inaptos, os enfermos. Gladiadores da Roma Antiga ou guerreiros na Idade Média, eram sacrificados sob pretexto de poupá-los da agonia.
Séculos se passaram e alguns esqueceram do juramento de Hipócrates (460/377 AC): “A ninguém darei, para agradar, remédio mortal, nem conselho que o conduza à destruição”.
A ciência médica tem a finalidade de curar, de sanar dores. Tem como dever, a preservação da vida em todos e qualquer caso.
O código de Ética Médica, prescreve, como dever do médico, o cuidado de preservar a vida humana e proíbe ao mesmo a utilização de meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal. (Cap. V. art. 66).

Alguns defensores da Eutanásia argumentam quanto à inutilidade do enfermo e o custo de sua manutenção à sociedade. Ninguém é inútil. Todos temos responsabilidades quanto à preservação da vida, dada por Deus.
A morte como terapia destrói a razão de ser da Medicina (manter a vida). Argumento decrépito é aquele dos que defendem a morte dos idosos. Total falta de respeito àqueles que deram a vida física a outros. E, como esse ato indigno, argumentam com a dignidade do morrer. “Se fossem dignos, viveriam defendendo a dignidade de viver”.

Como definir a morte? Nas últimas décadas mudou-se a maneira de considerar a morte. Várias interrogações de ordem médica, ética e jurídica, foram levantadas com o desenvolvimento das técnicas de transplantes e da possibilidade de subsistência artificial das funções fisiológicas fundamentais. A antiga concepção da morte, entendida como um momento preciso de trespasse, e hoje interpretada como desintegração de um indivíduo, que se realiza em vários níveis e em várias etapas. Daí, a dificuldade de encontrar sinais clínicos seguros de falecimento. A passagem da vida à morte envolve uma série de acontecimentos; não é uma mutação instantânea. Após discussões éticas e estudos técnicos, concluiu-se que a morte encefálica é o critério para caracterização e constatação da morte do indivíduo.
Mas, a desencarnação significa o desligamento do Espírito daquele corpo em processo mortal, podendo acontecer desde momentos antes da consumação do óbito, até tempos depois, como em caso de suicidas. E a Doutrina Espírita vem nos ensinar questões de maior importância.
Assim, não é a partida do Espírito. Cada Espírito é sempre o mesmo indivíduo antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase da sua existência. (Gênese, Cap. XI). Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. V, item 28), Allan Kardec recebe de São Luís, a resposta à pergunta: “Um homem agoniza, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que seu estado é sem esperança. É permitido poupar-lhe alguns instantes de agonia, abreviando-lhe o fim?”.“Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir um homem até à beira da sepultura, para em seguida, retirá-lo, com o fim de fazê-lo examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? A que extremos tenha chegado um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que chegou a sua hora final. A ciência, por acaso, nunca se enganou em suas previsões?
“Bem sei que há casos em que se pode considerar, com razão, como desesperados. Mas se não há nenhuma esperança possível de retorno definitivo à vida e à saúde, não há também inúmeros exemplos de que, no momento do último suspiro, o doente se reanima e recobra suas faculdades por alguns instantes? Pois bem: essa hora de graça que lhe é concedida, pode ser para ele da maior importância, pois ignorais as reflexões que seu Espírito poderia ter feito nas convulsões da agonia, e quantos tormentos podem ser poupados por um clarão de arrependimento.

“O Materialista, que só vê o corpo, não levando em consideração a existência da alma, não pode compreender estas coisas. Mas o Espírita, que sabe o que se passa além-túmulo, conhece o valor do último pensamento. Aliviai os sofrimentos o mais que puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que seja em apenas um minuto porque esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro”.
Emmanuel, no texto intitulado “Eutanásia e Vida”, do livro Diálogo dos Vivos, observa que “o homem comum não conhece a face psicológica dos nossos irmãos suicidas e homicidas conscientes, ou daqueles outros que conscientemente se fazem pesadelos ou flagelos de coletividades inteiras. Devidamente reencarnados, em tarefas de reajuste, não mostram senão o quadro aflitivo que criaram para si próprios, de vez que todo Espírito descende das próprias obras e revela consigo aquilo que fez de si mesmo.
“Diante das crianças em prova ou dos irmãos enfermos imaginados irrecuperáveis, medita e auxilia-os.”
“Ninguém, por agora, nas áreas do mundo físico, pode calcular a importância de alguns momentos ou de alguns dias, para o Espírito temporariamente internado num corpo doente ou disforme”.

O Livro dos Espíritos, em sua questão 944, coloca: “O homem tem direito de dispor da própria vida?
“-Não. Somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei”.
Emmanuel, no livro Religião dos Espíritos, encerra o texto “Sofrimento e Eutanásia”, dizendo: “Lembra-te de que, valorizando a existência na Terra, o próprio Cristo, arrancou Lázaro às trevas do sepulcro, para que o amigo dileto conseguisse dispor de mais tempo para completar o tempo necessário à própria sublimação”.
BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos, Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo
Kardec, Allan - A Gênese,Cajazeiras, Francisco - Eutanásia à Luz do Espiritismo, Xavier,F. C. - Diálogo dos vivos, Xavier,F. C. - Religião dos Espíritos
B) CREMAÇÃO E TRANSPLANTES
Uma vez ocorrida à morte, que destino dar ao corpo, que já não pode entreter a vida? Enterra-lo ou cremá-lo, são as alternativas mais comuns. Agora, está em evidência a questão da doação e transplantes de órgãos, que ajudam a prolongar a vida daqueles que dependem desse gesto para sua sobrevivência. Pode-se, até mesmo, pensar na doação de todo o corpo para estudos científicos, mormente nos cursos de Medicina, como uma terceira hipótese. Analisemos, porém, as duas primeiras alternativas, à luz da Doutrina Espírita.

Pois bem, diz-se que os gauleses abandonavam os corpos de seus soldados mortos no campo de batalha, para espanto dos outros povos que com eles combatiam, visto que só se importavam com a alma. O costume, no Ocidente, porém, é de sepultar o corpo, no processo também chamado de inumação (do latim in-em húmus-a terra, o chão). Trata-se na verdade de um hábito muito antigo que remonta à era pré-histórica, do último período quando, há cerca de 30.000 anos, criou-se todo um ritual de sepultamento, que demonstra até mesmo que o homem daquele período, de alguma forma, já pensava na vida d’além-túmulo.
Mas, segundo estudos arqueológicos, foi no período neolítico (a idade da pedra polida), por volta de 7.000 a 5.000 anos atrás, que o homem começou a incinerar os corpos de seus mortos, em um ou outro agrupamento. E, mais recentemente, na idade do bronze e do ferro, passou-se à disseminação mais ampla desse costume. Assim surgiu a cremação, costume presente em muitos povos do Oriente, principalmente Índia e Japão. No Ocidente, porém, ela ainda é praticada como uma opção, por falta de espaço nos cemitérios existentes e pelo nosso apego ao corpo material.
A cremação, todavia, nada tem de prejudicial ao Espírito, visto que apenas o corpo é consumido pelo fogo, depois de observados todos os trâmites legais para o ato e o tempo de espera, que varia de 24 a 72 horas, em média. O processo de desligamento do Espírito, em relação ao corpo biológico, tem início, como revelaram os Espíritos a Kardec, algum tempo antes do suspiro final e se faz gradualmente. Nunca é uma separação brusca, pois se assemelha à união do Espírito ao corpo, no momento da encarnação, que se opera célula a célula.

O que é preciso ter em mente para a cremação, em linhas gerais, é o apego do indivíduo á matéria, sua formação cultural e religiosa, isto é, a maneira como encara a morte. Na verdade, o corpo sem vida orgânica não transmite nenhuma sensação física ao Espírito e qualquer reflexo que o Espírito sinta, em razão da cremação, será de ordem moral e não material. É certo que alguns Espíritos ficam mais tempo “ligados” ao corpo que deixaram, muitas vezes acompanhando até mesmo o processo de sua decomposição. Contudo, o liame é apenas mental e não físico, de sorte que qualquer sensação que lhes advenha daí, só pode ser moral ou psíquica.

Diante disso, torna-se fundamental a preparação para a morte, como faziam os antigos egípcios, desde o nascimento do ser. É necessário um esforço de auto-renovação, assim como a prática desinteressada do bem. Além disso, um certo arrebatamento psíquico e um decidido desapego antecipado dos laços materiais serão essenciais no momento da opção pela cremação, não deixando dúvidas quanto ao que se deve fazer do corpo após a morte.
No que diz respeito ao transplante, também há registros muito antigos dessa prática. Na Índia, há mais de 2.000 anos, praticavam-se transplantes autógenos, isto é, com partes do corpo do próprio indivíduo, em relação a nariz, orelhas e lábios. Em Alexandria, no Egito, lesões na face e outras partes do corpo eram corrigidas com transplantes de pele.
A atual legislação brasileira, ou seja, a Lei nº. 9.434, de 04.02.97, regulamentada pelo Decreto nº. 2.268, de 30.0.97, dispõe acerca da doação de órgãos e transplantes, permitindo a retirada de órgãos de doadores presumidos, que seriam aqueles que não declararam expressamente seu desejo de não os doar. Já se pensa, porém, em modificar tal previsão legal, para que a retirada de órgãos se faça apenas com a autorização prévia da família do morto, se este não se dispôs a fazê-lo em vida.
A questão começou a ganhar importância, nos tempos atuais, com o primeiro transplante de coração realizado pelo Dr. Cristian Barnard, na cidade do Cabo, na África do Sul, nos idos de 1967, surgindo daí a discussão dos aspectos científicos, ético e moral que envolvem a questão. Enfrentou-se, em primeiro lugar, a questão da rejeição do organismo do receptor em relação ao órgão transplantado. A Ciência então, desenvolveu-se novas técnicas e drogas anti-rejeição bem sucedidas na maioria dos casos.
Hoje, porém, as preocupações da sociedade localizam-se mais nos aspectos éticos da questão, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico de morte. Do ponto de vista científico, é a morte encefálica que define o quadro de irreversibilidade de uma enfermidade, levando em pouco tempo à falência múltipla dos órgãos do indivíduo. Nesse caso, não há qualquer esperança de retorno à vida. E a possibilidade de erro de diagnóstico é remotíssima, em face do progresso da Ciência Médica, que tem por meta aplicar todos os meios ao seu alcance para dilatar a vida.
No momento em que é diagnosticada a morte encefálica, faz-se necessária a retirada dos órgãos passíveis de aproveitamento no processo de transplante, pois, “no estágio atual da Ciência, a cessação irreversível de todas as funções vitais torna inviável o aproveitamento de órgãos para transplante, principalmente no que diz respeito a órgãos vitais”, até porque é o encéfalo quem comanda as demais funções do organismo.
A Doutrina Espírita define a causa da morte como a exaustão dos órgãos”(L.E. 68). E a morte, propriamente dita, bem definida por Kardec, “é apenas a destruição do corpo” (L.E.. 155a). Contudo, enquanto o corpo puder servir aos fins para os quais foi criado, é sempre louvável a doação e o transplante, até porque não acarreta nenhum dano ao perispírito do doador, que passa para o mundo espiritual íntegro. Aliás, só benefícios lhe traz o ato, mormente pela alegria e pela gratidão do receptor e de seus familiares, em relação ao prolongamento de sua vida. Trata-se de um ato de caridade: um gesto de amor ao próximo, acima de tudo.
Kardec lembra que “as descobertas da ciência glorificam Deus, em lugar de O rebaixar; elas não destroem senão o que os homens edificam sobre idéias falsas que eles fizeram de Deus” (A Gênese, cap I, item 55). A Ciência busca continuamente a melhoria da vida do homem na Terra. E os transplantes de órgãos são um exemplo disso. Ademais, não cai uma folha de uma árvore sem que se cumpra a vontade de Deus. Assim é que nos cabe fazer a nossa parte no auxílio ao próximo, à luz do Evangelho de nosso Divino Mestre Jesus.

BIBLIOGRAFIA: Xavier, F. C. - Escultores da Alma - Lisso, Wlademir - Doação de Órgãos e Transplantes
C) A FÉ QUE TRANSPORTA MONTANHAS
“Quando voltou para onde estava o povo, chegou-se a ele um homem que, ajoelhando-se a seus pés, lhe disse: Senhor, tem piedade de meu filho que é lunático e sofre cruelmente; muitas vezes cai, ora no fogo, ora na água. Já o apresentei aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus respondeu: Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei entre vós?Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino.

E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino que ficou no mesmo instante curado. Então os discípulos vieram ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós expulsar esse demônio? Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé; pois, em verdade vos digo que, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis àquela montanha: Passa daqui para ali, e ela passaria; nada seria impossível. Não se expulsam os demônios desta espécie senão por meio da prece e do jejum”. (Mateus, XVII, 14 a 20).

Com pequenas variantes, esta passagem também é narrada por outros dois evangelistas, Marcos, no capítulo IX, versículos 14 a 28, e Lucas no capítulo IX, versículos 37 a 43. Da narrativa de Marcos consta o diálogo entre Jesus e o pai do menino que achamos interessante reproduzir:

“Há quanto tempo isto lhe sucede? O pai respondeu: Desde a infância; e o Espírito o tem muitas vezes lançado ora à água, ora ao fogo, para fazê-lo perecer. Se puderes alguma coisa, tem piedade de nós e socorre-nos. Jesus lhe disse: Se puderes crer, tudo é possível àquele que crê. Logo o pai do menino exclamou, banhado em lágrimas, Senhor, eu creio, ajuda a minha pouca fé”.

Muitas vezes, podemos encontrar nos Evangelhos referências claras e precisas de Jesus ao poder da fé, sendo comum depararmos com expressões semelhantes a esta: “A tua fé te curou”. Parece-nos que o Mestre dava, por essa forma, ensino e lições que deveriam ficar gravados na memória de todos os que presenciavam os fatos, além de séria advertência aos seus futuros seguidores.

Recordemos ainda que Jesus afirmou aos Apóstolos: “Quem crer em mim, fará o que eu faço e ainda fará mais”.(João, XIV,12). Da mesma forma, guardemos a observação feita por Jesus aos 72 discípulos, que, ao regressarem pela primeira vez da missão que lhes fora atribuída, cheios de alegria, diziam:”Senhor, até os demônios se nos submetiam em teu nome”; recomendou-lhes então o Senhor que “não se regozijassem por lhes estarem os espíritos submetidos, mas antes por estarem os seus nomes escritos nos céus”.(Lucas X, 20).

De tudo se depreende os amorosos cuidados do Mestre para com os seus seguidores, alertando-os sempre contra as tentações do orgulho, para que não se envaidecessem diante dos resultados que fossem obtendo no desempenho de suas missões, na cura e alívio dos sofrimentos.

Invariavelmente, todas as vezes que realizava as curas, Jesus salientava a fé e a confiança daquele que recebia o benefício e, a respeito das poucas curas levadas a efeito, em sua Terra, onde “apenas curou alguns poucos doentes”, Jesus “admirou-se da incredulidade deles”. (Marcos, VI, 5 e 6).

Assim, para ser obtida a cura, torna-se evidente a necessidade da colaboração do doente, isto é, o desejo sincero de ser curado, conjugado com a fé, confiança e vontade potente de quem vai operar em nome do Senhor, tudo isso aliado ainda à possibilidade cármica, em face da lei. Todas as doenças podem-se aliviadas, mas nem todas podem ser curadas.

A confiança nAs próprias forças nos torna capazes de executar grandes coisas, mesmo materiais, que não obteríamos, se não confiássemos em nós mesmos. As montanhas a serem removidas pela fé, referidas no Evangelho, devem ser, antes de mais nada, as montanhas de nossas imperfeições e inferioridades constituídas de má vontade, resistência, preconceitos, interesses materiais, egoísmo, fanatismo, paixões orgulhosas, etc...

A fé sincera e verdadeira é sempre calma, paciente e humilde. Deve ser cultivada pela moralização de nossos costumes; pela pureza de pensamentos, palavras e atos; pela crescente confiança na ilimitada bondade divina, para desenvolver dentro de nós a força magnética que nos possibilitará agir sobre o fluído universal e que, usada convenientemente, pela nossa vontade, é capaz de operar prodígios, sempre que é utilizada em benefício do nosso próximo.

Jesus disse aos discípulos que aquela espécie de espírito obsessor só sairia pela oração e pelo jejum. Devemos entender, então, que, através de uma fé fervorosa, vertida em sentida prece, que é pensamento puro, surto do amor, poderemos expeli-los, desde que estejamos em jejum, isto é, em condições morais satisfatórias de abstinência de pensamentos culposos, de sobriedade na satisfação de nossas necessidades e austeridade de proceder.

Nas palavras repassadas de sentimento daquele pai, que, banhado em lágrimas, diz: “Eu creio, Senhor, ajuda a minha pouca fé”, podemos sentir uma expansão de simplicidade e de humildade, pois certo do poder de Jesus para lhe atender à súplica, não se sentia ele próprio bastante forte na sua fé para merecer tal graça.

BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo
QUESTIONÁRIO:

1 - Que é a Eutanásia?
2 - Por que o homem não tem o direito de dispor da própria vida?
3 - Qual a resposta de São Luis, dada no Cap. V, ítem 28, do E.S.E., referente à Eutanásia?
4 - Que prejuízos pode trazer a cremação para o Espírito?
5 - O que significa a morte encefálica para a Ciência?
6- Como a Doutrina Espírita avalia a questão da doação e transplantes de órgãos?
7 - Qual o poder da fé?
8 - Qual outro sentido tem a palavra "montanha"?
9 - Na sua opinião, o que "Fé"?



CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO - 10ª aula


A) OBSESSÃO e DESOBSESSÃO

Na primeira linha das dificuldades práticas do Espiritismo deve-se colocar necessariamente a obsessão, que é o “domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas”, como bem o conceituou Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, item 237. Trata-se, portanto, de problema crucial no campo da fenomenologia espírita, no que diz respeito à influência oculta dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e as nossas ações, produzindo um conjunto de fenômenos designado genericamente por obsessão. Ela consiste na tenacidade de um Espírito do qual não se consegue desembaraçar (idem, n. 238).

Esse domínio parte sempre de Espíritos inferiores, já que os bons nunca exercem nenhum tipo de constrangimento sobre os demais: “Os bons aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os escutam, preferem retirar-se. Os maus, pelo contrário, agarram-se aos que conseguem prender. Se chegam a dominar alguém, identificam-se com o Espírito da vítima e a conduzem como se faz com uma criança”. Não se trata de um problema novo, visto que a Bíblia, no Velho e no Novo Testamentos, registra casos dessa natureza em seus livros.

Em virtude do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que este produz, podemos classificar esse conjunto de fenômenos como:
Obsessão simples: o Espírito malfazejo impõe-se a um médium, de forma desagradável, dificultando as comunicações com os Espíritos sérios ou com os de nossa afeição.
Fascinação: as conseqüências são muito mais graves, levando a vítima a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas, como sendo as únicas expressões da verdade. Além disso, pode arrastá-la a ações ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas.
Subjugação: ocorre “um envolvimento que produz a paralisação da vontade da vítima, fazendo-a agir malgrado seu. Esta se encontra, numa palavra, sob um verdadeiro jugo”, que pode ser moral ou corpóreo, levando o médium a atitudes absurdas ou aos atos mais ridículos que se possa imaginar, bem como a movimentos involuntários.

Trata-se, portanto, de um dos maiores escolhos da mediunidade, e um dos mais freqüentes, constituindo-se “um obstáculo absoluto à pureza e veracidade das comunicações”. A obsessão, via de regra, tem como causas gerais: problemas reencarnatórios; tendências viciosas; egoísmo excessivo; ambições desmedidas; aversão a certas pessoas; ódio; sentimentos de vingança; discussões e irritações; futilidades; apego ao dinheiro, etc...

Apesar do perigo da obsessão, que pode ser reconhecida por várias características, Kardec observa que não há nenhum inconveniente em ser médium, de vez que o Espiritismo pode servir de controle e preservar o médium do risco incessante a que se expõe. É preciso, para tanto, estudo e observação de certos cuidados para evitá-la ou tratá-la convenientemente, conforme o caso.

Assim é que, uma vez verificado o problema, há diversos meios de combatê-lo, variando de acordo com as características de que se revista a obsessão. Para a obsessão simples, que não passa de um fato desagradável para o médium, Kardec aponta duas medidas essenciais: provar ao Espírito que não foi enganado por ele e que será impossível deixar-se enganar. Deve-se, além disso, “apelar fervorosamente ao seu bom anjo e aos bons Espíritos que lhes são simpáticos, suplicando-lhes assistência”.
Na fascinação, há uma só coisa a fazer: convencer a vítima de que foi enganada e reverter a sua obsessão ao grau de obsessão simples, o que nem sempre é fácil, senão impossível, dada a própria postura do obsedado, refratário a qualquer conselho ou orientação. Quanto à subjugação corpórea, não se trata senão mediante a intervenção de uma terceira pessoa, por meio de magnetismo ou pela força da sua própria vontade.

Em todos os casos, as imperfeições morais do obsedado é que são freqüentemente um obstáculo à sua libertação. São elas que dão acesso aos Espíritos obsessores. “O meio mais seguro de livrar-se deles é atrair os bons pela prática do bem”.  A cura da obsessão, assim revela-se uma autocura, que implica: confiança em Deus e nas forças naturais; vigilância dos pensamentos, sentimentos e palavras; reformulação do conceito de si mesmo, mudança na maneira de encarar os semelhantes; manter a mente arejada e o pensamento sempre elevado; desenvolver a fé.

Jesus, no Evangelho, ao proceder a uma cura, advertia o beneficiado: “Vá e não peques mais, para que te não suceda coisa pior”(Lc 5:14). Está aí a necessidade de cada um de reforma interior e de evangelização de suas atitudes. Nossas provas não podem ser suprimidas pelos Espíritos, mas, na medida das oportunidades, devemos invocar o auxílio da Espiritualidade Superior: “Buscai e achareis; pedi e obtereis; batei e abrir-vos-á”, enfatizava o Divino Mestre (Mt 7:7), sintetizando nossa absoluta necessidade de oração e de vigilância permanentes.

B) PERDÃO DAS OFENSAS

Os ensinamentos de Jesus tinham um endereço certo: o coração humano. Mais do que à inteligência, o Divino Mestre falava ao sentimento. A resposta do Cristo a Pedro deve aplicar-se a cada um de nós, indistintamente: “Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas elas vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmos, o qual nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias; serás doce e humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas”. (E.S.E.Cap. X, item 14).

É essencial a prática do perdão irrestrito, da indulgência sem limite, da caridade desinteressada, da renúncia de si mesmo; em última análise, o exercício do amor ao máximo que pudermos, para que estejamos em condição de receber o perdão a que Jesus se refere na oração dominical.

“Ide, meus bem-amados, estudai e comentai essas palavras que vos dirijo, da parte d’Aquele que, do alto dos esplendores celestes, tem sempre os olhos voltados para vós, e continua com amor a tarefa ingrata que começou há dezoito séculos. Perdoai, pois, aos vossos irmãos, como tende necessidade de ser perdoados. Se os seus atos vos prejudicaram pessoalmente, eis um motivo a mais para serdes indulgentes, porque o mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal, e não haveria nenhum em passar por alto os erros de vossos irmãos, se estes apenas vos incomodassem de leve”. (E.S.E., Cap. X, item 14).

O perdão irrestrito ensinado por Jesus não, só se refere às vezes em que devemos exercitá-lo, mas também em relação a quem se deve externá-lo. De fato, o Cristo recomendou o perdão também aos nossos inimigos, o que representa uma superação das próprias imperfeições. Se desejamos que nossas ofensas sejam perdoadas, não podemos ser intransigentes, duros, exigentes. Mesmo porque se fizermos um exame sincero de consciência, talvez cheguemos à conclusão de que fomos nós mesmos que provocamos a ofensa. Muitas vezes, uma palavra mal empregada, uma opinião dada em momento inoportuno, uma reação mais ríspida, um gesto mal recebido, pode degenerar numa antipatia, numa inimizade, numa aversão ferrenha.

“Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muito dizem do adversário: “Eu lhe perdôo”, enquanto, interiormente, experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe acontece, dizendo-se a si mesmo que foi bem merecido. Quando dizem: “Perdôo”, e acrescentam: ‘mas jamais me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da vida!’ É esse perdão segundo o Evangelho? Não.
O verdadeiro perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado. É o único que vos será levado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências; sonda o fundo dos corações e os mais secretos pensamentos e não se satisfaz com palavras e simples fingimentos. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade. Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais do que pelas palavras.”, conforme a sábia mensagem do Apóstolo Paulo (E.S.E. Cap. X, item 15).

Portanto, é preciso saber perdoar, principalmente com a sinceridade e gestos largos, para que nenhum resíduo de mágoa possa resistir ao impulso de bondade do coração.

C) O SUICÍDIO

O suicídio pode ser definido como a destruição direta da vida por impulso próprio. O suicídio voluntário é uma transgressão da lei divina. (L.E. 944). Sua causa geral é o descontentamento. Muitos porém são os motivos que podem levar o indivíduo ao suicídio, tais como a ociosidade, a falta de fé, a própria sociedade, a descrença na eternidade, o pensamento de que tudo pode acabar com a vida, a simples dúvida quanto ao futuro e, principalmente, as idéias materialistas, que não oferecem ao homem nenhuma alternativa de solução para os seus problemas mais prementes; são “os maiores incentivadores do suicídio: elas produzem a frouxidão moral”.

Há, ainda, alguns outros casos, de ordem mais particular, que costumam levar seres humanos ao suicídio. O homem que se vê envolvido em escândalo trazido a público, por vergonha dos filhos e da família muitas vezes é levado ao ato extremo. Aquele que perde entes queridos, por vezes sente-se impulsionado ao suicídio. O que toma conhecimento de uma doença grave, que para a medicina terrestre não tem cura, entrevendo a “morte inevitável e terrível”, pode deixar-se tomar pela idéia de suicídio. Há também os que, por puro orgulho, sacrificam a vida para salvar a de outros, embora sem nenhuma possibilidade de sucesso.

Não se pode esquecer dos que abreviam sua vida através dos vícios, dos excessos da alimentação e do sexo, por imprudência, por imperícia, por omissão. E hoje, ainda, verifica-se a incidência de casos de suicídios em alguns grupos sociais específicos. Embora haja muitos casos que se podem estudar de suicídio, eles podem ser classificados em dois grandes grupos: o direto (ou intencional), e o indireto.

Diversas são as conseqüências do ato; porém, a mais comum, “a que o suicida não pode escapar é o desapontamento” (L.E., 957), ou seja, o indivíduo chega a um resultado muito diverso daquele que imaginava atingir com o seu gesto tresloucado. Mas, “a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam”. (idem)

O efeito mais grave do suicídio vem a ser o lesionamento do corpo espiritual, com a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito ao corpo. Esse fato prolonga igualmente a perturbação espiritual, provocando a ilusão de que o Espírito ainda se encontra no número dos “vivos”. Por isso, também, alguns podem ressentir-se dos efeitos da decomposição de seu corpo, devido à sua falta de coragem e por uma espécie de apego à matéria.

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, lembra que “o espírita tem, portanto, para opor à idéia do suicídio, muitas razões: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que será tanto mais feliz quanto mais infeliz e mais resignado tiver sido na Terra; a certeza de que, abreviando sua vida, chega a um resultado inteiramente contrário ao que esperava; que foge de um mal para cair noutro ainda pior, mais demorado e mais terrível; que se engana ao pensar que, ao se matar, irá mais depressa para o céu; que o suicídio é um obstáculo à reunião, no outro mundo, com as pessoas de sua afeição, que lá espera encontrar. De tudo isso resulta que o suicídio, só lhe oferecendo decepções, é contrário aos seus próprios interesses”. (cap. V, item 17).

Há, todavia, alguns antídotos eficazes, que podem evitar esse mal terrível. Em primeiro lugar, está a prece, que restaura o bom ânimo e a vontade de realização. (Para o Espírito suicida, também, a prece funciona como um bálsamo, que o reergue e o prepara para as encarnações regenerativas). O trabalho, em segundo lugar, que ajuda a vida escoar-se mais rapidamente, sem maiores turbulências, ajudando o homem a suportar suas vicissitudes com mais paciência e resignação, sem queixas. Deve-se observar ainda os meios possíveis da reta consciência, através de uma vida honesta, justa e acima de tudo evangelizada, isto é, à luz dos ensinamentos de Jesus, que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”.

D) BEM SOFRER e MAL SOFRER

“Quando o Cristo disse: ‘Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus’, não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam num trono ou na miséria extrema, mas, ah! Poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus.
O desânimo é uma falta; Deus vos nega consolações, se não tiverdes coragem. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só; é necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvido freqüentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.

“O militar que não é enviado à frente de batalha não fica satisfeito, porque o repouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma promoção. Sede como o militar, e não aspireis a um repouso que enfraqueceria o vosso corpo e entorpeceria a vossa alma. Ficai satisfeitos, quando Deus vos envia à luta.
Essa luta não é o fogo das batalhas, mas as amarguras da vida, onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que num combate sangrento,, pois aquele que enfrenta firmemente o inimigo poderá cair sob o impacto de um sofrimento moral. O homem não recebe nenhuma recompensa por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os seus louros e um lugar glorioso. Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: “Eu fui o mais forte”.

“Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a sua submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho virá o repouso”. (E.S.E. Cap. V, item 18).

A mensagem de Lacordaire, acima reproduzida, traz à tona o problema do sofrimento, que vemos hoje em dia atingir praticamente a todos, das mais variadas formas. A maioria dos seres humanos ainda não é capaz de enfrentar a dor com resignação. Antes, o que se vê é o inconformismo, a queixa intérmina, o abatimento sem limites.

É necessário habituar-se à oração, como um canal de comunicação direta com Deus. Mas, também é indispensável uma fé ardente no Criador, pois sem ela, a prece apenas sairá dos lábios e não do coração. É preciso entender que muitas vezes o mal, a dor, o sofrimento, são os remédios de que necessitamos para a cura dos nossos males, cuja origem encontra-se na alma. Todavia, não devemos provocar a dor, para não sofrer-lhe as conseqüências, nem ter motivos para queixas, pois esta é um ato de insubmissão às leis divinas.

QUESTIONÁRIO:

1 - O que é obsessão?
2 - Quais os tipos de obsessão existentes?
3 - Como fazer para combatê-la convenientemente?
4 - Quais são os limites do perdão, segundo Jesus?
5 - Como devemos ver o perdão aos nossos inimigos?
6 - De que maneira podemos perdoar?
7 - Quais são os principais casos de suicídio?
8 - Quais as principais conseqüências do suicídio?
9 - Quais os antídotos mais eficazes para evitar o suicídio?
10 - Quem são os aflitos bem-aventurados a que Jesus se refere nos Evangelhos?
11 - O que é a verdadeira luta, segundo a instrução de Lacordaire? 12 - Como entender a prece, em face das aflições?
CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º. ANO – 8ª AULA

A - PECADO POR PENSAMENTO E ADULTÉRIO

"Ouviste o que foi dito aos antigos: não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo o que olhar para uma mulher cobiçando-a, já no seu coração cometeu adultério com ela" (Matheus, 5:27-28).
Esta passagem evangélica lembra o drama de uma mulher adúltera que foi salva por Jesus de um iminente apedrejamento. Ela corria descontrolada pelas ruas de Jerusalém, perseguida por homens fanáticos que desejavam cumprir uma prescrição da lei de Moisés. Ela havia sido apanhada em flagrante adultério, e a lei era sumamente severa na punição de atos desta natureza. A lei mosaica prescrevia punição rigorosa para a mulher e o homem adúlteros, muito embora, na grande maioria dos casos, somente a mulher fosse penalizada.
Os escribas e fariseus a trouxeram à presença de Jesus e disseram-lhe: "Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Moisés ordenou que pecados desse gênero seja punidos com o apedrejamento. Que dizeis vós? (João, 8:3-11). Era uma situação verdadeiramente embaraçosa, pois, se Jesus dissesse: "Podem lapidá-la", estaria negando toda a finalidade de seu advento entre os homens. Por outro lado, se dissesse que ela não deveria ser apedrejada, seria acusado perante as autoridades religiosas de estar contrariando a lei mosaica, o que constituía uma grave heresia.
Em face da indagação por parte dos acusadores, Jesus respondeu: "Aquele que se julgar sem pecados, atire a primeira pedra." Esta sentença esfriou o ânimo dos acusadores, que abandonaram o local, e a decisão final do Mestre foi uma recomendação à mulher: "Nem eu te acuso, vai e não peques mais" (ESE, cap. X, ítens 12 e 13). Jesus despediu a mulher sem condená-la, embora soubesse das imperfeições que dominavam os corações daqueles homens; prova disso está na atitude por eles demonstrada, quando o Mestre deu a sua resposta; sentindo seus corações cheios de sentimentos negativos, jogaram fora as pedras que estavam em suas mãos e se retiraram.
Eles eram adúlteros porque alimentavam o ódio, o rancor, a vingança e o falso zelo religioso; preocupavam-se muito em cumprir uma lei de caráter transitório, implantada por Moisés, mas deixavam de lado a prática das leis eternas e imutáveis, contidas no Decálogo. Deste modo, o adúlterio, nos moldes como foi exposto por Jesus Cristo, não deve ser compreendido apenas no sentido restrito da palavra ou da forma como é entendida pelos homens. Deve ser encarado com um sentido mais amplo, pois a verdadeira pureza não está apenas nos atos, mas também no pensamento, porque aquele que tem o coração livre de sentimentos escusos, nem sequer pensa no mal.
ADÚLTEROS, portanto, são todos aqueles que se entregam aos maus pensamentos em relação ao seu semelhante, não importando se conseguiram ou não realizá-los. O homem evangelizado, que jamais concebe maus pensamentos em seu íntimo, já conquistou uma posição moral mais elevada; aquele que ainda não consegue libertar-se de tais pensamentos, mas consegue repelí-los, está a caminho de alcançar uma elevação espiritual. Mas, todo aquele que se compraz em pensamentos inferiores, alimentando-os em seu coração, ainda está sob jugo de influências negativas, e são adúlteros na também acepção da palavra.
Quando Jesus asseverou que quem olhar para uma mulher, alimentando um mau pensamento em relação a ela, já cometeu adultério (ESE, cap. VIII, ítem 5), referia-se naturalmente, àqueles que se enquadram na última categoria: são todos aqueles que se comprazem com os pensamentos inferiores que aninharam em seus corações; e se não chegaram a concretizar seus propósitos, é porque certamente ainda não se lhes deparou a oportunidade desejada.

B) CASAMENTO, DIVÓRCIO

O casamento é uma instituição divina, inserida na Lei de Reprodução e fundada na união conjugal, para que se opere a renovação e a espiritualização dos seres. Ele implica no “regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua”, como bem define Emmanuel.
Segundo Kardec, “o casamento é um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas mais diversas condições”.
A despeito da chamada “crise do casamento” moderna, abolir o casamento, de fato, significaria um retorno à infância da Humanidade, colocando o homem abaixo de alguns animais que lhe dão o exemplo das uniões constantes. A união livre e fortuita dos sexos, realmente, reflete o estado de natureza, colocando o homem na condição de barbárie.

As leis
A união pelo casamento reflete as Leis Divinas, leis imutáveis e perfeitas, que estabelecem a perpetuação da espécie pela reprodução e evolução dos seres. Aí predomina a Lei do Amor, exclusivamente de caráter moral, que paira acima das condições eminentemente físicas do casamento.
Em relação à lei civil (lei humana que traz em si o caráter da falibilidade), “não há em todo o mundo, e mesmo na cristandade, dois países em que elas seja absolutamente iguais, e não há mesmo um só em que elas não tenham sofrido modificações através dos tempos. Resulta desse fato que, perante a lei civil, o que é legítimo num país e em certa época, torna-se adultério noutro país e noutro tempo”.

Todavia, Deus quis que as criaturas se unissem não apenas pelos laços carnais, mas também pelos da alma, “a fim de que a mútua afeição dos esposos se estenda aos filhos, e para que sejam dois, em vez de um, a amá-los, tratá-los e fazê-los progredir”. “Imperioso, porém”, diz Emmanuel, “que a ligação se baseie na responsabilidade recíproca, de vez que na comunhão sexual um ser humano se entrega a outro ser humano e, por isso mesmo, não deve haver qualquer desconsideração entre si”.

Formas e aspectos do casamento. Os casamentos podem ser classificados em função dos interesses de cada criatura e muitas vezes até de interesses de ordem familiar, por força das fortunas envolvidas; das afinidades, sejam elas de natureza espiritual, intelectual ou meramente cultural; dos resgates e oportunidades de evolução, casamentos estes precedidos de cuidadosa programação para que seja bem sucedida a união, seja em relação aos cônjuges, seja em relação aos filhos, seja em relação à parentela.
Entre os aspectos fundamentais do casamento, há que se considerar: a) a família, em que cada individualidade deverá exercitar com esmero a paternidade e a maternidade; b) o namoro, quando surge aquele “suave encantamento”, a que se refere Emmanuel, em que tudo se tolera; c) o ambiente doméstico, escola viva da alma, onde as criaturas se matriculam para o aprendizado em comum, para os reajustes e o crescimento; d) a energia sexual, que se apresenta como recurso da lei de atração, para unir os Espíritos em torno da oportunidade de autodescobrimento e de reajuste; e) o compromisso cármico, que nos mostra a necessidade do reencontro para o acerto perante a lei de causa e efeito, devido às nossas responsabilidades esposadas em comum.

Por tudo isso, observa-se que os cultos religiosos não são senão exterioridades, elementos transitórios da equação da vida em comum, compreensíveis em épocas mais recuadas, porém sem nenhuma utilidade prática no contexto da vida eterna.

Na Doutrina Espírita não se realizam casamentos, da mesma forma que não se ministram batismos ou quaisquer sacramentos, pois no Espiritismo não há ritual de nenhuma espécie. O verdadeiro batismo é o de fogo e do espírito, como ensinava Jesus. O verdadeiro casamento é aquele que se procura compreender sob a ótica das leis naturais ou divinas, em sua essência, liberto dos convencionalismos humanos, propriamente ditos, sabidamente transitórios.

Divórcio:
Quando Kardec perguntou aos Espíritos acerca da indissolubilidade absoluta do casamento, estes lhe responderam que “é uma lei humana, muito contrária à lei natural”. (L.E., 697). Numa outra questão, complementando esse entendimento, sentenciaram: “em primeiro lugar, as vossas leis são erradas, pois acreditais que Deus vos obriga a viver com aquele que vos desagradam?” (L.E.940).

Jesus também não condenava objetivamente o divórcio, mas enfatizava que muitas coisas ocorriam devidas à dureza dos nossos corações. Embora não sendo contrário à lei de Deus, o divórcio interrompe o processo de harmonização entre as criaturas, transferindo o compromisso e a solução dos problemas comuns para as existências posteriores. Trata-se de uma dolorosa cirurgia psíquica, somente admissível em casos extremos, quando ele se constituir no mal menor.

BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos, Xavier, F.C. - Vida e Sexo

C) JESUS NO LAR

A lição de Jesus, a respeito do Culto Cristão no lar, foi transmitida por Néio Lúcio, da seguinte forma:
“Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversa que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade.
- Simão, que faz o pescador, quando se dirige ao mercado com os frutos de cada dia?

O apóstolo pensou por alguns momentos e respondeu-lhe hesitante:
- Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores. Ninguém compra os resíduos de pesca.
- E o oleiro? Que faz para atender à tarefa que se propõe?
- Certamente Senhor, redargüiu o pescador intrigado, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.

O amigo celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:
- E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?
O interlocutor, muito simples informou sem vacilar:
- Lavrará a madeira, usará o enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.

Calou-se Jesus por alguns instantes, a aduziu:
- Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legitima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe?

A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendermos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se não nos habituarmos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?
Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:
- Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procurem a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebe o Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento?
O pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos animais.
Simão Pedro fitou no mestre os olhos humildes e lúcidos e como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

- Mestre seja feito como desejas.
Então Jesus, convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão no lar.”

BIBLIOGRAFIA: Xavier, F.C. - Jesus no Lar (Pelo Espírito Néio Lúcio)

O Evangelho no Lar
“Lar, a nossa primeira escola, quando o Espírito tem a oportunidade de vestir a roupagem da inocência e da candura, passando pela fase do aquecimento e chega às mãos dos pais, na graça e na ternura de uma criança.
“A terra está preparada; depende da nossa boa vontade semear o bem.
“ O Lar é o coração do organismo social” (Sheila).

Organizemos nosso agrupamento doméstico à Luz do Evangelho.
Diz Jesus: “A paz do mundo começa entre quatro paredes”.
Seremos lá fora, no grande campo de experiência pública, aquilo que aprendemos no Lar.
Portanto, os pais não podem falhar para com seus filhos, do contrário, eles falharão com a sociedade, com o próximo e com eles mesmos; serão como a casa edificada na areia movediça: vindo os rios do progresso, os ventos da renovação, haverá grande ruína.
Devemos conservar entre nossos familiares a chama da esperança, estudando em casa a Revelação Divina, a Boa Nova de Jesus, praticando a fraternidade e crescendo em sabedoria, pedindo a Deus o desenvolvimento da humanidade e amor em nossos corações.
Disse Jesus: “Onde estiverem duas ou mais criaturas reunidas em meu nome, eu entre elas estarei.” (Mateus, l8:20)
Conscientes da grande responsabilidade, devemos assumir a postura de Espíritos imortais, criados com amor e para o amor; vamos convidar nossos familiares para o estudo da Boa Nova, marcando dia e hora apropriados para todos.

O dia passa a ser especial; o horário é nobre, pois vamos receber a visita de Jesus, através de seus mensageiros. Nós sabemos: o Evangelho é Luz e quando chega em nossa casa, as trevas batem em retirada.
Preparação para o Evangelho no Lar: Chegou o dia; desde a manhã, pensamentos elevados, conversação edificante e trabalho normal.
Aproximando-se a hora do Evangelho, colocar música clássica ou música à luz da oração (é opcional); a água para ser fluidificada, também; porém, se houver alguém doente, pode-se colocar um copo com água em nome dessa pessoa, lembrando-se: “Eu sou o Médico das almas e vim para os doentes”. (Jesus)

Se o telefone tocar, atenderemos cordialmente e diremos que estamos fazendo o Evangelho e, após este, tornaremos a ligar.
Se a campainha, a mesma coisa: iremos à porta e faremos o convite para entrar e explicaremos com rápidas palavras sobre a reunião, permitindo à visita assistir ao nosso Culto Cristão no Lar.
Na hora das vibrações, envolver os visitantes em muita paz, saúde, agradecer-lhes a presença.

ROTEIRO PARA REALIZAÇÃO

1-Início da Reunião. Iniciar com uma prece simples e espontânea, recepcionando carinhosamente o Mentor Espiritual e todos os irmãos dos dois planos que ali se fazem presentes. Buscamos o silêncio íntimo, assim podendo sentir a presença de Jesus, e pedimos: Senhor, dá-nos tua inspiração na leitura evangélica de hoje; sustenta-nos com o teu amor através de teus mensageiros, para que possamos assimilar os ensinamentos e colocá-los em prática em nosso dia-a dia.

2-Leitura do Evangelho. Fazer leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo, começando da “Introdução”, lendo um pequeno trecho em cada reunião, com voz audível, calmamente, para que todos possam entender; a leitura deve ser metódica e seqüente, dando o caráter de aula. É a escola de Jesus em nosso lar, onde os alunos carentes somos nós, a matéria a ser estudada é o Evangelho e o Mestre é Jesus.

3-Comentários sobre o texto lido. Os comentários são breves, feitos por todos, e cada um expõe o que entendeu da leitura; se tivermos dificuldade, leiamos de novo e, então, comenta-se cada parágrafo. Certamente, os Mentores Espirituais estarão nos ajudando, a compreender a lição, a fim de a assimilarmos com facilidade. É exatamente nesta hora que recebemos a aula e passamos o ensinamento evangélico; não é comunicação mediúnica, mas sim as bênçãos do Alto chegando até nós pela inspiração divina de Amigos abnegados, que trazem amorosamente as orientações necessárias, não só da leitura, como também sobre os problemas atuais que podem e devem ser comentados à luz do Evangelho, em especial as questões familiares.

4-Vibrações. Este é o momento de muita importância da reunião. Lembremos das palavras de Jesus: “Vós sois Luz (...) podeis fazer o que eu faço e muito mais”. Jesus estava se referindo à potencialidade do Espírito, ao poder da mente quando canalizada para o bem, quando passamos para a condição de doadores. É um exercício de doação com o seu mecanismo na horizontal, usando nossa energia acionada pela vontade. Todos nós temos algo de bom a dar em favor do próximo, em benefício da humanidade. Deve-se destacar um membro da Reunião para dirigir estas vibrações, com tonalidade de voz moderada, e os demais acompanharão com o pensamento, procurando doar paz, amor, saúde, e equilíbrio. O valor da vibração está no impulso mental que é dado, na vontade firme e sincera de querer ajudar, na dedicação e amor aos semelhantes, acreditando no poder da fé, na fé racionada. Pensando, criamos através do pensamento d’Aquele que nos criou (Deus).

5-Prece de encerramento. No final, proferir a prece também simples e espontânea de agradecimento ao Senhor da vida e ao Plano Espiritual, que deram sustentação a nós neste “Evangelho no Lar”.

BIBLIOGRAFIA: Compri, Maria Tonietti - Experiências à Luz do Evangelho no Lar

QUESTIONÁRIO:

1 - O adultério, nos moldes como foi expiado por Jesus Cristo, deve ser entendido no sentido exclusivo dessa palavra, ou tem um sentido mais amplo?
2 - A quem se estende o conceito de adúltero?
3 - É condenável um mau pensamento, mesmo que não concretizado? Comente
4 - O que é o casamento, na visão espírita?
5 - Cite dois aspectos fundamentais do casamento?
6 - Como entender o divórcio?
7 - Quais as palavras de Jesus para caracterizar o lar, segundo a narrativa de Néio Lúcio?
8 - Como e onde Jesus instituiu o primeiro culto (cultivo) do Evangelho no Lar?
9 - Na sua opinião, qual a importância desta lição?
10 - Qual a finalidade do "Evangelho no Lar"?
11 - Quais os ítens que compõem o roteiro do "Evangelho no Lar"?
12 - Na sua opinião, qual a maior motivação para a prática de "Evangelho no Lar"?
CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º. ANO – 7ª AULA

a) Apresentação da  Codificação de Kardec
— Allan kardec, pseudônimo de Hippolyte-Léon Denizard Rivail, descendente de antiga família lionesa, cujos antepassados haviam muito se destacado na magistratura e na advocacia, foi o codificador da Doutrina dos Espíritos.  
Hippolyte-Léon Denizard Rivail nasceu no dia 3 de outubro de 1804;
Allan Kardec, no dia 18/04/1857, quando do lançamento de O Livro dos Espíritos.

O que se entende por Codificação Espírita ou Kardequiana?  - Pentateuco Kardequiano ou
AS OBRAS BÁSICAS DA CODIFICAÇÃO

1857
1861
1864
1865
1868

 O LIVRO DOS ESPÍRITOS – OBRA DE CARÁTER FILOSÓFICO, EXPLICANDO OS PORQUÊS DA VIDA DE MODO RACIONAL. ESPINHA DORSAL DO ESPIRITISMO, contendo os princípios da doutrina espírita. sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade – segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec.

O LIVRO DOS MÉDIUNS – TRATADO SÔBRE AS FACULDADES MEDIÚNICAS. OBRA DE CARÁTER CIENTÍFICO; Espiritismo experimental. Contendo os ensinamentos dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo

 O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – OBRA DE CARÁTER RELIGIOSO/MORAL, EXPLICANDO AS PARÁBOLAS DE JESUS À LUZ DO ESPIRITISMO;  Com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida
“Fé inabalável só é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”

O CÉU E O INFERNO – OBRA DE CARÁTER FILOSÓFICO, EXPLICANDO ATRAVÉS DA ANÁLISE DAS COMUNICAÇÕES DOS ESPÍRITOS, O QUE AGUARDA O SER HUMANO APÓS A MORTE; Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte

A GÊNESE -  OBRA DE CARÁTER CIENTÍFICO, EXPLICA COMO SE FORMOU O UNIVERSO, A TERRA E SUAS ERA GEOLÓGICAS, TRAZENDO EXPLICAÇÕES CIENTÍFICAS DOS “MILAGRES” REALIZADOS POR JESUS; A Doutrina Espírita há resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a gênese de acordo com as leis da Natureza.
Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.

A grande obra de Allan Kardec, porém, vai além destes livros básicos. Podemos acrescentar:
"O que é o Espiritismo" (1859); "O Espiritismo em sua Expressão mais Simples" (1862);
"Viagem Espírita" (1862); "Obras Póstumas" (1890); "Revista Espírita", jornal de estudos psicológicos, em fascículos mensais, redigidos e publicados pelo próprio Kardec. A coleção completa consta de 12 volumes, resultantes de 11 anos e quatro meses de trabalho intensivo. Foi editada pela primeira vez em 1.º de janeiro de 1858.
B) A PARÁBOLA DO SEMEADOR
Introdução – Conceito de Parábola:

Há dois mil anos, Jesus esteve conosco, trazendo lições para as multidões que o seguiam. Falou a seus discípulos, em certa ocasião: “Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis e muitas outras teria a dizer, que não compreenderíeis, por isso é que vos falo por parábolas. Mais tarde, porém, enviarvos-ei o Consolador, o Espírito da Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-los explicará todas”. (Jô, 14, e Jo, 16).

Que é uma Parábola? – É uma narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior. Pode ser considerada uma narração alegórica que encerra doutrina moral. Sendo que, alegoria é a exposição de um pensamento sob a forma figurada.

A Doutrina espírita vem trazer novos ensinamentos necessários ao nosso melhor entendimento sobre as lições em forma de parábolas, que Jesus nos trouxe.
A Parábola do Semeador
“Naquele dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à borda do mar. E vieram para ele muitas gentes , de tal sorte que, entrando em uma barca, se assentou; e toda a gente estava em pé na ribeira.

E lhes falou muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis aí que saiu o que semeia a semear. E quando semeava, uma parte das sementes caiu junto da estrada, e vieram as aves do céu, e comeram-na. Outra, porém, caiu em pedregulho, onde não tinha muita terra, e logo nasceu porque não tinha altura da terra.

Mas saindo o sol a queimou, e porque não tinha raiz, se secou. Outra igualmente caiu sobre os espinhos, e cresceram os espinhos, e estes a sufocaram. Outra enfim caiu em boa terra, e dava fruto, havendo grãos que rendiam a cento por um, outros a sessenta, outros a trinta. O que tem ouvidos de ouvir, ouça.

(Mateus, 13:1-9) “Ouvi, pois, vós outros, a parábola do semeador. Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a entende, vem o mau e arrebata o que se semeou no seu coração; este é o que recebeu a semente junto da estrada. E o recebeu a semente no pedregulho, é o que a palavra, e a recebe com alegria, mas como não tem raiz em si mesmo, chegando as angústias e perseguições, ofende-se. E o que foi semeado entre espinhos, este é o ouve a palavra, porém os cuidados deste mundo e o engano das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutuosa.

E o que recebeu a semente em boa terra, este é o que ouve a palavra e a entende, e dá fruto; e assim um dá cento, e outro sessenta, e outro trinta por um” (Mateus, 13:18-23).

“A parábola da semente representa perfeitamente as diversas maneiras pelas quais podemos aproveitar os ensinamentos do Evangelho. Quantas pessoas há, na verdade, para as quais eles não passam de letra morta, que, à semelhança das sementes caídas nas pedras, não produzem nenhum fruto!

“Outra aplicação, não menos justa, é a que se pode fazer às diferentes categorias de espíritas. Não nos oferece o símbolo dos que se apegam apenas aos fenômenos materiais, não tirando dos mesmos nenhuma conseqüência, pois que neles só vêem um objeto de curiosidade? Dos que só procuram o brilho das comunicações espíritas, interessando-se apenas enquanto satisfazem-lhes a imaginação, mas que após ouvi-las, continuam frios e indiferentes como antes. Que acham muito bons os conselhos e os admiram, mas para aplicá-los aos outros e não a si mesmos. Desses, finalmente, para os quais essas instruções são como as sementes que caíram na boa terra e produzem frutos”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo).

BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo

QUESTIONÁRIO
1 - O que é uma parábola?
2 - Por que Jesus muitas vezes falou por parábolas?
3 - Como se pode comparar as sementes da parábola às diferentes categorias de espíritas?

6ª aula  - CURSO BÁSICO E PREPARATÓRIO DE ESPIRITISMO
A) O VALOR DA PRECE
"O que quer que seja que pedirdes na prece, crede que obtereis, e vos será concedido" ( Marcos, cap. XI, v. 24)
A prece é uma invocação; é o mais elevado veículo de ligação através do qual o homem coloca-se em relação mental com a espiritualidade. É uma projeção do pensamento, a partir do qual irá se estabelecer uma corrente fluídica cuja intensidade dependerá do teor vibratório de quem ora, e nisto reside o seu poder e o seu alcance, pois nesta relação fluídica o homem atrai para si ajuda dos Espíritos Superiores a lhe inspirar bons pensamentos.
"A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar Nele; é aproximasse Dele; é pôr-se em comunicação com Ele. A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir, agradecer. "(L.E., 659)
"A prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições das leis divinas, mas, a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias. A alma, em se voltando para Deus, não deve ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de sua vontade superior. "(Emmanuel, p. 19)
"Ninguém pode imaginar, enquanto na Terra, o valor, a extensão e a eficácia de uma prece, nascida na fonte viva do sentimento. " ("Mediunidade no lar", mensagem de Emmanuel)
Oração Dominical- De todas as preces, o "Pai Nosso", ou oração dominical, é a que por consenso ocupa o primeiro lugar, quer porque foi ensinada pelo próprio Mestre, quer porque a todas pode substituir, conforme o pensamento que se lhe atribui. É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade em sua simplicidade. Apesar de breve, resume nas suas sete proposições todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo; é uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão, o pedido de coisas necessárias à vida e o princípio da caridade.
"Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossa dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Assim seja. "(Mateus,VI,9-13) (Em Lucas, acrescenta-se: "Pois vossos são o reino, o poder e a glória, para sempre.) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. XAVIER, E C. Emmanuel

B) CONDIÇÕES E EFICÁCIA DA PRECE
Jesus Cristo fez entender claramente que, quando alguém ora, não é preciso colocar-se em evidência. A prece deve ser feita em segredo, no recôndito da consciência e em profunda meditação. Não é necessário que ela seja proferida repetidamente. Preces prolongadas ou repetidas e mesmo proferidas em idioma estranho, tornam-se fastidiosas e, muitas vezes, delas não participam o pensamento e o coração. Assim, a condição da prece está no pensamento reto, podendo-se orar em qualquer lugar, a qualquer hora, a sós ou em conjunto, desde que haja o recolhimento íntimo necessário para se estabelecer a sintonia harmoniosa no ato sublime de louvar, agradecer e rogar a Deus o auxílio necessário. Por isto a importância do sentimento amoroso, humilde, piedoso, livre de qualquer ressentimento ou mágoa, pois só assim o homem irá absorver a força moral necessária para vencer as dificuldades com seus próprios méritos.

Existem aqueles que contestam a eficácia da prece, alegando que pelo fato de Deus conhecer as necessidades humanas, torna-se dispensável o ato de orar, pois sendo o Universo regido por leis sábias e eternas, as súplicas jamais poderão alterar os desígnios do Criador. No entanto, o ensinamento de Jesus vem esclarecer que a justiça divina não é inflexível ao ponto de não atender os que lhe fazem súplicas. Ocorre que existem determinadas leis naturais e imutáveis que não se alteram segundo os caprichos de cada um. Porém, isso não deve levar à crença de que tudo esteja submetido à fatalidade. O homem desfruta do livre-arbítrio para compor a trajetória de sua encarnação, pois Deus não lhe concedeu a inteligência e o entendimento para que não os utilizasse.

Existem acontecimentos na vida atual aos quais o homem não pode furtar-se; são consequências de falhas e deslizes cometidos em vidas passadas que necessitam de reajustes; é a aplicação da Lei de Causa e Efeito e isto explica porque alguns alegam que pedem benefícios a Deus, mas que nunca são concedidos, o que parece, a princípio, contrariar o ensinamento de Jesus: "Aquilo que pedirdes pela prece vos será dado" (Marcos, cap. XI, v. 24). Muitas coisas que na vida presente parecem úteis e essenciais para a felicidade do homem, poderão ser-lhe prejudiciais e esta é a razão por que elas não lhe são concedidas. Contudo, o egoísmo e o imediatismo não permitem que ele perceba com exatidão a eficácia da prece. Porém, seus efeitos ocorrem segundo os desígnios divinos, a curto prazo na medida em que consola, alivia os sofrimentos, reanima e encoraja; a médio e longo prazo porque pelo pensamento edificante dá-se a aproximação das forças do bem a restaurar as energias de quem ora.

Àquele que pede, Deus está sempre pronto a conceder-lhe a coragem, a paciência, a resignação para enfrentar as dificuldades e os dissabores inerentes à natureza humana, com idéias que lhes são sugeridas pelos Espíritos benfeitores, deixando-lhe contudo o mérito da ação, e isto porque não se deve ficar ocioso à espera de um milagre, pois a Providência Divina sempre ampara os que se ajudam a si mesmos: "Ajuda-te e o céu te ajudará" (ESE, cap. XXVII, ítem 7).

PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO
Jesus ensinou que um fariseu e um publicano foram ao templo para orar. O primeiro era tido como um homem virtuoso, respeitável sob todos os aspectos, embora ocultasse costumes dissolutos. O segundo era considerado homem corrupto e eivado de maus pendores. O fariseu, tomado de orgulho e olhando para o Alto, orava: "Ó Deus, graças te dou, porque não sou igual aos demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou o dizimo de tudo o que possuo" (Lucas, cap. XVIII, v. 9 a 14). O publicano por sua vez, sem ousar levantar os olhos, assim orava: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador!" Afirmou então o Mestre que este último saiu do Templo justificado, porque Deus ouviu a sua prece, ao contrário do fariseu, pois "quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado" (Lucas, cap. XVIII, v. 9 a 14).

Assim, deve-se notar o fato de o publicano ter pronunciado reduzido número de palavras e, no entanto, sua prece foi acolhida, porque nela havia humildade e devotamento, ao contrário do fariseu, cujo coração estava repleto de maldade, de egoísmo e de orgulho. Portanto, a eficácia da prece está na dependência da renovação íntima do homem, em que deve prevalecer a linguagem do amor, do perdão e da humildade para que ele possa assim, de coração liberto de sentimentos negativos, agradecer a Deus a dádiva da vida. BIBLIOGRAFIA: ESE - Cap. XVII - ítens 1 a 8.





c) CONCEITO SOBRE MILAGRES
O milagre, entendido como “um ato do poder divino contrário às leis conhecidas da natureza”, implica na idéia de um fato sobrenatural, maravilhoso, impossível de ser explicado pela Ciência dos homens. A ignorância, a superstição, os dogmas inibem a muitos de se dedicarem ao estudo dos ensinamentos dos Espíritos, com receio de pecarem, de irem para o inferno ou de serem envolvidos pelos demônios.

Diga-se, de início, deixando bem claro, que o Espiritismo não faz milagres, pois muitas pessoas desiludidas com as crenças dogmáticas, com as Ciências do homem ou com as dificuldades da vida material, se voltam para o mundo espiritual, buscando através de fenômenos medianímicos, a salvação ou eliminação de seus problemas econômicos, de saúde, sentimentais, etc.. e, muitas vezes, deixam-se envolver por charlatões e embusteiros ou se prendem a um fanatismo exacerbado. O ensinamento do Cristo, todavia, em relação às curas, é uniforme e se resume nestas afirmações:

a) a tua fé te curou:

b) vai e não peques mais

Estas afirmações deixam claro que a imposição de mãos por Jesus, a dos médiuns, ou a intervenção dos Espíritos são lenitivos oferecidos ao aflito por razões muito diversas, cabendo a cada um examinar e compreender; segundo o discernimento que alcançou.
Não se deve esperar, pois, por milagres dos médiuns e do Espiritismo.

O conhecimento da Doutrina não se dá de um momento para outro, participando de algumas reuniões ou de algumas palestras, mas através da meditação, da reflexão e da vivência dos seus ensinamentos no aprendizado espírita-cristão. Somente assim o homem pode tornar-se médico de si mesmo, produzindo em si a Reforma Intima, buscando em si o homem novo, através do bom combate. Assim, conhecendo a verdade, ele se libertará da multidão de suas faltas. No decorrer do estudo, descobre-se:

1 -“Que durante sua encarnação, o Espírito age sobre a matéria por intermédio de seu corpo fluídico ou Perispírito; o mesmo sucede fora da encarnação. Como Espírito, e na medida de sua capacidades, ele faz o que fazia como homem; somente, como não tem mais o seu corpo carnal como instrumento, serve-se, quando tal é necessário, dos órgãos materiais de um encarnado, que é chamado médium.”

2 -“A intervenção de inteligências ocultas nos fenômenos espíritas não os torna mais miraculosos que todos os demais fenômenos devidos a agentes invisíveis, pois esses seres ocultos que povoam os espaços são uma das potências da natureza, potência essa, cuja ação é incessante sobre o mundo material, como sobre o mundo moral.

3 -Que “o Espiritismo, esclarecendo-nos acerca desse poder, nos dá a chave de uma multidão de coisas inexplicadas, e inexplicáveis por quaisquer outros meios, e que, em tempos recuados, puderam passar por prodígios; de modo semelhante ao magnetismo, ele revela uma lei, senão desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou, dizendo melhor, conhecem-se os efeitos, pois são produzidos em todos os tempos, mas não se conhecia a lei; e a ignorância dessa lei é que engendrou a superstição. Conhecida essa lei, o maravilhoso desaparece, e os fenômenos voltam à ordem das coisas naturais... Aquele que pretendesse, com o auxílio dessa Ciência, fazer milagres, ou seria um ignorante do assunto ou um charlatão”.

4 -Que “os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais com o auxílio do pensamento e da vontade. (Gênese, cap. XIV, item 14) Os pensamentos imprimem a esses fluidos esta ou aquela direção; eles os aglomeram, os combinam ou os dispersam; formam, com esses materiais, conjunto que tenham aparência, forma ou cor determinadas; mudam suas propriedades como o químico altera as propriedades dos gases ou de outros corpos, combinand0os segundo determinadas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual.

5 -Que o Espiritismo não faz milagres, mas o homem pode fazê-lo em si mesmo, vivenciando o aprendizado espírita-cristão, não em um dia ou um ano, mas minuto a minuto, durante séculos, corrigindo tendências, superando as influências da natureza animal e acrisolando a supremacia do Espírito sobre a matéria. Por isso, a cada um segundo suas obras, conforme sua fé, seu discernimento e sua conduta devotada e abnegada à causa do bem.

6 -Que existem leis naturais ou divinas reguladoras da ordem universal, às quais tudo é submetido, inclusive o Princípio Inteligente; mas a este, enquanto homem, por seu livre-arbítrio, sob pena de assumir, por sua responsabilidade, a expiação e o resgate posteriores. Foi isto o que disseram os Espíritos em O Livro dos Espíritos, na questão 123: “A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras”, confirmando Jesus “A cada um segundo suas obras”.
D) RECONHECE-SE O CRISTÃO PELAS SUAS OBRAS

Não basta apelar para Jesus, exclamando Senhor,Senhor! Quando não se segue os preceitos por ele ensinados.

De nada adianta implorar a ajuda de Deus, se não se busca melhorar e superar a si mesmo, se não se torna mais caridoso, nem mais indulgente com os semelhantes. Não são cristãos verdadeiros aqueles que apenas se comprazem em atos exteriores de devoção, ou que se encastelam nas muralhas do egoísmo, do orgulho, da cupidez e de outras paixões degradantes, ou que não fazem nada por ninguém.


Quando Jesus recomenda edificar a casa sobre a rocha, refere-se à necessidade de ter uma diretriz segura no desenvolvimento da vida, vivenciar o bem, o amor ao próximo no pensamento e na ação.Aquele que possui uma fé consolidada pela razão e inspirada no amor não pode ser inoperante. Por outro lado, o indivíduo invigilante, vacilante, que toma conhecimento dos ensinamentos evangélicos, mas que vive fechado em si mesmo, esse construiu a sua casa sobre a areia movediça, e qualquer tribulação terrena a faz esmorecer.

Esse é um cristão apenas de nome, mas que não vive em si mesmo a essência dos ensinamentos de Jesus, pois não despertou para a Alegria da interioridade e do dar de si. Cristão não é um rótulo, mas uma vivência. O Evangelho não é para ser lido e guardado na estante, ele tem que ser vivido, aplicado em toda a vida de relação. Para se tornar um cristão digno de ser chamado como tal é imprescindível revelar-se pelas suas obras, em qualquer circunstância da vida. Cristão, na verdadeira acepção da palavra, não é somente aquele que guarda os ensinamentos de Jesus nas expressões mais sinceras do coração, que se torna dócil, compreensível, misericordioso, mas aquele que também busca motivos edificantes que realmente ergam o reino da interioridade sobre alicerces que o sustentem.

De nada adianta viver uma vida de contemplação, ou passar o dia rezando, se não dinamizarmos o nosso interior na alegria de dar de si com amor ao próximo. Os Espíritos, em sua essência divina, não foram criados para permanecer em repouso, mas para dinamizar suas potências no trabalho, no exercício da caridade, sendo agentes e transformadores do meio em que vivem.

A fé verdadeira é dinâmica, e não estática. Quando Jesus afirma que "reconhece-se uma boa árvore pelos seus frutos"(Mt 7:20), é indispensável questionar quais os frutos que produzimos, e se beneficiam de fato nossos irmãos.As diversas encarnações representam oportunidades vastíssimas para a prática do bem, cabe a nós gerarmos os frutos e transubstanciá-los em natureza divina. ESE-Cap.XVIII-item 16

QUESTIONÁRIO
1 - O que é a prece?
2 - Quais as condições da prece eficaz?
3 - O que nos ensina a passagem evangélica do fariseu e do publicano, em relação à prece?
4 - Por que o Espiritismo não faz milagres?
5 - Deus não faz milagres. Explique o porquê.
6 - Qual o ensinamento de Jesus relacionado às curas que aconteciam?

CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO 5ª. AULA
A) FORMAÇÃO DOS MUNDOS E DOS SERES VIVOS

FORMAÇÃO DOS MUNDOS

Entende-se por Universo os astros e os mundos visíveis ou não, que se movem no espaço e tudo o que eles contém: seres animados e inanimados, assim como os espaços e os fluidos que os cercam. Conceber-se que o Universo tenha sido obra do acaso, é o mesmo que aceitar o relógio sem o relojoeiro.

Obviamente o Universo não pode ter gerado a si mesmo. Se assim fosse, confundir-se-ia com o próprio Deus. Por outro lado, se existisse por toda a eternidade sem ter sido criado, não poderia ser obra de Deus e também confundir-se-ia com Ele. Não resta outra opção de bom senso, senão a de que o Universo é obra de Deus. Ninho gerador de toda massa incomensurável, o Fluido Universal era energia a princípio difusa, que após concentrar-se, foi-se fragmentando aos poucos em miríades de núcleos menores a agigantar-se e expandir-se em nuvens de partículas, que através dos milênios foram se transformando progressivamente em matéria, processo esse que se mantém até nossos dias a revelar a grandeza de Deus. A condensação dessa matéria espalhada no espaço infinito é que pontilhou-o de sóis, mundos, estrelas, astros, asteróides e cometas, com infinita variedade de massas, luminosidade e propriedades.
As forças de atração entre os corpos celestes mantém o equilíbrio de modo à posição de cada um deles permanecer estável em relação aos demais. Os cometas em suas órbitas aparentemente conflitantes com a clássica disciplina cósmica, são um começo de condensação da matéria, mundos em via de formação. Cada corpo celeste tem a sua parte de influência, mas ela é restrita a certos aspectos fisicos de equilíbrio de forças, como a Lua, por exemplo, que funciona como âncora da Terra. Mundos já completamente formados desaparecem, desintegram-se e sua matéria espalha-se novamente no espaço: Deus renova os mundos como renova os seres vivos ( LE, perg.41)
FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS

No começo tudo era o caos; temperatura elevadíssima mantinha fundidos os elementos de sua constituição. As substâncias que hoje são líquidas eram gasosas enquanto que os sólidos eram líquidos. Só pouco a pouco tudo foi se acomodando até organizar-se o clima adequado ao aparecimento dos seres vivos.
Os gérmens responsáveis pela formação dos seres vivos estavam contidos na Terra em estado latente, aguardando o momento favorável para seu desenvolvimento. Os elementos orgânicos, antes da formação da Terra, estavam no espaço em estado fluídico, entre os Espíritos ou em outros planetas, aguardando a maturação do novo mundo para iniciarem uma nova existência em um novo mundo. Nos momentos propícios à eclosão, foram surgindo sucessivamente cada uma das espécies. Os seres de cada linhagem, por sua vez, foram se reunindo pela lei de afinidade e se multiplicaram.
Os homens já não se enquadram mais entre as espécies que se formaram espontaneamente como na sua origem, mas pode-se dizer que uma vez dispersos sobre a Terra, absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua formação, para transmiti-los segundo as leis da reprodução. O mesmo aconteceu com as demais espécies de seres vivos ( LE, perg,49)
Bibliografia: LE- Cap.III - perg. 37 a 49
B) PLURALIDADE DOS MUNDOS
Há na Terra homens que ainda imaginam que sòmente este pequenino planeta tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Muitos até pensam que os astros brilham no céu para alegrar seus olhos. Não se pode pôr em dúvida a sabedoria de Deus, que não concebe inutilidades e, certamente criou - e povoou com seres vivos - uma pluralidade de mundos com uma destinação bem mais séria do que a recreação dos homens.
Para se ter uma idéia da imensidão e infinitude do Universo, basta dizer que entre tantos bilhões de galáxias, a mais próxima da nossa, considerada irmã gêmea, a galáxia de Andrômeda, dista cerca de 2,2 milhões de anos-luz. Seria então absurdo supor-se que, entre tantos bilhões de galáxias, cada uma delas contendo bilhões de estrelas, em torno das quais hão de girar outros tantos planetas, somente a Terra gozasse o privilégio da vida.
O Livro dos Espíritos, questões 55 a 58, resume bem as características dos diversos mundos:
a) eles absolutamente não se assemelham; variam não só entre os diferentes tipos de corpos celestes, como também variam a sua constituição física. Entre os próprios planetas do Sistema Solar existem diferenças: uns são mais densos ( Mercúrio, Vênus, Terra) e outros menos densos e até mesmo fluídicos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno);
b) não sendo uma só para todos a constituição física dos Mundos, segue-se terem organizações diferentes os seres que os habitam, apropriadas ao meio onde vivem, do mesmo modo que os peixes são feitos para viver na água e os pássaros, no ar.
c) os mundos mais distantes do Sol possuem fontes de luz diferentes de luz e calor.
Os Espíritos afirmam e a razão endossa a idéia de que os diferentes mundos que circulam no espaço endossa a idéia de que os diferentes mundos que circulam no espaço são habitados, a exemplo do que ocorre na Terra. As condições de existência dos seres nos diferentes mundos devem ser apropriados ao meio em que têm de viver. Se nunca tivéssemos visto peixes, não compreenderíamos como alguns seres pudessem viver na água. O mesmo acontece com outros mundos, que sem dúvida contém elementos para nós desconhecidos. (...) Esses mundos podem conter em si mesmos as fontes de luz e calor necessários aos seus habitantes (LE, perg.58).
Bibliografia: LE- Cap.III-perg.55 a 58
C) HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO PAI
Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na Casa de meu Pai; se assim não fora, eu vo-lo teria dito (João 14:1-2).
Na obra de Deus reina a perfeição. Nela tudo é útil e harmonioso. O Universo infinito é algo sublimado e transcendental, que jamais poderá ser descrito pela linguagem humana. Já se eclipsou na voragem do tempo, a época em que se supunha se a Terra o centro do Universo. A teoria geocêntrica foi suplantada pela heliocêntrica e, após Galileu, as teologias terrenas tiveram que rever seus dogmas e seus conceitos. Jesus Cristo definiu esses mundos como sendo outras tantas moradas para o Espírito em sua escalada evolutiva rumo à perfeição. A casa do Pai é o Universo todo, e as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, oferecendo aos Espíritos estações apropriadas ao cumprimento de um prolongado processo evolutivo.
Os diversos mundos possuem condições muito diferentes uns dos outros, no tocante ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes, pois nem todos desfrutam do mesmo grau de progresso. Existem mundo inferiores à Terra, tanto física como moralmente, outros estão no mesmo nível e outros lhe são mais, ou menos, superiores em todos os aspectos. Os Espíritos, ao longo do seu processo evolutivo, habitam as diferentes moradas da Casa do Pai, tendo como ponto inicial o estado de simplicidade e ignorância; caminham através de uma escala bastante prolongada, possuindo como meta a angelitude. Nos mundos que já atingiram um grau superior de evolução, as condições da vida moral são muito diferentes daquelas que se verificam na Terra.
O corpo nada tem da materialidade terrena e não está, por isso mesmo, sujeito às necessidades, às enfermidades e às deteriorações oriundas da prevalência da matéria. A menor densidade específica torna mais fácil a locomoção. A Doutrina Espírita propicia aos homens uma visão bem mais clara e ampla do Universo, fazendo com que eles descortinem novos horizontes, animando-os da certeza da imortalidade da alma e do futuro radiante e grandioso que os aguarda. Embora seja tarefa sumamente difícil fazer uma classificação absoluta dos mundos, os Espíritos estabeleceram uma escala com cinco categorias distintas:
1 - Mundo primitivo: onde se verificam as primeiras encarnações da alma humana.
2 - Mundo de expiação e prova: onde o mal predomina.
3 - Mundo de regeneração: onde as almas que ainda têm algo a expiar adquirem novas forças, repousando das fadigas da luta.
4 - Mundos felizes: onde o bem predomina sobre o mal.
5 - Mundos divinos ou celestes: onde moram os Espíritos purificados e o bem reina plenamente.
A Terra está situada na faixa dos mundos de expiações e de provas, nela ainda predominam o mal; entretanto, afirmam os Espíritos Benfeitores que, futuramente, ela ascenderá à categoria de mundo de regeneração. Espíritos que habitam os mundos mais adiantados podem reencarnar na Terra para o desempenho de determinadas missões. Os apóstolos de Jesus, sem sombra de dúvida, eram Espíritos de elevada hierarquia, que aqui vieram com a missão grandiosa de acompanhar o Mestre no seu sublime messiado. Espíritos elevados que eram, encarnaram num mundo denso, onde predominava a maldade; eles sentiram-se deslocados e por isso, Jesus lhes disse: -Não se turbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim, acrescentando logo a seguir: - Há muitas moradas na Casa de meu Pai, se assim não fosse eu vos teria dito (João, 14: 1-2)
Como que pressentindo que aqueles homens se sentiriam desprotegidos e desamparados após a sua partida para as regiões celestiais, o Mestre lhes acenou com a afirmativa de que -"Ele iria na frente para lhes preparar o lugar". Isso, naturalmente, para lhes mostrar que, dada a elevação de seus Espíritos, eles não eram deste mundo e a eles estavam reservadas moradas nas regiões mais sublimes. Este ensinamento de Jesus não era esclusivamente destinado aos apóstolos, mas extensível a todas as criaturas humanas.
Bibliografia: GE - Cap. VI = LE - Cap. III = ESE - Cap. III ítens 1 a 5; 8 a 19.
QUESTIONÁRIO:

1 - O que se pode entender por universo?
2 - Como se formam os mundos, segundo a Doutrina Espírita?
3 - Como surgiram os seres vivos na Terra?
4 - Só a Terra tem o privilégio de ser habitada por seres racionais? Fundamente.
5 - Quais as características dos diversos mundos? Resuma.
6 - Pode-se conceber a vida em outros planetas? Comente.
7 - A que Jesus se referia quando afirmou: "Há muitas moradas na casa de meu Pai"?
8 - Como a Doutrina Espírita classifica os mundos, quanto às suas categorias evolutivas?
9 - Em que estágio encontra-se nosso Planeta, e por que Espíritos mais adiantados aqui reencarnam?
CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO 4ª. AULA
A) Os espíritos
Os Espíritos não são, como vulgarmente se acredita, uma criação distinta das outras. São as almas das pessoas que viveram na terra ou em outros mundos, despojadas de seu envoltório corporal.
Quem admite a existência da alma, sobrevivendo ao corpo, igualmente admite a dos Espíritos. Negar estes equivale a negar aquela. Comumente fazemos uma falsa idéia dos Espíritos. Estes não são, como alguns pensam, seres imprecisos e indefinidos, nem chamas como as dos fogos-fátuos, nem fantasmas como os dos contos fantásticos.
São seres semelhantes a nós mesmos e que, como nós, têm um corpo: mas fluídico e invisível em estado normal.
Durante a vida, quando unida ao corpo, a alma tem um duplo envoltório. Pesado, grosseiro e destrutível: o corpo. O outro fluídico, leve e indestrutível: o
perispírito.

Três coisas essenciais contam-se, pois, no homem:
1°) A alma ou Espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral.
2°) O corpo, envoltório material que coloca o Espírito em relação com o mundo exterior.
3°) O perispírito, envoltório leve, imponderável, que serve de laço intermediário entre o Espírito e o corpo.

O envoltório exterior sucumbe quando está gasto e já não pode realizar suas funções: o Espírito dele se liberta como o fruto se despoja da casca, a árvore da cortiça e a serpente da pele. Em outras palavras: como nos livramos de uma veste imprestável. A isto chamamos morte.
A morte é a simples destruição do envoltório material que a alma abandona, como a mariposa abandona a crisálida. A alma conserva, entretanto, seu corpo fluídico ou perispiritual.

A morte do corpo liberta o Espírito do envoltório que o prendia à Terra e lhe trazia sofrimentos. Uma vez desembaraçado dessa carga, fica-lhe apenas o corpo etéreo, que lhe permite percorrer os espaços e franquear as distâncias com a rapidez do pensamento.
A união da alma, do perispírito e do corpo material, constitui o homem. Separados do corpo, a alma e o perispírito constituem o ser denominado Espírito.

Os Espíritos possuem todas as percepções que tinham na Terra, ainda mais requintadas, por isso que essas faculdades não estão embaraçadas pela matéria. Experimentam sensações que nos são desconhecidas, vêem e ouvem coisas que nossos sentidos limitados não nos permitem ver nem ouvir.
Para eles não existem as trevas, salvo para aqueles cujo castigo consiste em viver nas sombras. Todos os nossos pensamentos repercutem neles que os lêem como num livro aberto. De modo que aqui­lo que podemos ocultar a alguém, enquanto vivo, não mais poderemos, desde que volte ao estado de Espírito. (L.E., 237).
Encontram-se os Espíritos por toda parte. Estão entre nós, ao nosso lado, observando-nos incessantemente. Sua contínua presença entre nós, torna-os agentes de diversos fenômenos. Desempenham um papel importante no mundo moral e, até certo ponto, no mundo físico. Constituem, assim, uma das potências da natureza.
A partir do momento em que se admite a sobrevivência da alma ou do Espírito, é racional admitir a dos afetos, sem os quais as almas de nossos parentes e amigos ser-nos-iam arrebatadas para sempre.
Como os Espíritos podem ir a toda parte, é igualmente racional admitir que os que nos amaram durante a vida terrena nos amem depois da morte; que viviam ao nosso lado, que conosco desejem comunicar-se e que, para conseguir, empreguem os meios à sua disposição. Isto é confirmado pela experiência.
Realmente, a experiência prova que os Espíritos conservam os afetos sérios que tinham na Terra, que se alegram de estar ao lado dos que amaram, principalmente quando atraídos pelo pensamento e pelos sentimentos afetuosos que se conservam, ao passo que se mostram indiferentes para com aqueles que lhes votam indiferença.Bibliografia : KARDEC, Allan. "Noções elementares de Espiritismo". In: O que é o Espiritismo. São Paulo, Lake, s.d.

B) noções práticas de espiritismo
Observações preliminares
1. É erro crer que a certos incrédulos basta presenciar um fenômeno extraordinário para se convencerem. Os que não admitem a existência da alma ou do Espírito, no homem, não podem admiti-la fora dele. Negando a causa, conseqüentemente negam o efeito. Apresentam-se, pois, quase sempre, com idéias preconcebidas, com a deliberação prévia de negar tudo, o que se impede de realizar uma observação séria e imparcial. Fazem perguntas e levantam objeções impossíveis de contestação completa no primeiro momento, pois seria preciso dar a cada um deles um curso de Espiritismo, explanando todos os princípios.
O estudo prévio tem a vantagem de responder às objeções, que na maior parte se fundam na ignorância da causa dos fenômenos e das condições em que se produzem.

2. Os que desconhecem o Espiritismo imaginam que os fenômenos espíritas se produzem como as experiências de física e química. Daí a pretensão de submetê-los à sua vontade e a recusa de se colocarem em condições necessárias à observação.
Sem admitir em princípio a intervenção dos Espíritos, desconhecendo sua natureza e sua maneira de agir, procedem como se trabalhassem a matéria bruta. E como não obtêm o que desejam, concluem que os Espíritos não existem.
Colocando-nos sob um outro ponto de vista, compreenderemos que, sendo os Espíritos as almas dos homens, depois da morte também seremos Espíritos. Ora, nós certamente, do mesmo modo, não estaremos dispostos a servir de joguete para satisfazer caprichos de pessoas curiosas.

3. Mesmo certos fenômenos que podem ser provocados, pela razão mesma de provirem de inteligências livres, jamais estão à inteira disposição de alguém; e quem quer que se orgulhasse de os obter à vontade, estaria apenas dando prova de ignorância ou de má-fé.
É preciso esperá-los, colhê-los de passagem, e muito amiúde acontece que, quando menos esperamos, apresentam-se os fenômenos interessantes e concludentes. Quem deseja instruir-se seriamente deve, pois, armar-se, nisto como em tudo, de paciência e de perseverança e sujeitar-se ao que for preciso, pois de outro modo mais vale não tratar do assunto.

4. As reuniões que se ocupam das manifestações espíritas nem sempre realizam as condições favoráveis à obtenção de resultados satisfatórios ou de molde a dar convicção.
Existem algumas de onde os incrédulos saem menos convencidos do que quando entraram. Então objetam, aos que falam do caráter respeitável do Espiritismo, com o relato dos acontecimentos (frequentemente ridículos), de que foram testemunhas.
Esses não serão mais lógicos do que os que julgam uma arte pelos desenhos de um principiante, uma pessoa por sua caricatura ou uma tragédia por sua paródia. O Espiritismo também tem seus aprendizes; e quem deseja instruir-se não bebe ensinamentos de uma só fonte, uma vez que, só pelo exame e pela comparação se pode firmar um juízo.

5. As reuniões frívolas têm um grave inconveniente para os novatos que as assistem: dão-lhes uma idéia falsa do caráter do Espiritismo. Os que assistem a reuniões desta natureza certamente não podem levar a sério uma coisa que vêem ser tratada levianamente por aqueles mesmos que se dizem seus adeptos. O estudo antecipado lhes ensinará a julgar a transcendência do que vêem e a distinguir entre o mau e o bom.
6. O mesmo raciocínio é aplicável aos que julgam o Espiritismo por certas obras excêntricas que dele dão uma idéia falsa e ridícula. O Espiritismo é tão responsável pelas faltas dos que o compreendem mal ou o praticam erradamente quando a poesia é responsável pelos maus poetas. Parece deplorável que haja tais obras nocivas à verdadeira ciência. Sem dúvida, seria preferível que só houvesse boas. Mas a maior culpa recai sobre os que não se dão ao trabalho de estudar a questão inteiramente.
Todas as artes e todas as ciências encontram-se no mesmo caso.
Porventura, a respeito das coisas mais sérias, não foram escritos tratados absurdos e cheios de erros? Por que seria o Espiritismo privilegiado, sobretudo no início?
Se os que o criticam não o julgassem pelas aparências, ficariam sabendo o que ele repele, e não lhe atribuiriam aquilo que repudia em nome da razão e da experiência.
Bibliografia: KARDEC, Allan. O principiante espírita.
C - REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS ESPÍRITOS

EvoluçãoO Espiritismo é o Cristianismo redivivo, consequência direta da doutrina do Cristo. Define os laços que unem a alma ao corpo e levanta o véu que ocultava aos homens os mistérios da morte.
Sabemos que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, são criadas iguais, com idênticas aptidões para progredir, em função do seu livre-arbítrio.

Deus, a ninguém dispensou do trabalho, para progredir. Desde que toda a criação deriva da grande Lei da Unidade que rege o Universo e que todos os seres gravitam para a perfeição relativa (porque perfeição absoluta é Deus), não existem favorecidos em detrimento de outros, pois todos sofrem as consequências de suas próprias obras.
Os Espíritos adquirem conhecimento, passando pelas provas que Deus lhes impõe (L.E., 115 ). Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação e assim permanecem (por sua culpa) distanciados da perfeição e da felicidade prometida.
À medida que os Espíritos avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquire o conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionário, mas não retrogradar.Ao adquirir consciência de si mesmo, o seu livre-arbítrio vai se desenvolvendo.
A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a todos, porque assim cada um tem o mérito das suas obras.

ReencarnaçãoDesde tempos imemoriais, o homem possui o sentimento da imortalidade do Espírito. Civilizações antigas que antecederam o advento do Cristo Planetário, trazem-nos os ensinamentos referentes ao assunto. Há muito sabemos que todos nós somos Espíritos imortais.
Sabemos ser Elias uma encarnação anterior de João, o Batista, aquele que teve como tarefa reconhecer a Jesus, como enviado de Deus, para nos orientar e instruir. A lição de Nicodemos também é lembrada por todos nós. É necessário renascer de novo, Jesus lhe falou.

Raciocinemos juntos: como poderíamos encarar a justiça de Deus, observando ao nosso redor, homens simples, aparentemente bons, no maior sofrimento moral, com a miséria estampada nas faces? Como encarar a Justiça Divina, ao tirar a vida de um recém-nascido, filho de pais boníssimos?
Existem Leis Imutáveis. As mesmas leis que governam os corpos celestes, governam o nosso Planeta e todos nós. Justas, todas atuam em benefício de nosso crescimento para Ele, como Espíritos imortais, que somos.
Devemos aos Espíritos que nos trouxeram conhecimentos sob a égide do Espírito da Verdade, explanações de nosso mundo real, que é o mundo dos Espíritos e que esquecemos, quando aqui reencarnariamos.

E por que esquecemos? Porque poderíamos nos tornar orgulhosos, envaidecidos ou, então, aborrecidos por nos reconhecermos inferiores, por praticarmos atos que nos envergonhariam se deles nos lembrássemos nesta existência.
Assim, temos por uma Lei de Ação e Reação, por nosso livre-arbítrio, pelo bem ou pelo mal que praticamos, existências mais ou menos felizes aqui neste Planeta.
Planeta este que é de Expiações e Provas. Isso significa que aqui não temos uma felicidade completa.
E onde se encontra a Felicidade? Encontra-se no coração daqueles que, fazendo o bom uso do livre-arbítrio, só praticam o bem. Daqueles que, conhecendo o Evangelho de Jesus, não só o lêem como o praticam.
Sobrevivência do EspíritoVerificamos assim, que sem a preexistência da alma, a doutrina do pecado original seria não somente inconciliável com a justiça de Deus como tornaria todos os homens responsáveis pela falta de um só. Com a preexistência, o homem traz ao renascer o gérmen das suas imperfeições e sofre a pena das sua próprias faltas e não a de outrem.

Da mesma maneira, ao progredir, o Espírito traz virtudes ou conhecimentos já adquiridos.
Estudando as propriedades dos fluidos e a ação deles sobre a matéria, o Espiritismo demonstrou a existência do Perispírito (envoltório inseparável da alma, é um dos elementos constitutivos do ser humano e durante a vida do corpo, serve de ligação entre este e a matéria, sendo o veículo de transmissão do pensamento).

E no perispírito que se registram, automaticamente, todos os estados da alma. Cada existência terrena deixa no perispírito a sua impressão.D) INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO
"Todos sabemos da necessidade de paz íntima - da paz que nos patrocine a segurança.
"Não desconhecemos que todos respiramos num oceano de ondas mentais, com o impositivo de ajustá-las em benefício próprio.
"Vasto mar de vibrações permutadas.
"Emitimos forças e recebemo-las.
"O pensamento vige na base desse inevitável sistema de trocas.
"Queiramos ou não, afetamos os outros e os outros nos afetam, pelo mecanismo das idéias criadas por nós mesmos."

Assim Emmanuel inicia o prefácio de Sinal Verde, ditado pelo Espírito André Luiz, enfatizando nossa condição de aparelhos transmissores e receptores de ondas mentais. Num mundo tão heterogêneo como este em que vivemos, essas ondas aparecem nas mais variadas frequências, de acordo com a equipagem evolutiva de cada um.
Temos muitas vezes ao nosso lado uma multidão de Espíritos, que nos vêem e conhecem os nossos pensamentos. Sua influência sobre nós, portanto, é maior do que podemos supor e muito frequentemente são eles que nos dirigem (L.E.,459). Os pensamentos que nos são sugeridos podem revelar-se positivos ou negativos, mas nós somos senhores de nossa vontade. As decisões que tomamos, segundo o nosso livre-arbítrio, são de nossa responsabilidade.
Cabe a nós, nas diversas situações de nossa vida, examinar criteriosamente as sugestões que nos vêm à mente, pois podem ser de um bom Espírito ou de um Espírito menos evoluído. A diferença é que "os bons Espíritos não aconselham senão o bem " (L.E., 464). O problema de ter um bom ou um mau Espírito a nos ao influenciar é questão de atração e sintonia, ou seja, o Espírito inferior só pode nos causar algum mal porque os atraímos pelos nossos desejos ou pelos nossos pensamentos. Sua presença costuma nos causar um sentimento de angústia, de ansiedade indefinível interior sem causa conhecida (L.E.471).
Como podemos fazer para neutralizar a influência desses Espíritos inferiores? Atraindo os bons, pela prática do bem e pela confiança em Deus. Não há antídoto mais eficaz. Jesus, na oração dominical, recomenda-nos pedir: "Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal", porque sabia que as tentações estão no íntimo de cada um e que nós só deixaríamos de sucumbir a elas através da prece que brotasse dos nossos corações, com sinceridade e fervor.
As tentações que abrigamos no mundo psíquico são o mal que ainda não conseguimos eliminar; são nossos maus hábitos, nossos vícios, nossas concepções errôneas, que muitas vezes nos fazem agir em sentido contrário ao que gostaríamos.

Essas tentações constituem-se em fatores adversos do nosso caráter, rebaixando nosso padrão vibratório, e frequentemente são os elos da cadeia que ligam nossos pensamentos aos dos Espíritos que se encontram nessa faixa inferior de vibrações. Com isso, muitos atos de nossa vida cotidiana (posturas, gestos, palavras, leituras, idéias, etc.) acabam caindo na área de influência dessa categoria de Espíritos, moldando nossa conduta, sem que o percebamos, visto que o envolvimento é extremamente sutil.
E os Espíritos não só se aproveitam das circunstâncias para produzir-nos ao mal; eles também as provocam, algumas vezes, encaminhando-nos para o objeto do nosso interesse, isto é, para situações em que somos tentados a agir contra a lei natural ou contra os princípios éticos e morais que deveríamos respeitar, pois sabem que somos passíveis de queda.QUESTIONÁRIO

1) Os Espíritos influenciam nossa vida?
2) De que forma os Espíritos podem nos causar algum mal?
3) O que são as nossas tentações?
4) Qual a importância do estudo no Espiritismo?
5) Por que se deve evitar reuniões frívolas?
6) Como procedem os que desconhecem o Espiritismo?
7) Como deve conduzir-se quem deseja instruir-se seriamente na Doutrina Espírita?
8) Quais os elementos essenciais materiais e espirituais que formam o homem?
9) Qual a diferença entre alma e Espírito?
10) Em que passagens do Evangelho, podemos ter a prova da reencarnação?
11) Como se dá a evolução do Espírito?
12) Qual a relação entre reencarnação e a Justiça Divina?

 

CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO - 3ª aula


A) As 5 Alternativas da humanidade; B) Deus, Espírito e Matéria; C) Propriedades da Matéria; D) Servir a Deus e a Mamon

A) As cinco alternativas da humanidade. As alternativas da humanidade em relação ao mundo espiritual resultam das seguintes doutrinas: materialismo, panteísmo, deísmo, dogmatismo e Espiritismo.
Doutrina Materialista: A inteligência do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com o organismo. O homem nada é antes, nem depois da vida corporal.
Consequências. Tendo o homem apenas matéria, os gozos materiais são as únicas coisas reais e desejáveis; as afeições morais carecem de futuro; a morte quebra os laços morais sem remissão e para as misérias da vida não há compensação; o suicídio vem a ser o fim racional e lógico da existência, quando não se pode esperar atenuação para os sofrimentos; o bem e o mal, meras convenções; por freio social, unicamente a força material da lei civil.

Doutrina Panteísta: O princípio inteligente, ou alma, independente da matéria, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum, como as gotas de chuva ao oceano.
Consequências. Sem individualidade e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não existisse. As consequências morais desta doutrina são exatamente as mesmas que as da doutrina materialista.

Doutrina Deísta: Deísmo compreende duas categorias de crentes: os deístas crentes e os deístas providencialistas. Deus, dizem os dependentes, estabeleceu as leis gerais que regem o universo; mas, uma vez estabelecidas, estas leis funcionam por si só e aquele que as promulgou de mais nada se ocupa. O deísta providencialista crê não só na existência e do poder criador de Deus na origem das coisas, como também crê na sua intervenção incessante na criação e a ele ora, mas não admite o culto exterior e o dogmatismo atual.
Doutrina Dogmática: A alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte; desde esse momento, tem irrevogavelmente determinada a sua sorte; nulos lhe serão quaisquer progressos ulteriores; ela será, pois, por toda a eternidade, intelectual e moralmente, o que era durante a vida. Sendo os maus condenados a castigos perpétuos e irremissíveis no inferno, completamente inútil lhes resulta todo arrependimento. Os casos que possam merecer o céu ou o inferno, por toda a eternidade, são deixados à decisão e ao juízo de homens falíveis, aos quais é dada a faculdade de absolver ou condenar.
Consequências. Esta doutrina deixa sem solução os graves problemas seguintes:
- De onde vêm as disposições morais e intelectuais, inatas aos homens.7
- Qual a sorte das crianças que morrem em tenra idade?
- Qual a sorte dos idiotas que não têm consciência dos seus atos?
- Onde está a justiça das enfermidades de nascença, uma vez que não resultam de nenhum ato da vida presente?
- Qual a sorte dos selvagens e de todos os que forçosamente morrem no estado de inferioridade moral em que foram colocados pela natureza, se não lhes é dado progredirem ulteriormente7
- Por que cria Deus umas almas mais favorecidas do que as outras?
- Por que criou Deus anjos em estado de perfeição sem trabalho, ao passo que outras criaturas são submetidas às mais rudes provações em que têm maior probabilidade de sucumbir, do que de sair vitoriosas?

Doutrina Espírita: O princípio inteligente independe da matéria. A alma individual preexiste e sobrevive ao corpo. O ponto de partida ou de origem é o mesmo para todas as almas, sem exceção; todas são criadas simples e ignorantes e sujeitas ao progresso indefinido. Nada de criaturas privilegiadas e mais favorecidas do que outras. Os chamados anjos são seres que chegaram à perfeição, depois de haverem passado, como todas as criaturas, por todos os graus de inferioridade. As almas ou Espíritos progridem mais ou menos rapidamente, pelo uso do livre-arbítrio, pelo trabalho e pela boa vontade.
- A vida espiritual é vida normal. O Espírito progride no estado corporal e no estado espiritual.
- As crianças que morrem em tenra idade podem ser Espíritos mais ou menos adiantados, porquanto já tiveram outras existências em que praticaram o bem ou cometeram ações más.
- A alma dos idiotas é da mesma natureza que a de qualquer outro encarnado; possuem muitas vezes grande inteligência, da qual abusaram em existências pretéritas e aceitaram voluntariamente a situação de impotência para usá-la, a fim de expiarem o mal que praticaram.
Princípios Básicos- A preexistência da alma ao nascimento e sua sobrevivencia após a morte do corpo físico, com um corpo espiritual ou perispírito. - Pluralidade das existências e justiça das aflições. - Progressão dos Espíritos. - Comunicação com os Espíritos desencarnados e a in­tervenção destes no mundo corpóreo.

Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao homem, para o seu futuro além-túmulo;

1°) o nada, segundo a doutrina materialista;
2°) a absorção no todo universal, segundo a doutrina panteísta;
3°) a conservação da individualidade, com fixação definitiva da sorte, segundo a doutrina dogmática;
4°) a conservação da individualidade, com o progresso infinito, segundo a doutrina espírita.

De acordo com as duas primeiras, os laços de família são rompidos pela morte e não há nenhuma esperança de se reencontrarem; com a terceira, há possibilidade de se reverem, desde que estejam no mesmo meio, podendo ser esse meio o inferno ou o paraíso; com a pluralidade das existências, que é inseparável do progresso gradual, existe a certeza da continuidade das relações entre os que se amam, e é isso o que constitui a verdadeira família.

B) DEUS, Espírito e Matéria
Há séculos que a chamada Trindade Universal tem sido o fundamento do Cristianismo, trata-se do mito antropológico de Deus, o qual tomou a forma de três pessoas distintas. Pai, Filho e Espírito Santo

Nesta concepção mística de Deus, a Trindade erigiu-se no mais profundo mistério da Teologia Cristã. A Doutrina Espírita, por sua vez, na busca de uma compreensão racional dessa realidade, substitui as três pessoas da Trindade pelas três realidades essenciais do Universo: Deus, Espírito e Matéria - a trilogia fundamental ou causas primárias do Universo.
DEUS: A causa primária de todas, não teve princípio, mas todas as coisas subsistem pelo influxo de seu poder criador. Em assim sendo, espírito e matéria são os princípios ou causas de Segunda Ordem, essências constituintes do Universo, que marcam os primórdios da criação. Por mais distante que se possa colocar o início dessa obra, é inaceitável compreender Deus ocioso por um segundo sequer, conforme a pergunta 21 de L.E.
ESPÍRITO: É o princípio inteligente do universo (LE, perg. 23). Por princípio entende-se aqui o fundamento que dá origem ao Universo, e nele permanece como essência universal. Portanto, por espírito entende-se, aqui o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades designadas por esse nome (LE, perg. 25a).
MATÉRIA: Em sua origem consiste no princípio material, ou seja, no Fluido Cósmico, matéria geratriz que passa por várias modificações até formar as coisas e seres materiais. É a partir dessas metamorfoses que surgem os elementos fundamentais da natureza, as aglomerações de átomos, que por sua vez darão origem às formas materiais.
De Deus originam-se assim esses dois princípios universais, de natureza diferentes e distintos um do outro, mas é fundamental a união do espírito com a matéria - em seu estado essencial - para dar inteligência a esta (LE, perg. 25), e portanto dar origem à multiplicidade de seres da criação.

BIBLIOGRAFIA: LE, Cap. II - ítens I e II - perg. 17 a 28.
C - PROPRIEDADES DA MATÉRIA
A matéria existe em estados que não conheceis - dizem os Espíritos. Ela pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que não produzem nenhuma impressão em vossos sentidos; entretanto, será sempre matéria, embora não a seja para vós.

O Fluido Universal, ou Fluido Cósmico é imponderável para nós (isto é, sem peso), pois é formado de matéria etérea e sutil. Há, pois regiões em que a matéria encontra-se ainda em estado muito sutil e rarefeita. Em assim sendo, a ponderabilidade é uma propriedade relativa. Fora das esferas de atração dos mundos, não há peso, da mesma maneira que não há alto nem baixo (LE, perg. 29).

Nesse estado encontra-se assim, o Fluido Cósmico, princípio gerador de todas as coisas, o qual é impossível de ser aprendido pela percepção sensível, ou seja, pelos parcos cinco sentidos de que dispõe o organismo humano. As múltiplas formas da matéria surgem a partir desse Fluido Cósmico ou matéria primitiva, de cuja transformação originam-se os elementos químicos que compõem a Natureza. Convém aqui esclarecer o processo das formas materiais, até atingirem o estado de solidez:
1 - ÁTOMOS: São agrupamentos de partículas: elétrons, prótons e nêutrons.
2 - MOLÉCULAS: São agrupamentos de átomos unidos por ligações químicas.
3 - ELEMENTOS: São conjunto ou aglomerados de átomos da mesma natureza. Exemplo: hidrogênio, ferro, etc.. São as formas mais simples da matéria.
4 - SUBSTÂNCIAS OU COMPOSTOS: São compostas por um número limitado de moléculas. Exemplo: água, ácido clorídrico, etc..
5 - CORPOS: São porções limitadas da matéria.

Assim, as diferentes propriedades da matéria passam a existir das modificações que as moléculas elementares sofrem, ao se unirem em determinadas circunstâncias (LE, perg. 31). Quando passa a assumir a variedade das formas, a matéria passa a ser apreendida pela percepção sensorial. Em assim sendo, do ponto de vista do ser humano, define-se a matéria como aquilo que tem extensão, que pode impressionar os sentidos e é impenetrável (LE, perg. 22). Pode-se assim resumir as propriedades da matéria:
IMPENETRABILIDADE: é a propriedade pela qual dois ou mais corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo.
EXTENSÃO: todo corpo material ocupa um lugar no espaço, passando a ter as três dimensões (comprimento, largura e altura).
DIVISIBILIDADE: é a propriedade que tem a matéria de ser dividida, e que lhe confere a condição de poder ser pesada.

Além dessas propriedades primárias, a matéria primitiva ao transformar-se adquire outras qualidades secundárias: o sabor, o odor, as cores, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos que não seriam mais do que modificações de uma única e mesma substância primitiva (LE, perg. 32). No entanto, estas qualidades são apenas subjetivas, ou seja, elas não existem em si mesmas, mas só existem pela disposição dos órgãos destinados a percebê-las (LE, perg. 32).D) SERVIR A DEUS E A MAMON
"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará a um e amará ao outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir, ao mesmo tempo, a Deus e a Mamon". (Lucas, Cap. XVI, v. 13)
Não se pode servir ao mesmo tempo a Deus e à riqueza foi o sentido das palavras de Jesus nesta passagem evangélica, pois Mamon era a divindade pagã que simbolizava a riqueza. Ao colocá-lo frente a Deus conclamando os homens a escolherem entre eles, o Mestre fez uma clara advertência àqueles que se deixam escravizar pela posse dos bens materiais, esquecendo-se do verdadeiro tesouro do Espírito imortal; muito embora Espírito e Matéria seja os princípios constitutivos do Universo, importa colimar sempre os valores reais e eternos do Espírito.

A afirmativa de Jesus diz respeito ao fato de que o homem não pode viver exclusivamente pelas coisas materiais e comprometer sua evolução espiritual, pois é impossível conciliar dois princípios opostos entre si: uma mesma fonte não pode jorrar água pura, cristalina, e ao mesmo tempo jorrar água contaminada. Contudo, é necessário ressaltar que Deus não condena a riqueza e ninguém será condenado por ser rico. O alerta de Jesus é para o mau uso; é uma advertência para os que não sabem aplicar os bens que possuem, pois os riscos dessa perigosa prova terrena são justamente sua carga negativa de tentações e fascinação que o poder decorrente de seus efeitos exerce sobre os homens, é a algema mais poderosa que o prende às origens grosseiras da matéria.

Mais adiante Jesus narrou a parábola do avarento que, preocupado em acumular cada vez mais suas fartas colheitas, construiu enormes celeiros para a estocagem de seus bens; feito isso disse este homem: "Minha alma tu tens muitos bens reservados para vários anos; repousa, come, bebe, ostenta. Mas Deus ao mesmo tempo disse a esse homem: "Insensato que és! Vai ser retomada tua alma esta noite mesmo; e para quem será o que amontoaste?" (ESE, cap. XVI, ítem 3).
A riqueza é uma ferramenta que a Providência Divina coloca à disposição do homem para o seu aprimoramento espiritual, que tanto pode ser útil a serviço do bem como a serviço do mal, na medida em que o apego a ela exacerba o orgulho, o egoísmo, a indiferença com o sofrimento alheio. Com ela pode-se devolver a esperança para os que desfaleceram na luta, pode-se devolver a fé para aqueles que choram no seu infortúnio, mas principalmente pode ser a força divina de transformação social no advento do Terceiro Milênio.
Cabe ao homem trabalhar para a evolução espiritual e material do mundo físico, em decorrência da Lei de Reencarnação como etapa indispensável para a aprendizagem do Espírito. O trabalho cumulativo do ser humano desde o seu ingresso no reino hominal, modificando a face do planeta através dos milênios, criando, desenvolvendo, acumulando conhecimentos e bens materiais não significa pontos negativos aos olhos de Deus, mas é o caminho por Ele traçado para o desenvolvimento do planeta, enquanto mundo de provas e expiações. É na prova reencarnatória da riqueza que o homem burila seus sentimentos, corrige suas imperfeições, resolve os conflitos de vidas passadas em luta pela posse insaciável dos bens terrenos, em detrimento da caridade e do amor ao próximo.
A sabedoria divina utiliza nas provas terrenas de seus filhos a pobreza para uns, como prova de paciência e resignação; para outros proporciona a riqueza como prova de caridade, humildade, renúncia e desprendimento. Os tesouros acumulados no mundo pertencem a Deus; o homem é apenas seu administrador, e serão cobradas contas do bom ou mau uso; infeliz daquele que os empregou apenas para sua satisfação pessoal.
Aqueles que servem a Deus, colocam suas riquezas a serviço dos mais necessitados. Este servir não é apenas desenvolver a caridade fria e egoísta que consiste em dar o supérfluo, mas a caridade que ampara a pobreza, que ergue sem humilhar, que gera trabalhos e ordem social, que oferece recursos para o desenvolvimento científico, que distribui entre os infortunados o pão do trigo e o pão do amor. Para esses, nada há de faltar.
QUESTIONÁRIO

1) Como o Espiritismo compreende a Trindade Universal racionalmente?
2) O que é espírito?
3) De onde se origina a matéria? Dê exemplos de suas modificações.
4) Em que estados encontram-se a matéria?
5) Qual o processo de constituição das formas materiais?
6) Quais as propriedades primárias da matéria?
7) O que simbolizava Mamon?
8) Jesus condenou a riqueza?
9) Qual a mensagem implicita de Jesus nessa passagem?

CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO - 2ª aula

A) O MAIOR MANDAMENTO -  "O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XI, itens 1 a 4"


"Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas."

"Amar ao próximo como a si mesmo, fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós", é a expressão mais completa da caridade porque resume todos os deveres do homem para com o próximo." - Cap. XI:4.
Provavelmente, não existe em nenhum tópico da literatura mundial figura mais expressiva que a do samaritano generoso, apresentada por Jesus para definir a psicologia da caridade.
Esbarrando com a vítima de malfeitores anônimos, semimorta na estrada, passaram dois religiosos, pessoas das mais indicadas para o trato da beneficência, mas seguiram de largo, receando complicações.
Entretanto, o samaritano que viajava, vê o infeliz e sente-se tocado de compaixão.
Não sabe quem é. Ignora-lhe a procedência.
Não se restringe, porém, à emotividade.
Pára e atende.
Balsamiza-lhe as feridas que sangram, coloca-o sobre o cavalo e condu-lo à uma hospedaria, sem os cálculos que o comodismo costuma traçar em nome da prudência.
Não se limita, no entanto, a despejar o necessitado em porta alheia. Entra com ele na vivenda e dispensa-lhe cuidados especiais.
No dia imediato, ao partir, não se mostra indiferente. Paga-lhe as contas, abona-o qual se lhe fora um familiar e compromete-se a resgatar-lhe os compromissos posteriores, sem exigir-lhe o menor sinal de identidade e sem fixar-lhe tributos de gratidão.
Ao despedir-se, não prende o beneficiado em nenhuma recomendação e, no abrigo de que se afasta, não estadeia demagogia de palavras ou atitudes, para atrair influência pessoal.
No exercício do bem, ofereceu o coração e as mãos, o tempo e o trabalho, o dinheiro e a responsabilidade. Deu de si o que poderia por si, sem nada pedir ou perguntar.
Sentiu e agiu, auxiliou e passou.
Sempre que interessados em aprender a praticar a misericórdia e a caridade, rememoremos o ensinamento do Cristo e façamos nós o mesmo.
Emmanuel
Do Livro: Livro da Esperança
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: CEC



B) RESUMO HISTÓRICO DO ESPIRITISMO  Sérgio Biagi Gregório

 O objetivo deste estudo é mostrar que a idéia espírita sempre existiu. Embora Allan Kardec tenha criado os termos Espiritismo e Espírita, no sentido de estabelecer uma terminologia própria, ele nada inventou. Quem consultar os livros básicos da Doutrina Espírita verá que ele apenas organizou, com o auxílio dos Espíritos e dos médiuns, os princípios fundamentais que consubstanciam o relacionamento entre os encarnados e os desencarnados.

A INVASÃO ORGANIZADA
 Arthur Conan Doyle, em a História do Espiritismo diz "é impossível fixar uma data para as primeiras aparições de uma força inteligente exterior, de maior ou menor elevação, influindo nas relações humanas. Os espíritas tomaram oficialmente a data de 31 de março de 1848 como o começo das coisas psíquicas, porque o movimento foi iniciado naquela data. Entretanto não há época na história do mundo em que não se encontrem traços de interferências preternaturais e seu tardio reconhecimento pela humanidade. A única diferença entre esses dois episódios e o moderno movimento é que aqueles podem ser apresentados como casos esporádicos de extraviados de uma esfera qualquer, enquanto os últimos têm as características de uma invasão organizada.

OS DOIS GRANDES MARCOS DO ESPIRITISMO

1)      O FENÔMENO DE HYDESVILLE — Estado de Nova Iorque, USA, 31.03.1848: família Fox, protestante, composta de pai, mãe e duas filhas (Kate, 11 anos, e Margareth, 14 anos). Por uma brincadeira (bater na parede), a filha menor comunicou-se com o Espírito de um mascate, Charles Hosma, fato comprovado por mais de 200 pessoas.
Depois do fenômeno de Hydesville, em 1848, tivemos a febre das experiências das mesas girantes, que se alastrou pelo mundo todo. Foi justamente através desse fenômeno de efeitos físicos que o Espiritismo se ergueu. Allan Kardec, sendo adepto do magnetismo, tinha um amigo, que era magnetizador, o Sr. Fortier. Este freqüentava as sessões em que as mesas giravam. O Sr. Fortier lhe disse um dia: "Eis aqui uma coisa que é bem mais extraordinária: não somente se faz girar uma mesa, magnetizando-a, mas também se pode fazê-la falar. Interroga-se, e ela responde." — Isso, replicou o Sr. Rivail, é uma outra questão: eu acreditarei quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir, e que pode tornar sonâmbula. Até lá, permita-me que não veja nisso senão uma fábula para provocar sono. (Kardec, 1981, p.14). Passou, depois, a estudar o fenômeno até a publicação de O Livro dos Espíritos, em 1857.

 2) LANÇAMENTO DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS (18 DE ABRIL DE 1857).


 
ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO
No item I – Espiritismo e Espiritualismo, da Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, constante de O Livro dos Espíritos Kardec esclarece:
"Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo tem uma significação bem definida; dar-lhes outra, para aplicá-las à Doutrina dos Espíritos, seria multiplicar as causas já tão numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista; mas não se segue daí que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível.
Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo empregaremos, para designar esta última crença, as palavras espírita e Espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que por isso mesmo tem a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando para espiritualismo a sua significação própria. Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.

Espiritismo, Sincretismo e Cultos Afro-Brasileiros

Na obra Africanismo e Espiritismo – Cap. I, Deolindo Amorim afirma:
"Tem-se procurado, aliás sem razão plausível, confundir o Espiritismo com velhas práticas afro-católicas, enraizadas no Brasil desde o período colonial. Argumenta-se, em defesa de tal suposição, que nas práticas africanas se verificam manifestações de espíritos, o que, no entender de muitas pessoas, é suficiente para dar cunho espírita a essas práticas. O raciocínio é mais ou menos este: onde há manifestações de espíritos, há Espiritismo; logo, as práticas fetichistas são também práticas espíritas, porque nelas se faz evocações de espíritos".
"Não se discute que o objetivo do culto afro-católico, com todos os seus elementos religiosos e culturais, seja ou não o Bem; mas o que se acentua é que Espiritismo não se identifica nem se confunde com o Africanismo. A prática deste último obedece a prescrições ritualísticas, enquanto a prática espírita dispensa e rejeita qualquer fórmula sacramental, qualquer objeto de culto etc..."
A propósito, cabe esclarecer que não existe espiritismo de mesa, alto espiritismo, baixo espiritismo, espiritismo de mesa branca, e outras expressões similares. Existe somente Espiritismo.

 
O ASPECTO TRÍPLICE DA DOUTRINA ESPÍRITA

Grupo Berlinense de Estudos e Divulgação da Doutrina Espírita ("BSÖS")


No preâmbulo do livro "O QUE É O ESPIRITISMO", Allan Kardec definiu o Espiritismo como sendo:
"uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal"
E destacando os aspectos que constituem a doutrina dos espíritos, acrescenta o Codificador:
"O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas conseqüências morais que decorrem dessas relações"
Essa definição nos mostra que o alcance do Espiritismo é bem mais amplo do que podemos imaginar. Analisando com maior cuidado a seqüência de trabalhos seguida pelo Codificador,perceberemos que esta abrangência se justifica. Inicialmente, Kardec lançou mão da sonda da investigação para poder comprovar a veracidade dos fatos (ciência); em seguida, percebendo que poderia extrair conteúdo mais nobre daqueles fenômenos, formulou questões de elevado teor filosófico (filosofia); na seqüência, retomando as pesquisas científicas constatou que aquelas verdades, trazidas sob a coordenação dos espíritos superiores estavam entrelaçadas a conseqüências morais-religiosas para o Homem (religião).
Desta forma, a Doutrina Espírita precisa ser estudada e compreendida em seu tríplice aspecto, a fim de se evitar que ocorram distorções, comuns em todo corpo de conhecimento, visto que cada um de nós tendemos a interpretar as coisas da maneira que mais nos convém, mais nos agrada ou que nossas experiências pessoais permitem.

O ASPECTO FILOSÓFICO do Espiritismo ocupa-se com a finalidade da vida e com a destinação da alma. Mostra-nos através de um racioínio lógico que fomos todos criados simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento e sem moral desenvolvida, e que através de vidas sucessivas caminhamos para a nossa destinação que é a felicidade

O ASPECTO CIENTÍFICO Ocupa-se essencialmente com os fenômenos espíritas, isto é, os fenômenos produzidos por espíritos - tem, portanto, a finalidade da comprovação, da consolidação da realidade do espírito


O ASPECTO RELIGIOSO fundamenta-se em Jesus, conforme se lê na questão 625 de O Livro dos Espíritos :
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para, lhe servir de guia e modelo ? "Jesus"

DEUS - 1ª Aula do Curso de Iniciação ao Espiritismo


A prova da existência de Deus

Tudo que existe tem uma causa
O efeito nunca e superior à causa
Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente
Tudo que existe chamamos DEUS

Teria o Universo se formado por acaso?

Não há acaso no Universo. Nele, tudo obedece a leis.
A vida material é regida por leis físicas.
A vida do espírito é regida por leis morais.

A Natureza se criou a si mesma?

"O mundo é um relógio e não posso imaginar que não haja o relojoeiro" ( Voltaire).

Se compararmos o Universo a um imenso relógio e sua natureza, a ordem e harmonia estão atestando que ele tem um criador inteligente, de uma inteligência superior a qualquer outra que conheçamos, já que o próprio ser humano ( ápice da inteligência na Terra) é, ele mesmo, uma criatura, um efeito desse Criador, e não tem a mesma capacidade de Deus, não é capaz de criar como ele o faz.

Definição Espírita de DEUS

Que é Deus?
Deus é a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas.
 DEUS DA FÉ E DEUS DA RAZÃO
 Descartes, no âmago da sua lucubração racionalista, descobre Deus através da razão. Pascal, por outro lado, fala-nos que só podemos conhecer Deus através da Fé. A dicotomia entre fé e razão sempre existiu ao longo do processo histórico. Aceitar Deus pela razão é um atitude eminentemente filosófica; enquanto aceitar Deus pela fé é uma atitude preponderantemente religiosa.
De acordo com o Espiritismo, a fé é inata no ser humano, ou seja, ela é um sentimento natural, que precisa, contudo, ser raciocinado. Não adianta apenas crer; é preciso saber porque se crê. É nesse sentido que Allan Kardec elaborou a codificação. Observe que junto ao título de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o Codificador colocou uma frase lapidar: "Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade". Quer dizer, nunca aceitar nada sem o crivo da razão.
A visão de DEUS
Ninguém jamais viu DEUS, porque DEUS é espírito e não pode ser percebido pelos sentidos comuns da materia, assim sendo não podemos ver DEUS com oc olhos do corpo. Embora nos seja invisível, Deus não nos é totalmente desconhecido, porque ele se afirma ante nossa compreensão por todas as suas obras (a Criação) e podemos senti-Lo espiritualmente, nas vibrações do seu infinito amor. Precisamos desenvolver nosso conhecimento e sensibiliadade espiritual para perceber, entender e sentir a divina presença e ação de Deus em tudo que existe, em tudo que acontece. Os espíritos altamente evoluídos já vêem a Deus de um modo mais perfeito e poden nos fazer revelaçoes a respeito do Criador sempre, porém, dentro do que já se pode entender e sentir.
Os atributos de Deus

Deus não pode deixar de ser sem deixar de ser Deus. Êle de ser Deus. Desta forma podemos fazer ao menos uma idéia de alguns dos seus atributos.   Deus é:

- ETERNO Não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio. de onde teria se originado: do nada? de um outro ser? Se tivesse fim, que haveria depois dele?
- Imutável Não muda, não se modifica. Se estivesse sugeito a mudanças, as suas leis (que regem o universo) nenhuma estabilidade teriam, seria o caos (a desordem, a confusão).
- Imaterial Se fosse material, também seria mutável, sujeito a transformações, como a matéria é. Mas sua natureza é diferente de tudo que conhecemos como matéria. Por isso, não tem forma perceptível aos nossos olhos, nem podemos formar dele uma idéia material.
- Único Não há outro como Ele.. Se houvesse outros deuses, não heveria unidade de objetivos nem de poder, na ordenação de tudo no Universo.
- Onipotente Tudo pode. Todo o poder está em Deus, porque Ele a tudo fez e, portanto, tudo pode sobre a sua Criação.
- Soberanamente Justo e Bom Não podemos duvidar da justiça e bondade de Deus, porque a sabedoria providencial de suas leis se revela nas pequeninas como nas maiores coisas de tudo que Ele criou.

Conclusão

O pouco desenvolvimento das faculdades do ser humano ainda não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus, porque o homem na infância da humanidade fez de Deus representações antropomoformicas e muitas vezes o confundiu com as criaturas, cujas imperfeições Lhe atribuiu. Na medida que no homem vai desenvolvendo o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então faz da Divindade uma idéia mais justa e mais conforme à sã razão, mesmo que sempre incompleta. Ainda nos é muito difícil falar sobre Deus. O importante é que o Sintamos como nosso Pai Criador, bom e justo e que esse conhecimento que temos de Deus venha a nos auxiliar em todos os momentos, ajudando-nos a ter fé, força e vontade para agir em todas as situações da vida.
Aprendamos com Jesus que a verdadeira adoração a Deus se faz em espírito (pelo exercício de nosso eu espiritual, usando o pensamento, sentimento e vontade) e em verdade ( usando da sinceramente e não só de aparencia) Jo 4:24. Adorar a Deus é fazer a vontade dele, o nosso Pai, ou seja cumprir as suas leis. (Jó 5:30 e 6:38).

Brincando de Deus...
Um grupo de cientistas estava decidindo qual deles iria encontrar
com Deus e dizer que eles não precisavam mais dele. Finalmente
um dos cientistas apresentou- se como voluntário e foi dizer
a Deus que Ele não era mais necessário.. .
Assim, ao encontrar Deus, o cientista diz a ele:
- Deus, sabe c omo é, um punhado de nós tem estado pensando
neste assunto e eu vim dizer que o Senhor não é mais necessário.
Quero dizer, nós temos elaborado grandes teorias e idéias, nós
clonamos uma ovelha e logo, logo, iremos clonar humanos.
Como o Senhor pode ver, nós realmente não precisamos do Senhor.
Deus balança a cabeça, compreensivamente e diz:
- Bom, sem ressentimentos. Mas, antes, vamos fazer um concurso.
O que você acha?
O cientista diz:
- Para mim, tudo bem. Que tipo de concurso?
- Um concurso de fazer homem!! - Deus responde.
- Legal! Sem problemas! - Exclama o cientista. Ele rapidamente se adianta pegando um punhado de barro e
diz:
- Vamos lá, estou pronto!
E Deus diz:
- Não assim! Você tem que criar seu próprio barro!!!