1o ANO BÁSICO - 15a a 26a aula


CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 26ª aula

A - ALMA APÓS A MORTE - SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO
A ALMA APÓS A MORTE. - É muito natural que um leigo em assuntos de espiritualidade alimente a curiosidade de saber em que se transforma a alma no instante da morte. Allan Kardec define a alma sendo o Espírito encarnado. Assim, é natural que, no instante da desencarnação, a alma volte a ser Espírito, conservando a sua individualidade e seu perispírito, guardando a mesma aparência da última encarnação.
Individualidade, portanto, seria a consciência de si, sem ponderar o tempo, ou seja, o "eu sou". Contudo, há que se observar o atual estágio do despertamento espiritual do homem, no qual a aparência física se constitui no fator preponderante para o reconhecimento das individualidades; isto é possível, uma vez que o perispírito conserva a forma da última encarnação, facilitando assim o reconhecimento dos membros de um determinado grupo.
Não tem fundamento a hipótese dos que conjecturam que após a morte a alma retorna a um todo universal. Quando estás numa assembléia, fazes partes integrante da mesma, e não obstante conservas a tua individualidade (LE, perg. 151) A individualização ainda se evidencia quando esses seres provam a sua identidade através de sinais incontestáveis, de detalhes pessoais relativos à vida terrena, e que podem ser constatados; ela não pode ser posta em dúvida quando eles se manifestem por meio das aparições.
A individualidade da alma foi teoricamente ensinada como um artigo de fé, mas o Espíritismo a torna patente e, de certa maneira, material (LE, perg. 152). Com efeito, extrinsecamente essa individualidade é constatada pelo aspecto do seu perispírito, em tudo semelhante ao seu corpo somático, e intrínsecamente por conservar todas as suas qualidades e tendências, pelo desejo de ir para um mundo melhor é pelas recordações impregnadas de doçura ou amargor, segundo o emprego que tenha dado á vida (LE, perg. 150b).
SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO: Ao contrário do que se presume, a separação da alma e do corpo não é necessariamente dolorosa. A rigor, o corpo, frequentemente sofre mais durante a vida do que no momento da morte (LE, perg. 154), principalmente quando a enfermidade sua causadora tenha sido dolorosa. Neste caso o momento final leva à cessação das dores e são um prazer para o Espírito que vê chegar o fim do exílio na terra (LE, perg. 154). Quando a morte é lenta e por esgotamento da vitalidade orgânica, é muito comum o Espírito afastar-se quase sem o perceber: é como uma lâmpada que se apaga por falta de energia (LE, perg. 154).
Na separação, os laços que retinham o Espírito se desatam, não se rompem e ele se afasta gradualmente e não como um pássaro que escapa subitamente libertado. (LE, perg. 155a). E é ainda o Espiritismo que vem ensinar que, dependendo da elevação alcançada pelo Espírito, o instante da morte pode, ou não, ser doloroso, e que os sofrimentos, algumas vezes experimentados, são um bálsamo para o Espírito, que vê chegar o momento supremo de sua libertação.
Assim é que a separação, no momento da morte, será tanto mais penosa para o Espírito, quanto maior tiver sido o seu apego à matéria; e, ao contrário, será tanto mais suave, quanto maior tiver sido o seu desprendimento das coisas terrenas.
Nos casos de morte violenta o Espírito, colhido de improviso, fica aturdido, sentindo, pensando e acreditando-se vivo, prolongando essa ilusão até que compreenda o seu estado. Para aqueles mais evoluídos, a situação transitória pouco dura. Para outros menos evoluídos, a situação se prolonga por mais tempo.
Ao aproximar-se do momento da morte, a alma sente muitas vezes que se desatam os liames que a prendem ao corpo e então emprega todos os seus esforços para os romper de uma vez. Assim, já parcialmente desprendida, goza por antecipação o futuro a desenrolar-se ante ela (LE, perg. 157). Estabeleçamos como princípio, alguns casos:
1 - Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.
2 - Se, nesse momento, a coesão do perispírito e do corpo físico estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma.
3 - Se esta coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo.
Ao se reconhecer na nova vida no mundo dos Espíritos, aquele que fez o mal pelo simples desejo de o fazer, sente-se constrangido por tê-lo feito. Para o homem de bem a situação é outra; ele se sente aliviado de um grande peso, porque não receia nenhum olhar perquiridor (LE, perg. 159).
B - PERTURBAÇÃO ESPÍRITA
PERTURBAÇÃO ESPÍRITA: é o fenômeno que ocorre no momento de transição da vida corporal para a espiritual. Nesse instante, a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos uma parte, as sensações. Essa perturbação pode ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, dependendo da evolução de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece quase que imediatamente, pois se libertou da matéria, antes mesmo que cessasse a vida do corpo, enquanto o homem carnal, cuja consciência ainda não está pura, sofre por muito mais tempo a influência da matéria (LE, perg. 164).
O conhecimento do Espiritismo exerce uma grande influência na amenização e até mesmo significativa redução desse período, porque o Espírito adentra essa situação conhecendo-a antecipadamente. Quanto menos conhecimento o Espírito tiver da vida espiritual, tanto mais se apega à matéria, mesmo sentindo que esta lhe foge; quer retê-la, em vez de a abandonar, resiste com todas as forças, podendo prolongar essa luta, por dias, semanas até meses.
É certo que, nesse momento, o Espírito não goza de toda a lucidez, dado o estado de perturbação que se antecipa à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha e a incerteza do que lhe sucederá agravam-lhe as angústias. Por fim, sobrevém a morte, mas ainda não está tudo terminado, visto que a perturbação continua. Ele sente que vive, mas não define se material ou espiritualmente; continua lutando, até que as últimas ligações do perispírito tenham-se rompido.
Contudo, a prática do bem, a elevação moral e a pureza de consciência sempre serão os fatores preponderantes para minimizar as vicissitudes desta contingência Há casos, particularmente nos de mortes violentas, suicídio, suplício, acidente e ferimentos graves, em que o Espírito vê-se diante de uma situação peculiar: surpreende-se, não crê esteja morto embora veja seu corpo, sabe-o ser dele e não compreende o porquê dessa separação.
A perturbação espírita após a morte, a rigor nada tem de penosa para o homem de bem. É calma e serena, semelhante a um despertar tranquilo, ao contrário daquele cuja consciência encontra-se saturada de ansiedades e angústias. Finalmente vale lembrar que nos casos de morte coletiva, nem todos os que dela tenham participado se revêem imediatamente. Na perturbação que a ela se segue, cada um vai para o seu lado e não se preocupa senão com aquele com os quais guarda interesses particulares.
C - DEIXA QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS
E disse a outro: segue-me. Ao que ele respondeu: Senhor, permite que vá primeiramente sepultar meu pai. E Jesus lhe disse: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; e tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus (Lucas, 9:59-60).
Além dos doze apóstolos, Jesus Cristo teve também outros setenta discípulos diretos, os quais, ao ouvirem dele um discurso que consideram demasiadamente pesado, o abandonaram. Entretanto, outras convocações foram feitas por ele; porém cada um dos convocados dava uma desculpa para não seguí-lo, principalmente depois de ele ter dito que "as aves do céu têm seus ninhos, as raposas os seus covis, mas ele não tinha onde reclinar a cabeça"(Lc, 9:58).
Na citação acima, tudo indica que o convidado não gostou muito daquela recomendação e foi primeiramente sepultar o corpo de seu pai, perdendo assim a oportunidade de participar de uma das mais fulgurantes missões já desempenhadas no mundo material. Esta passagem evangélica convida o homem a uma reflexão mais profunda, pois este não pode acreditar que as palavras do Mestre representassem uma censura a um homem que, por dever de piedade filial, considerava um imperativo sepultar o corpo de seu pai.
Jesus certamente deixou mais um de seus edificantes ensinamentos, demonstrando que a vida espiritual é a verdadeira vida, ao passo que a vida temporária que é usufruída no mundo é equivalente à morte, pois nela o Espírito encarnado perde, transitoriamente, a liberdade e a atividade que desfruta, quando livre do corpo. Deste modo, o Mestre sempre colocou as coisas de Deus acima de qualquer cogitação, e não poderia ser de outra maneira; por isso, quando lhe vieram dizer que sua mãe e seus irmãos estavam esperando para vê-lo, disse: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam (Lucas, 8:21)
Jesus viveu entre os homens para desempenhar uma missão transcendental, qual seja a de implantar uma nova revelação e, portanto, não poderia ficar cingido aos limites acanhados da família terrena. Referia-se à humanidade em geral, pois todos eram seus irmãos, e aspirava, com este seu exemplo, formar uma só imensa família, como "um rebanho sob a égide de um só pastor". Consequentemente, jamais poderia ficar confinado ao âmbito de alguns familiares, quando a sua missão tinha um cunho universal ao abranger toda a humanidade.
A respeito da passagem de Lucas, pode-se afirmar que no mundo existem os mortos e os "mortos". Os primeiros são os que se dedicam às coisas da alma, que tratam de aprimorar seus Espíritos que, ao desencarnarem, elevam-se para planos mais elevados da Espiritualidade; os segundos são os que se distanciam das coisas morais e espirituais, que submetem a alma a serviço do corpo, dando prioridade à satisfação dos sentidos e às coisas transitórias do mundo.
Um outro homem, convocado pelo Mestre, respondeu-lhe: "Senhor, permita que vá antes dizer adeus aos de minha casa". A este Jesus disse: "Aquele que, tendo posto a mão no arado, olhar para trás não é apto para o reino de Deus" (Lc, 9:61-62). Estas palavras de Jesus não objetivavam prescrever aos homens que, como condição indispensável, renunciassem às exigências e necessidades da existência humana; que rompessem os laços familiares; que deixassem de cumprir as obrigações que ela lhes impusessem, inclusive aquelas de sepultamentar os restos mortais de um ente querido, ou de despedir-se de seus familiares, quando tivessem que realizar uma viagem.
O que acontece é que o homem, ao procurar desvendar o sentido exato contido no ensinamento evangélico, esbarra sempre com os inconvenientes da letra que mata. Não houve, por parte do Mestre, qualquer secura de coração, desprestigiando a manutenção dos laços tão brandos da família e da fraternidade. O que ele ensinou, por estas palavras, é que: "quem toma do arado para rasgar o solo, para que nele seja lançada a semente generosa que produz frutos, não pare no meio da jornada, devendo sempre caminhar para a frente, pois aquele que fica à margem do caminho, não é digno de trabalhar na sua seara".
BIBLIOGRAFIA: Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII, ítens 6 a 8
QUESTIONÁRIO

1 - O Espírito mantém a individualidade após a morte? Explique.
2 - O Espiritismo pode ajudar a fazer o instante da morte menos doloroso?
3 - A separação da alma e do corpo é igual para todos?
4 - Em que consiste a perturbação espírita?
5 - O conhecimento do Espiritismo, aliado à pratica da caridade, pode propiciar um despertamento mais tranquilo no mundo espiritual?
6 - É igual para todos os Espíritos a perturbação após a morte?
7 - Na referida passagem evangélica, Jesus quis criticar o desvelo do filho para com o pai? Que conclusão podemos chegar?
8 - Quem eram os "mortos" e os "vivos" a quem Jesus se referiu?
9 - Devemos buscar o Espírito que vivifica em vez da letra que mata? Por quê?

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 25ª aula


A - ESPÍRITOS ERRANTES - MUNDOS TRANSITÓRIOS

ESPÍRITOS ERRANTES: Espíritos errantes são todos os Espíritos que, estando desencarnados, ainda estão sujeitos à reencarnação. Diz-se, então, que eles vivem ou estão, na ERRATICIDADE. Os Espíritos puros que não necessitam mais reencarnar, não são denominados errantes; e, então, eles não estão na erraticidade. A reencarnação dos Espíritos errantes não se processa logo em seguida à desencarnação, ocorrendo geralmente após intervalos mais ou menos longos. Em resposta a Allan Kardec, os benfeitores espirituais disseram que o tempo que o Espírito permanece na ERRATICIDADE aguardando novas encarnações, varia de algumas horas a alguns milhares de anos. (LE, perg. 224a).

Nos mundos superiores as reencarnações podem ocorrer quase que imediatamente após a desencarnação; pelo fato de a matéria ser menos grosseira nesses mundos, o Espírito desfruta de maior liberdade, fazendo de modo mais amplo uso de suas faculdades espirituais, possibilitando-lhe uma visão mais nítida da realidade à sua volta. Alguns Espíritos solicitam que a erraticidade se prolongue, a fim de prosseguirem em estudos só suscetíveis de serem realizados quando no mundo espiritual.

Mas, também existem casos em que os próprios Espíritos demoram a reencarnar por temerem as conseqüências da vida corpórea que levarão, tal o montante de débitos que contraíram perante a justiça divina, sendo necessário então a reencarnação compulsória. Mas, o fato de permanecer na erraticidade não é indício de inferioridade dos Espíritos, uma vez que a condição de errantes abrange toda a escala evolutiva, com exceção dos Espíritos Puros.

Os Espíritos errantes estudam e procuram meios de elevar-se; mas é na existência corpórea que põem em prática aquilo que aprenderam, porque é na vida material que acontecem os grandes embates que levam os Espíritos a superar-se. São felizes ou infelizes, conforme os méritos conquistados; sofrem por efeito das paixões, cuja essência conservaram, e são felizes de conformidade com o grau evolutivo a que tenham chegado. Na erraticidade têm a percepção do que lhes falta para serem felizes, e desde então procuram os meios de se melhorarem.

MUNDOS TRANSITÓRIOS: Existem mundos espirituais chamados "TRANSITÓRIOS" particularmente destinados aos seres errantes e que lhes servem de habitação temporária, onde descansam durante uma longa erraticidade, servindo-lhes de estações de repouso. Nesses mundos eles progridem, instruem-se e obtêm permissão para passar a outros lugares melhores e chegar mais depressa à perfeição. Em tais mundos, a superfície é estéril transitoriamente (LE, perg. 236b) e os seres que os habitam de nada precisam (LE, perg. 236a), em relação à natureza material, mas não conservam permanentemente essa condição.

Assim, nada é inútil na natureza, pois tudo tem um fim, uma destinação: em parte alguma do Universo há o vazio; nele tudo é habitado, e a vida se manifesta em toda parte. Mesmo no período de formação da Terra, quando seus períodos de transição eram lentos, antes mesmo do aparecimento dos primeiros seres orgânicos, não havia ausência de vida espiritual no planeta.

B - PERCEPÇÕES, SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS

PERCEPÇÕES E SENSAÇÕES: Percepção é a faculdade que os Espíritos têm de perceber o mundo à sua volta, faculdade essa que nos Espíritos desencarnados é muito mais acurada do que nos encarnados. Isto ocorre em função da matéria compacta que representa verdadeiro entrave para a livre manifestação das suas faculdades; livres da matéria, a inteligência e demais potencialidades se revelam em toda a sua plenitude. Porém, a maior ou menor expressão de tais atributos está diretamente relacionada ao grau evolutivo de cada um, ou seja: quanto mais se aproximam da perfeição, maior é a percepção que os Espíritos têm da realidade que os cerca.
Assim, Espíritos ainda inferiores são mais ou menos ignorantes acerca de tudo; isto significa que enquanto os Espíritos superiores conhecem, em grande extensão, o princípio das coisas, os inferiores não sabem mais do que sabem os homens de igual condição evolutiva.
PERCEPÇÃO EXTERIOR: Com relação à percepção Exterior, os Espíritos vêem por si mesmos não necessitando de luz externa. Aqueles que são bons livraram-se das trevas, que são peculiares apenas aos que passam por grandes expiações. Desfrutam da faculdade de ver, a qual reside em todo seu ser, assim como a luz que se encontra em todas as partes de um corpo luminoso. Trata-se de uma espécie de lucidez que se estende a tudo e para a qual não há trevas; ela abrange o espaço, o tempo, as coisas, e é por isso que a visão do Espírito independe de luz exterior.
Outra particularidade inerente aos Espíritos elevados, é que podem ver em dois lugares simultaneamente, uma vez que transportam-se com a velocidade do pensamento; os que são mais elevados irradiam seus pensamentos em várias direções ao mesmo tempo.

PERCEPÇÃO DO TEMPO: Os Espíritos vivem fora do tempo tal como é concebido no plano físico, pois a medida temporal praticamente deixa de existir para eles; enquanto para os encarnados os séculos são longos, para os desencarnados não passam de instantes que se diluem na eternidade.

CONHECIMENTO DO PASSADO E DO FUTURO: O conhecimento do passado e do futuro é muito relativo para os Espíritos. Quanto mais evoluídos, mais noções têm do passado, e pressentem com maior nitidez o futuro. Quase sempre, nada mais fazem do que entrevê-lo, "mas nem sempre têm a permissão de o revelar"; quando o vêem, ele lhes parece presente (LE, perg. 243). Contudo, nenhum Espírito de ordem elevada tem completo conhecimento do futuro, pois este somente pertence a Deus.

PERCEPÇÃO DA MÚSICA E DAS BELEZAS NATURAIS: Os Espíritos desencarnados, por terem as percepções mais afloradas, têm suas qualidades sensitivas mais desenvolvidas; portanto, são mais sensíveis à música principalmente à música celeste, muito mais perfeita do que a do mundo material. A mesma sensibilidde se revela também no que diz respeito às belezas naturais dos diferentes mundos espirituais. Embora tais belezas seja tão diversas que estamos longe de as conhecer, os Espíritos são sensíveis a elas, segundo as suas aptidões para as apreciar e compreender (LE, perg. 252).

INTUIÇÃO DE DEUS: Respondendo a uma pergunta sobre os Espíritos vêem a Deus (LE, perg. 244), os benfeitores espirituais afirmaram que somente Espíritos superiores o vêem e compreendem, enquanto os menos evoluídos sentem-no intuitivamente. É assim que ele (Espírito inferior) não vê a Deus, mas sente a sua soberania, e quando uma coisa não deve ser feita ou uma palavra não deve ser dita, ele o sente como uma intuição, uma advertência invisível que o inibe de fazê-lo (LE, perg. 244a).

SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS: Os Espíritos conhecem os sofrimentos, porque passaram por eles na existência corpórea, mas quando desencarnados não os experimentam materialmente como sucede nos encarnados. Não sentem a sensação de fadiga, e quando a sentem é tão somente resultado de sua pouca evolução moral. Desde modo, não precisam de descanso corporal, pois não são dotados de órgãos cujas forças devam ser reparadas. O Espírito repousa no sentido de não estar em constante atividade.

A espécie de fadiga que os Espíritos podem provar está razão da sua inferioridade, pois quanto mais se elevam, de menos repouso necessitam (LE, perg. 254). De modo geral os Espíritos, quando desencarnados, gozam de percepções e sensações diferentes daquelas que tiveram quando encarnados, tudo dependendo da elevação moral que tenham atingido.

C - DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE

Muitos pensam que Espíritos errantes são aqueles que cometeram erros, quando na realidade são os Espíritos que estão em diferentes moradas, embora não estejam nem localizadas, nem circunscritas, independentemente de erros que eventualmente tenham ou não cometido. Os Benfeitores espirituais ensinam que A casa do Pai é o Universo; as diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito, e oferecem aos Espíritos desencarnados moradas apropriadas ao seu adiantamento.

Independentemente da diversidade dos mundos, pode-se também definir a palavra "morada" usada por Jesus, como sendo o estado de felicidade ou infelicidade que o Espírito desfruta na erraticidade. Assim, aqueles Espíritos que na existência corpórea tiveram demasiado apego às coisas materiais, não conseguem se desprender totalmente dos valores terrenos. Este apego faz com que não se libertem facilmente dos convencionalismos terrenos, deixando de percorrer o espaço infinito em busca de maior esclarecimento, preferindo pelo contrário, manterem-se jungidos às coisas transitórias do mundo corporal.
Assim, enquanto os Espíritos mais inferiores erram nas trevas, os felizes desfrutam de uma luz resplandescente e do sublime espetáculo do infinito. Em "O Céu e o Inferno", uma das obras básicas da Codificação Espírita, Allan Kardec através da manifestação de Espíritos de várias categorias, propicia o seguinte quadro bastante nítido das alegrias ou das penúrias que os Espíritos experimentam quando na Erraticidade, segundo o modo de vida que tiveram quando encarnados.

ESPÍRITOS FELIZES: Pessoas que foram íntegras e bondosas, que jamais cometeram uma ação má, e que sofreram enfermidades ou experimentaram rudes provações, jamais lhes faltando coragem nas adversidades, entram no mundo espiritual desfrutando de indescritível felicidade. A separação do invólucro físico se assemelha a um sonho, sem sentirem qualquer sensação de dor. Alguns Espíritos descrevem que passam a perceber brilhante luz, tendo a impressão de saírem de uma atmosfera constrangedora para sentirem indizível bem-estar.

ESPÍRITOS EM CONDIÇÃO INTERMEDIÁRIA: O mesmo não acontece com aqueles que na vida terrena foram considerados pessoas de boa índole, que não praticaram o mal, mas também não fizeram o bem, incapazes de qualquer sacrifício para minorar um sofrimento alheio, esquivando-se de qualquer ato de caridade. Para estes, o fenômeno da morte se torna mais penoso, prolongado, e a sensação que experimentam ao adentrarem o mundo invisível não é tão alentadora.

ESPÍRITOS SOFREDORES: Um quadro bem diverso apresenta um Espírito que na existência física foi orgulhoso, que jamais preocupou-se com o aprimoramento de suas qualidades morais e espirituais, e muito menos condoeu-se dos sofrimentos alheios. O estado de alma desse Espírito na erraticidade é assaz doloroso, pois sua consciência acusa-o constantemente, aumentando ainda mais seus sofrimentos morais. Tal Espírito tem a sensação de que seus sofrimentos são eternos, não entrevendo sequer um termo (fim) para suas dores.

Espíritos que adentraram o mundo espiritual pela porta enganosa do suicídio vivem verdadeiros martírios; o seu estado de alma é dos mais deploráveis, pois, muitas vezes, experimentam a sensação de estarem ligados aos seus antigos invólucros físicos. Não menos agudo é o sofrimento dos Espíritos endurecidos que, pelo orgulho, não se arrependem do mal praticado. São Espíritos insubmissos que se revoltam contra a justiça divina, hesitando em se submeterem à vontade soberana do Criador. Por isso vivem num estado trevoso e de revolta interior, refratários ao benefício balsâmico do perdão. Tais Espíritos também têm a sensação de viverem em eterno sofrimento e somente novas e difíceis reencaranções os aproximarão mais do caminho do bem.

D - RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSÁRIOS:

Em verdade vos digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último ceitil (ceitil: moeda portuguesa antiga de ínfimo valor) (Mt, 5:25-26). Vários são os motivos para ter indulgência com os inimigos. Primeiramente, porque o perdão tem o efeito moral de libertar os seres que permanecem por vezes longo tempo imantados um ao outro pelo sentimento de ódio e vingança. Perdoar consiste em fazer uma concessão, por amor, o que demonstra a verdadeira grandeza de alma, um verdadeiro gesto de caridade moral.

Em seguida, aqueles aos quais se fez algum mal neste mundo podem, segundo sua condição, experimentar dois tipos de sentimentos: se são bons, perdoam; se são maus, podem conservar os ressentimentos e, por vezes perseguir até numa outra existência. Os Espíritos bons, quando na espiritualidade, compreendem o quanto as dissensões são desnecessárias e os motivos conservam uma espécie de animosidade, até que se purifiquem (LE, perg. 293).

A morte, como se sabe, não nos livra dos nossos inimigos. Os Espíritos vingativos perseguem com seu ódio, além da sepultura, aqueles que ainda são objeto de seu rancor (..) O Espírito mau espera a quem quer mal que esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre, para mais facilmente o atormentar (ESE, cap. X, ítem 6). O algoz pode atingí-lo nos seus interesses mais recônditos, assim como nas suas mais caras afeições. Nisto consiste a causa da maioria dos casos de obsessão. Daí a necessidade de, com vistas à tranquilidade futura, reparar o mais cedo possível os males que se tenha praticado em relação ao próximo.
Além disso, só se pode apaziguar esses Espíritos vingativos com o bem, jamais com o mal. Nossos sentimentos atuam sobre os outros segundo uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. Assim sendo, os bons sentimentos quebram toda eventual expressão vibratória entre os seres imantados pelo ódio, envolvendo a ambos em eflúvios de harmonia. Além disso, o bom procedimento não dá, pelo menos, nenhum pretexto a represálias, e com ele se pode fazer de um inimigo um amigo antes da morte. Com o mau procedimento ele se irrita e é então que serve de instrumento à justiça de Deus, para punir aquele que não perdoou (ESE, cap. XII, ítem 5).
Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com nosso adversário, não quer apenas evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não sairás de lá, disse ele, enquanto não pagares o último ceitil, ou seja até que a justiça divina esteja completamente satisfeita (ESE, cap. X, ítem 6).

QUESTIONÁRIO
1 - O que é erraticidade?
2 - O fato de permanecer na erraticidade é indício de inferioridade do Espírito?
3 - Qual a finalidade dos mundos transitórios?
4 - Por que a percepção não é igual para encarnados e desencarnados?
5 - Como é a percepção do tempo para os Espíritos?
6 - Os Espíritos elevados podem ver em dois lugares simultaneamente?
7 - O que são Espíritos errantes?
8 - Como pode ser definida a palavra "morada" empregada por Jesus?
9 - O que determina a condição de feliz ou infeliz quando na erraticidade?
10 - Quais são os motivos para se ter indulgência com os inimigos?
11 - Como se pode apaziguar os Espíritos vingativos?
12 - Qual a causa da maioria dos casos de obsessão?

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 24ª aula

A - SORTE DAS CRIANÇAS APÓS A MORTE - SEXO NO ESPÍRITOS
SORTE DAS CRIANÇAS APÓS A MORTE: O fato de uma criança desencarnar em tenra idade não significa que ela irá desfrutar das benesses reservadas aos Espíritos puros, como também não a isentará das provas que tenha que vencer e que são essenciais aos seu aprimoramento espiritual. Seria inadmissível crer que desfrutasse, sem esforço, das bem-aventuranças eternas.
Neste caso, seria uma injustiça divina liberar tais Espíritos das vicissitudes próprias da vida corpórea, normalmente cheia de tribulações e de dores. Em relação a esta questão, Allan Kardec indaga os Espíritos superiores: - O Espírito da criança que morre em tenra idade, não tendo podido fazer o mal, pertence aos graus superiores? - "Se não fez o mal, também não fez o bem, e Deus não o afasta das provas que deve sofrer. Se é puro, não é pelo fato de ter sido criança, mas porque já se havia adiantado" (LE, perg. 198).
Segundo o princípio da reencarnação, as oportunidades de crescimento espiritual são iguais para todos, sem exceção e sem privilégios, e quem se retardar somente a si mesmo cabe queixar-se, pois assim como os homens têm o mérito de suas ações, também têm o de suas responsabilidades. Existem várias causas para a interrupção da vida de um Espírito em plena infância corpórea; dentre elas, a que pode constituir uma prova ou expiação para seus pais, ou ainda o fato de que o Espírito tenha vivido apenas o suficiente para complementar uma vida anterior, interrompida antes do tempo devido.
O Espírito de uma criança desencarnada em tenra idade poderá ser tão adiantado quanto o de seus pais, sendo-o algumas vezes muito mais, porquanto pode dar-se que muito mais já tenha vivido e adquirido maior soma de experiências, sobretudo se progediu (LE, perg. 179). Não se pode também considerar a infância como um estado de inocência, pois frequentemente surgem crianças portadoras de maus instintos, numa idade em que a educação ainda não pode exercer sua influência. Muitas crianças trazem de forma inata tendências negativas, não obstante o exemplo do meio em que vivem; tais tendências somente podem vir do estado de inferioridade do Espírito.
O Espírito que retorna à espiritualidade ainda na infância corpórea, e não teve por isso tempo suficiente para manifestar suas virtudes adquiridas ou suas imperfeições, terá de retornar ao plano material para completar sua programação evolutiva. Aqueles que são viciosos, é que progrediram menos e têm então de sofrer as consequências, não dos seus atos da infância, mas das suas existências anteriores. É assim que a lei se mostra a mesma para todos e a justiça de Deus a todos abrange (LE, perg. 199a).
SEXO NOS ESPÍRITOS: Em relação a esta questão, Allan Kardec indaga aos Espíritos benfeitores: - Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher? - "Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar (LE, perg. 202). Os Espíritos, enquanto essência inteligente, não têm sexo, da forma que se entende, uma vez que o sexo depende da constituição orgânica. Entre eles existe amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos, na afeição que conseguiram amealhar no transcorrer de outras existências".
Os Espíritos, enquanto seres psíquicos, guardam em si uma tendência masculina ou feminina. No entanto, podem por vezes habitar um corpo de um homem ou o corpo de uma mulher, depende das provas que tenha que vencer, ou das expiações pelas quais tenha que passar. No decurso do seu processo evolutivo, o Espírito necessita realizar o maior número possível de experiências, para enriquecer-se e atingir o estado de angelitude. Ele precisa, pois, encarnar nas mais diversas posições sociais, intelectuais e morais. Necessita, por isso passar pela vivência de ambas as polaridades sexuais, sendo levado, portanto, a algumas vezes encarnar como homem e outras como mulher.


B - IDÉIAS INATAS
O Espírito evolui incessantemente e em cada encarnação acumula uma parcela considerável de novos conhecimentos, quando renasce em novo corpo, mantém, de forma inata, muito daquilo que aprendeu em existências precedentes. - O Espírito encarnado conserva algum traço das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências sucessivas? - "Resta-lhe uma vaga lembrança, que lhe dá o que chamamos idéias inatas (LE, perg. 218). Realmente, o Espírito não pode lembrar-se de tudo o que aprendeu em vidas passadas; seus gostos, propensões, conhecimentos adquiridos, posição social; não obstante, vêem-se pessoas nascerem em condições paupérrimas que, apesar disto, pelo próprio esforço e determinação em virtude de vagas reminiscências do passado, tudo fazem para se elevarem na vida, graças às tendências que adquiriram em existências anteriores e que são conservadas de forma inata.
Existem numerosos casos de pessoas que nasceram em condições obscuras e, no entanto, conquistaram destaque na ciência, na política, nas artes, e outros ramos do conhecimento humano. É notória também a existência de crianças precoces que, desde a mais tenra idade, manejam instrumentos musicais, tornando-se exímias artistas, matemáticos ou portadores de uma tendência para determinada arte, conhecimentos esses que somente seriam admissíveis quando adultos.
Considerando-se ter o Espírito a necessidade de evoluir moral e intelectualmente, pode acontecer que numa encarnação suas faculdades intelectuais, por exemplo permaneçam adormecidas, para que ele possa evoluir mais no campo moral, pois nem sempre a evolução é simultânea. Assim, idéias inatas são reminiscências de vidas passadas que afloram no decurso de novas existências corporais. Muitas pessoas chegam mesmo a reconhecer lugares onde parece terem estado anteriormente, e mesmo o encontro de pessoas que, logo à primeira vista, lhes parecem familiares ou já conhecidas, o que pode representar uma indicação de que conviveram com elas em encarnações anteriores.
QUESTIONÁRIO
A - SORTE DAS CRIANÇAS APÓS A MORTE - SEXO DOS ESPÍRITOS
1 - Quando o Espírito desencarna em tenra idade, qual será a sua conduta evolutiva?
2 - A inocência da criança significa que o seu Espírito é evoluído?
3 - Os Espíritos têm sexo na forma como entendemos?
B - IDÉIAS INATAS
1 - O que são idéias inatas?
2 - Como se explica a precocidade de algumas crianças?
3 - Como a Doutrina Espírita encara os chamados "gênios"?


 

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 23ª aula


A - BIOGRAFIA DO DR. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES - CONSOLIDADOR DA DOUTRINA ESPÍRITA NO BRASIL

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em uma cidade do Ceará, hoje município de Jaguaretama, antiga Freguesia de Riacho de Sangue, em 29 de agosto de 1831. Seu pai, Antônio Bezerra Cavalcanti, era Tenente-Coronel da Guarda Nacional. Fabiana de Jesus Maria Bezerra, sua mãe – ela o encaminhou aos estudos.

Em 1838, freqüentou por dez meses, a Escola Pública da Vila do Frade, onde aprendeu a ler, escrever e também aritmética. Em 1842, transferindo-se sua família para o Rio Grande do Norte, foi matriculado na Escola Pública da Serra dos Martins, em Vila da Maioridade (hoje, cidade de Imperatriz.). Dois anos depois, substituía em seus impedimentos, o professor de Latim.

Em 1846, a família retorna ao Ceará, quando passou a freqüentar o Liceu existente, sob a direção do seu irmão Manoel Soares da Silva Bezerra, completando os estudos preparatórios à faculdade. Seu pai, nessa época, atravessava dificuldades financeiras por haver dado aceite em duplicatas de terceiros. Cumpriu sua palavra e passou a ser, apenas, o administrador de seus antigos bens. E segue uma vida honrada que servia de exemplo ao então adolescente Bezerra de Menezes.

Desejando ser médico, vai morar no Rio de Janeiro, onde se tornará o Médico dos Pobres. Parte, em 5 de fevereiro, para o Rio de Janeiro, com 400 mil réis que seus parentes lhe deram para custear a viagem, chegando com 18 mil réis no bolso e sonhos no coração.
Ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, em novembro de 1852. Estudava nas Bibliotecas Públicas e dava aulas para manter-se.

Doutorou-se em Medicina aos 25 anos de idade, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Eleito membro da Academia Imperial de Medicina e nomeado Cirurgião-Tenente do Corpo de Saúde do Exército em 1858, quando passou a assinar o seu nome sem o Cavalcanti. Na Academia Nacional de Medicina, foi durante quatro anos, o redator dos Anais da Entidade.

Casou-se, em 6 de novembro de 1861, com Maria Cândida de Lacerda com quem teve um casal de filhos. Dois anos depois do desencarne de sua esposa (aos 34 anos de idade), casou-se em segunda núpcias com a senhora Cândida Augusta de Lacerda, irmã materna de sua mulher. Tiveram cinco filhos.

Indicado por moradores da Freguesia de São Cristóvão, elegeu-se em 1861, pelo Partido Liberal, vereador à Câmara Municipal. Exonerou-se do cargo de assistente de cirurgião. Reeleito Vereador em 1864, foi Deputado Federal em 1867 e Membro da Comissão de Obras Públicas e figurou em listra tríplice para uma cadeira no Senado.

Dissolvida a Câmara dos Deputados em 1868, assumiu a Criação da Companhia Estrada de Ferro Macaé a Campos, concluída em 1873. Foi diretor da Companhia Arquitetônica, em 1872, que abriu o Boulevard 28 de setembro, em Vila Isabel. Em 1875 foram Presidente da Companhia Carril de São Cristóvão e Membro de diversas entidades e sociedades beneficentes.

Vereador no Rio de Janeiro (no período de 1879 a 1880), foi Presidente da Câmara Municipal, cargo equivalente ao de Prefeito; e Deputado Federal em 1880. Trabalhos publicados. O escritor J. F. Velho Sobrinho, no seu Dicionário Bio-Bibliográfico Brasileiro, relata a existência de mais de quarenta livros e outras publicações do Dr. Bezerra de Menezes.

Obra extensa, consta de Biografias de homens célebres, Trabalhos sobre a escravidão no Brasil, sobre a seca no Nordeste, romances, como A Pérola Negra, História de um Sonho, Lázaro o Leproso, O Bandido, Viagem através dos Séculos, A Casa Assombrada, Os Carneiros de Panúrgio e Casamento e Mortalha (inacabado).

Ao desencarnar, continua sua obra, por intermédio do médium Francisco Cândido Xavier, com os livros Apelos Cristãos e Bezerra, Chico e você. Com Yvonne Pereira, compõe os romances Tragédia de Santa Maria e Nas telas do Infinito. Pela médium Ayesha Spitzer, Os Comentários Evangélicos, publicados por Edgard Armond, em 1968. Consolidador. Em sua época, encontravam-se dispersos os espíritas brasileiros.
Recebeu um dia O Livro dos Espíritos de presente do tradutor, seu amigo, o médico Dr. Joaquim Carlos Travassos. Dez anos depois, proclamava sua adesão solene ao Espiritismo, perante 2.000 pessoas, no Solar da Guarda Velha, em 16 de agosto de 1886.

No início de 1895, Bezerra de Menezes dirigia o Grupo Ismael e, numa noite de junho de 1895, é convidado a presidir a Federação Espírita Brasileira. É eleito de 1895 a 1900.

Fora profundo conhecedor do Evangelho de Jesus, que leu, interpretou e praticou; antigo redator de A Reforma de Sentinelas da Liberdade, escreveu sob o pseudônimo de Max no jornal O Paiz, entre 1886 e 1890 – republicado como Estudos Filosóficos, em três volumes.

Servir era o seu lema. Médico, amou a profissão. Doou até o anel de formatura a paciente que não possuía dinheiro para pagar o enterro da esposa e o alimento para os filhos. Em seu consultório médico, nos altos da Farmácia Homeopática Cordeiro, receitava para os pobres. Lindos são os casos a respeito de sua conduta como médico (reunidos por Ramiro Gama, numa bela obra literária).

Tratava dos pobres do corpo e do espírito, nas reuniões de desobsessão, na Federação Espírita Brasileira. Em 11 de abril de 1900, às 11 horas e 30 minutos, houve o seu desencarne. Minutos antes, elevava seu pensamento a Maria, Mãe de Jesus, pedindo por aqueles que ficavam. Assim viveu aquele que, em vida, unificou os espíritas brasileiros, em torno da Doutrina dos Espíritos.
BIBLIOGRAFIA: Gama, Ramiro – Lindos Casos de Bezerra de Menezes
Xavier, Francisco Cândido – Bezerra, Chico e você.

B - PRESSENTIMENTOS:

O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos deseja o bem, é também a intuição da escolha anterior; é a voz do instinto (LE, perg. 522). Cabe aqui salientar que por intuição entende-se a visão interior do próprio sujeito; por inspiração entende-se pensamentos de terceiros que lhe são sugeridos.

Antes da encarnação, o Espírito tem conhecimento das fases principais pelas quais terá que passar, ou melhor, do gênero de provas ao qual se submeterá, quando estas provas ostentam caráter marcante, o Espírito encarnado conserva em seu íntimo uma espécie de impressão, que é a voz do instinto fazendo-se ouvir, quando se aproxima o instante de as enfrentar ou sofrer, isto se chama pressentimento.

O Espírito protetor que assiste o encarnado, nos momentos mais importantes de sua vida adverte-o, para evitar que faça algo que lhe seja prejudicial. Essas advertências referem-se tanto a questões de natureza moral quanto às de natureza material, pois o Espírito Protetor objetiva sempre fazer com que tudo corra bem para que o homem possa vencer suas provas.

Quantas vezes o indivíduo lamenta não ter ouvido a voz da sua consciência, pois se o tivesse feito, sua situação seria bem diferente ou bem melhor; por isso é muito importante que se mantenha vigilante no tocante às inspirações que lhe são sugeridas pelo Espírito Protetor ou por Espíritos Simpáticos. Muitas vezes, quanto o homem não obedece à voz da consciência, os Espíritos protetores procuram influenciar outras pessoas de sua amizade, para que lhe dêem conselhos salutares, de forma incisiva, objetivando sempre o seu bem.

C - PAGAR O MAL COM O BEM:

Tendes ouvido o que foi dito: "Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem ao que vos odeia e orai pelos que vos perseguem e caluniam (Mateus 5:43-44; e Lucas, 6:27-28). Amar é mais abrangente do que sentir ternura. Há um equívoco frequente quanto ao sentido da palavra amor. A emissão de um pensamento negativo gera uma corrente fluídica que causa penosa impressão.

O pensamento positivo envolve o ser num eflúvio agradável. É o que ocorre quando da aproximação de um inimigo, ou de um amigo. Assim, amar o inimigo parece uma recomendação, senão impossível, difícil de ser praticada, porque falsamente se supõe ter de dar a um e a outro o mesmo tratamento e o mesmo lugar no coração.

Amar os inimigos é não lhes ter ódio, nem rancor ou desejo de vingança. Muitos, embora não se mostrem positivamente inclinados à vingança perante o mal que recebem, demonstram atitudes de hostilidade indireta, como seja: o favor adiado, o fel da reprovação de permeio com o mel do elogio, o deliberado esquecimento quando se trata de honra ao mérito, ou a diminuição do entusiasmo na presença do serviço em favor da pessoa menos simpática.

Amar o desafeto é perdoar-lhe sem segunda intenção e incondicionalmente pelo mal que tenha feito. É abster-se, por atos e palavras, e até mesmo por pensamentos, de tudo o que possa prejudicá-lo. Ninguém está impossibilitado de proceder honestamente e apoiar os semelhantes com a força moral do bom exemplo.

Amar o inimigo é pagar-lhe em tudo, o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-lo. Aquele, para quem a vida se resume no presente, vê no seu inimigo uma criatura perniciosa a perturbar-lhe o sossego, do qual sempre cumpre desvencilhar-se; perdoá-lo até mesmo lhe parece, em certos casos, uma fraqueza indigna. Contudo, para aquele que reconhece a vida além do véu, perdoar é, na verdade, uma demonstração de fortaleza, pois reconhece credores nos seus antagonistas.

Mais ainda, agradece à divina providência serem os inimigos os instrumentos para o seu burilamento. Não coloca, portanto, nenhum obstáculo à reconciliação; antes, busca ser generoso para mais engrandecer-se aos seus próprios olhos e, com isto, mais facilmente distanciar-se do seu inimigo. O homem que ocupa uma posição mais elevada, não se considera ofendido pelos insultos que partem dos seus inferiores. Assim ocorre com aquele que se eleva no mundo moral, colocando-se acima dos acontecimentos que o envolvem.

O Mestre, em se referindo aos seus algozes, dirigiu-se ao Pai, rogando: "Perdoai-lhes, Pai, pois eles não sabem o que fazem" (Lucas, 23:34). Portanto, o homem de alma nobre nivelar-se-ia aos seus adversários, se desse guarida ao ódio e ao rancor. É preciso, diante dos inimigos, preservar a própria serenidade, renunciar à presunção de viver sem adversários que, em verdade, funcionam sempre por fiscais e examinadores, e saber continuar aproveitando-lhes o concurso para a própria paz interior.

Amar os inimigos não é, pois, ter para com eles uma afeição que não está na Natureza, porque o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira bem diferente do de um amigo (ESE, cap. XII,item 3). O verbo amar significa estender-lhe a mão prestativa em caso de necessidade. É procurar silenciar as rivalidades, preocupando-se antes em trazê-lo ao seu convívio fraternal.

O perdão é muito importante na vida de relação, e Jesus deu bastante ênfase à sua prática. Certa vez, o apóstolo Pedro perguntou-lhe se era lícito perdoar ao seu irmão sete vezes, e o Mestre respondeu: Não sete vezes, mas setenta vezes sete (Mt, 18:22). O perdão não deve sofrer limitações; não deve ser dado por medida ou condicionalmente, mas ser amplo e irrestrito; por isso o Mestre respondeu ao apóstolo que não deveria perdoar ao seu irmão apenas sete vezes, e depois relegá-lo à própria sorte, impossibilitando qualquer sorte de entendimento.

QUESTIONÁRIO:

1 - Onde e quando nasceu o Dr. Bezerra de Menezes?
2 - Qual a atividade literária do Dr. Bezerra de Menezes?
3 - Enuncie sua atividade como espírita?
4 - O pressentimento é sempre uma advertência?
5 - Como o Espírito protetor procura evitar que seu protegido faça algo que lhe seja prejudicial?
6 - Como nos manter receptivos às inspirações que recebemos dos Espíritos protetores e familiares?
7 - O que significa o verbo "amar" com relação aos inimigos?
8 - Como pagar o mal com o bem?
9 - Segundo Jesus, não se deve perdoar "só sete vezes, mas setenta vezes sete". Interprete.
 

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 22ª aula

A - CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS I

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS: Constituindo-se em uma lei da natureza, a pluralidade das existências é uma realidade inerente ao homem, cujos indícios se revelam desde as épocas mais remotas da humanidade, evidenciando o fato de que ela sempre foi uma verdade insofismável. Os Vedas, nos rituais que presidiam à iniciação dos seus adeptos, já apregoavam as leis que presidem os mistérios da imortalidade da alma, da pluralidade das existências e dos mundos.

O Bramanismo também tinha e tem como base a crença em tal princípio. Krishna, por sua vez, renovou as teorias védicas ao ensinar que "o corpo é o envoltório da alma que aí tem a sua morada, sendo uma coisa finita; porém a alma que o habita é invisível, impoderável e eterna". Buda foi ainda mais incisivo ao afirmar: "Uma vida curta, uma vida longa, um estado mórbido, uma boa saúde, o poder, a fraqueza, a fortuna, a pobreza, a ciência, a ignorância.. tudo isso depende de atos cometidos em anteriores existências".

Pitágoras, filósofo e matemático grego, era um fiel partidário da teoria da transmigração da alma de um corpo para outro. Orígenes, importante filósofo e teólogo da igreja grega, admitia a preexistência da alma como uma necessidade lógica, na explicação de certas passagens da Bíblia, chegando à conclusão de que se ela não existisse, Deus seria injusto. Entre os judeus, a idéia das vidas sucessivas era geralmente admitada. A crença nos renascimentos dos Espíritos encontra-se indicada veladamente no Antigo Testamento, porém muito mais claramente nos Evangelhos, como se pode verificar em algumas de suas passagens.

Platão, uma das maiores figuras da filosofia de todos os tempos, já concebia a chamada Teoria da Reminiscência, segundo a qual o nosso conhecer é apenas o recordar. A ocasião para isso é o encontro com as coisas deste mundo, o qual desperta na alma a recordação das idéias e lembranças. No sistema de Platão, a Doutrina da Reminiscência exerce três funções importantes: a - Fornece uma prova da preexistência, da espiritualidade e da imortalidade da alma; b - Estabelece uma ponte entre a vida antecedente e a vida presente; c - Dá valor ao conhecimento das coisas deste mundo, reconhecendo-lhe o mérito de despertar as recordações das idéias.

Vê-se, assim, que os Espíritos benfeitores apenas renovam um princípio que teve origem nas primeiras idades do homem e que se conservou até hoje. A diferença é que os Espíritos apresentam esse princípio de um ponto de vista mais de acordo com as leis evolutivas da natureza, e de conformidade com os desígnios de Deus.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS II

FUNDAMENTOS: Ao trazer à luz esclarecimentos sobre a pluralidade das existências corpóreas, os Espíritos superiores resgatam uma doutrina que teve início nos primeiros tempos da humanidade. Mas, algumas correntes doutrinárias deixaram de lado em seus fundamentos o princípio evolutivo da reencarnação, preferindo antes, consagrar a teoria da unicidade das existências. Desta forma, rejeitaram princípios que poderiam auxiliar o homem em seus questionamentos existenciais. Porém, cedo ou tarde, ao atingir a sua maturidade espiritual, a humanidade não poderá conciliar as diversidades da evolução e as conseqüentes divergências sociais, em face da inverossímil possibilidade de a alma encarnar uma só vez.

Ao tecer algumas considerações sobre a pluralidade das existências, Allan Kardec formulou as seguintes questões: 1 - Por que a alma revela aptidões tão diversas e tão independentes das idéias adquiridas pela educação? 2 - De onde vem a aptidão extra normal de algumas crianças de pouca idade para esta ou aquela ciência, enquanto outras permanecem inferiores ou medíocres por toda a vida? 3 - De onde vêm, para uns, as idéias inatas ou intuitivas, que não existem para outros? 4 - Por que alguns homens, independentemente da educação, são mais adiantados que outros? 5 - Se a existência presente deve ser decisiva para a sorte futura, qual é, na vida futura, respectivamente, a posição do selvagem e a do homem civilizado? Estarão no mesmo nível ou estarão distanciados no tocante à felicidade eterna?

6 - O homem que trabalhou toda a vida para melhorar-se estará no mesmo plano daquele que permaneceu inferior, não por sua culpa, mas porque não teve o tempo nem a possibilidade de melhorar? Há uma doutrina que possa resolver essas questões? Admiti as existências sucessivas, e tudo estará explicado de acordo com a justiça de Deus. Aquilo que não pudemos fazer numa existência, faremos em outra. É assim que ninguém escapa à lei do progresso. Cada um será recompensado segundo o seu verdadeiro merecimento, ninguém é excluído da felicidade suprema a que se pode aspirar, sejam quais forem os obstáculos que encontre no seu caminho.

Portanto, as discrepâncias ocorrem em função dos desvios cometidos, e que exigem reajuste perante Deus. Deve-se, pois, reconhecer que a pluralidade das existências é a única capaz de explicar aquilo que, sem ela, seria inexplicável, pois representa para o homem a resposta aos seus anseios, na medida em que explica o presente e lhe possibilita novas oportunidades corpóreas de aprimoramento espiritual.

B) PARENTESCO CORPORAL E ESPIRITUAL:

“Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços espirituais. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este existia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas, deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir.
“Os espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são os mais freqüentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas, pode ainda acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na terra, a fim de lhes servir de prova.

Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consangüinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem os Espíritos, antes, durante e após a encarnação. Donde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem, pois, atrair-se procurar-se, tornar-se amigos, enquanto dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, que só o Espiritismo podia resolver, pela pluralidade das existências.
“Há, portanto, duas espécies de famílias: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras duradouras, fortificam-se pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações da alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo, e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual. Foi o que Jesus quis fazer compreender, dizendo aos discípulos; “Eis minha mãe e meus irmãos”, ou seja, a minha família pelos laços espirituais, pois “quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está nos céus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
“A hostilidade de seus irmãos está claramente expressa no relato de São Marcos, desde que, segundo este, eles se propunham a apoderar-se d’Ele, sob o pretexto de que perdera o juízo. Avisado de que haviam chegado, e conhecendo o sentimento deles a seu respeito, era natural que dissesse, referindo-se aos discípulos, em sentido espiritual: “Eis os meus verdadeiros irmãos”. Sua mãe os acompanhava, e Jesus generalizou o ensinamento, o que absolutamente não implica que ele pretendesse que sua mãe segundo o sangue nada lhe fosse segundo o Espírito, só merecendo a sua indiferença. Sua conduta, em outras circunstâncias, provou suficientemente o contrário”. (E.S.E., cap. XIV, item 8).

BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo

C - OS LAÇOS DE FAMÍLIA SÃO FORTALECIDOS PELA REENCARNAÇÃO E QUEBRADOS PELA UNICIDADE DA EXISTÊNCIA

A reencarnação possibilita melhor integração entre os membros de uma família, pois aqueles que se amam procuram estreitar cada vez mais os laços afetivos, pedindo a Deus para reencarnarem sempre nos mesmos círculos familiares. Ocorre frequentemente que em uma família encarnam Espíritos que não se afinam com os demais, demonstrando tendências diversas, parecendo, pelas suas inclinações e gostos, que nada têm em comum com seus parentes. As encarnações de Espíritos que são estranhos no seio das famílias têm a dupla finalidade de servirem de prova para uns e meio de progresso paa outros. Os menos evoluídos melhoram pouco a pouco ao contato direto com os bons e pelas atenções que deles recebem, geralmente seu caráter se abranda, seus costumes se aperfeiçoam e as antipatias desaparecem.

Os Espíritos constituem, no mundo espiritual, verdadeiras famílias unidas pela afeição, pela semelhança de inclinações e pela atração mútua. Sentindo-se felizes por estarem juntos, eles procuram sempre maior entrelaçamento afetivo em todos. A encarnação só os separa momentaneamente, porque retornando à erraticidade se reencontram, assim como sucede com amigos quando retornam de uma longa viagem. Muitas vezes também reencarnam juntos numa mesma família consanguínea ou num mesmo círculo familiar, para assim palmilharem juntos o roteiro evolutivo.

Os laços afetivos ocorrem entre Espíritos que nutrem verdadeira afeição mútua, a única que sobrevive à destruição do corpo. Quando a união no mundo corpóreo teve apenas por objetivo a satisfação dos sentidos, não há qualquer motivo para se procurarem na espiritualidade, enquanto que as afeições espirituais são permanentes. Deste modo, as afeições carnais extinguem-se com as causas que as provocaram, que deixam de existir no mundo espiritual.

A teoria da unidade da vida exclui, necessariamente, a preexistência da alma, que seria criada ao mesmo tempo que o corpo, sem qualquer ligação anterior. Todos os membros de uma família seriam estranhos entre si, sem nenhuma ligação espiritual. Após a desencarnção, considerando-se esta teoria, a sorte do Espírito estaria definitivamente selada, com a consequente anulação de todo progresso conquistado; são, assim, imediatamente separadas para sempre, sem esperança de jamais se aproximarem, (as almas) de tal sorte que pais, mães e filhos, maridos e mulheres, irmãos, amigos, não estão jamais certos, de se reverem; é a ruptura mais absoluta dos laços de família.

Pela reencarnação e pelo progresso que lhe é consequente, todos os que se amam se encontram no mundo físico e no mundo espiritual, caminhando juntos rumo à perfeição espiritual. Se alguns fracassam ou retardam o seu progresso, nem por isso as esperanças estão perdidas, uma vez que serão sempre amparados pelos que os amam, para retornarem à senda evolutiva, havendo portanto perpétua solidariedade entre Espíritos encarnados e desencarnados.

D) AS BEM-AVENTURANÇAS

Jesus, quando aqui esteve, trouxe-nos inúmeras lições. Lições de bondade, humildade, pacifismo, abnegação, renúncia e amor.
Para que tivéssemos gravados até hoje em nossa memória, Lucas e Mateus em seus Evangelhos relatam-nos que Jesus, na cidade de Cafarnaum, no alto de um monte, deu-nos talvez, a mais bela explanação sobre a forma de nos elevarmos até Deus nosso Pai.

É uma lição de Amor, que nos traz sob a forma de um sermão. Conhecido como Sermão do Monte, dá-nos as bem-aventuranças necessárias para que possamos crescer para Deus. Para melhor entendermos o seu significado, vamos encontrar no capítulo 5 do Evangelho segundo Mateus.
“Vendo Jesus aquela multidão, subiu a um monte e tendo-se sentado, aproximaram-se dele os seus discípulos”.
E ele abrindo a sua boca os ensinara dizendo:
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo disserem todo o mal contra vós, por causa de mim.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que existiram antes de vós”.
Bem-aventurados os aflitos, por quê?
Quais as causas das nossas aflições?

São atuais essas aflições ou são anteriores a essa nossa passagem pelo planeta Terra como espíritos encarnados?
Será que, no passado longínquo ou num passado tão remoto assim, não afligimos a outros, em nossas intemperanças?
Será que Deus é que nos aflige?

Ora, hoje todos nós sabemos que tivemos muitas existências aqui ou em outros orbes. Que causamos males, até mesmo a nós. Daí o motivo por que, muitas vezes, sentimo-nos solitários. Nossos amigos espirituais, nunca nos abandonam, entretanto, nós devemos passar por certas situações e compreendendo o porquê delas, saberemos então, comportar-nos com mais humildade. Humildade necessária, para que possamos alcançar o Reino de Deus. Bem-aventurados os humildes. Bem-aventurados os mansos.
E o que é mansuetude? Será que todos nós temos já em nossos corações implantado esse desejo de nos modificarmos assim, ao passarmos por situações, por circunstâncias concretas, quando achamos que fomos agredidos?
Mansuetude é conquista. Nosso espírito, aos poucos, vai conquistando algumas virtudes. Não só o ser manso, mas também ser caridoso. Ser amoroso, ser benevolente, ser pacífico...

Bem-aventurados os pacíficos. Por quê? Porque é um dos atributos que devemos buscar.
Em um planeta tão conturbado com guerras, violências e vícios, devemos olhar os outros com olhos de paz. Paz que é uma conquista íntima do Espírito. Paz que devemos buscar, orando e vigiando nossos pensamentos. Paz que buscamos quando desejamos servir a Jesus, nosso divino Mestre e Salvador.

Paz que temos quando cumprimos as nossas tarefas do dia-a-dia, quando cumprimos nossas tarefas de educadores dos nossos semelhantes, pelo exemplo que possamos e devemos dar, em todas as circunstâncias que nos envolvem. Paz de espírito é uma conquista que devemos buscar. Aos poucos e sempre.
Ao nos perguntarmos: “E quando nos ofendem no mais íntimo do nosso ser? “ Devemos orar por aqueles que nos caluniam. Devemos orar por aqueles que, com esses atos e gestos, só ofendem a si mesmos. Devemos orar a Deus, nosso Pai, a oração que Jesus nos deixou, compreendendo cada frase, cada palavra.
Deus concede-nos a cada dia, a cada hora, a oportunidade de nos modificarmos para o bem, Concede-nos a oportunidade de compreendermos as belíssimas lições que Jesus nos deixou.
E bem-aventurados aqueles que desejam se modificar. Bem-aventurados os que desejam evoluir para Deus. Bem-aventurados os mansos, os pacíficos, os pacificadores. E muito mais, ainda, aqueles que são injuriados por servirem a Jesus.

Esses têm reservado seu lugar ao lado do Mestre. São os seus discípulos. Discípulos são alunos bem-amados, que desejam seguir, ouvir e praticar as lições do Mestre. E quando seguirem sem queixas, quando sofrerem resignadamente terão o galardão do puro, do justo, do bom, do humilde, do discípulo de Jesus. Nós todos, hoje, sabemos que os bem-aventurados puros de coração são aqueles que seguem a vontade de Deus.

Deus deseja que subamos para Ele, com o coração sem mácula, sem nódoa, sem manchas. Manchas, marcas, nódoas que adquirimos no passado, em que éramos ignorantes do conhecimento do Evangelho de Jesus. Marcas ficaram e manchas apagamos. Apagamos manchas e marcas quando desejamos nos modificar para o bem. Apagamos manchas e nódoas quando amamos a nós mesmos; quando passamos a compreender melhor o nosso próximo.

E se, por enquanto, só sabemos ou só podemos amar aos nossos filhos, nossos familiares, nossos amigos mais próximos, já teremos alcançado um progresso. Quem sabe se, já nessa encarnação, não ampliamos nosso círculo de amor?...
Tenhamos, todos nós, como um roteiro de vida, como uma página a ser lida e relida muitas vezes, o Sermão da Montanha.

BIBLIOGRAFIA:

Almeida, João Ferreira - Evangelho segundo Mateus

QUESTIONÁRIO:

1- Em que sentido a teoria de Platão é precursora do princípio da reencarnação?

2 - Qual a posição de Orígenes perante a teoria da pluralidade das existências? Pesquise

3 - Por que a pluralidade das existências é superior à teoria da unicidade das existências?

4 - Quais são os verdadeiros laços de família?

5 - Quais são as duas espécies de famílias existentes?

6 - O que Jesus quis dizer com a expressão "eis minha mãe e meus irmãos"?

7 - Em que sentido os Espíritos formam uma família no mundo espiritual?

8 - Ocorre, freqüentemente, que em determinada família encarnem Espíritos que não se afinam com os demais membros da família: Por quê?

9 - A teoria da unicidade da existência exclui a preexistência da alma: Explique

10 - Como conquistar as virtudes preconizadas por Jesus?

11 - Quem são os bem-aventurados, a que Jesus se refere?

12 - Por que o Sermão da Montanha dever ser entendido como um roteiro de vida?

 

 

 

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 21ª aula


A - FINALIDADES DA ENCARNAÇÃO

As sucessivas encarnações são os degraus que o Espírito galga no itinerário da perfectibilidade, ao submeter-se às limitações da existência corporal. Deste modo, as encarnações são necessárias em função do progresso moral e intelectual, para ascender à condição de Espíritos puros.
Quando na ERRATICIDADE o Espírito examina o que fez, reconhece seus erros ou acertos, traça planos e toma resoluções para mais uma etapa de aprendizado, submetendo-se às provas necessárias que farão parte de sua nova existência corpórea. Mas, esta nova experiência não significa para ele punição, e sim, uma condição necessária por força de sua condição moral.
1 - EXPIAÇÃO: "Deus os colocou num mundo ingrato para expiarem suas faltas, através de um trabalho penoso e das misérias da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo mais feliz". (ESE, Cap. III, ítem 13). A expiação consiste em o homem sofrer aquilo que fez os outros sofrerem, abrangendo sofrimentos físicos e morais, seja na vida corporal, seja na espiritual. Tais sofrimentos, quando suportados com resignação, paciência e entendimento, apagam erros passados e purificam o espírito que assim vai, encarnação após encarnação, libertando-se das imperfeições da matéria.
2 - PROVA: Em sentido amplo, cada nova existência corporal é uma prova para o Espírito que o leva a se aperfeiçoar, enveredando pelo caminho da perfeição. Esclarece o Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, nº. 5: "Crede e orai! Porque a morte é a ressurreição e a vida é a prova escolhida, durante a qual vossas virtudes cultivadas devem crescer e desenvolver-se como o cedro". A prova às vezes confunde-se com a expiação, mas nem todo sofrimento é indício de uma determinada falta. O sofrimento pode ser uma opção do próprio Espírito com o objetivo de acelerar a sua purificação. Deste modo, a expiação será sempre uma prova, mas a prova nem sempre será uma expiação (ESE, Cap. V, nº 9).
3 - MISSÃO: Todos têm uma missão a cumprir, neste ou em outros mundos, mais ou menos adiantados; todos têm um papel a desempenhar dentro da harmonia e do equilíbrio do Universo. Assim, as missões, de um modo geral, enquadram-se em papéis de maior ou menor intensidade, de acordo com a capacidade e a elevação do Espírito reencarnante. Há a missão dos pais, a missão dos governantes, dos mestres, dos homens de ciência, dos escritores, dos artistas, etc..
Mas existem Espíritos missionários que reencarnam com uma missão específica: desempenhar a sublime tarefa de semear a paz, a caridade, o amor ao próximo e de promover o avanço intelectual da humanidade. Para estes, a encarnação não tem a finalidade de prova ou de expiação, mas a missão de acelerar o progresso moral e intelectual de seus irmãos encarnados.
A encarnação, enquanto instrumento divino que permite ao Espírito sua aprendizagem, leva-o a passar por todas as vicissitudes da vida material. Quanto mais rapidamente o Espírito se purificar se assimilar todo seu aprendizado, mais depressa chegará ao destino para o qual foi criado: a perfectibilidade.

B -  JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO

O princípio da pluralidade das existências do Espírito, é o único que satisfaz no tocante à idéia que se tem da justiça de Deus, quanto às diferenças individuais, tais como: posições sociais, as enfermidades, o poder, a saúde, a satisfação dos sentidos, etc.. Deste modo, o princípio da reencarnação é o único capaz de explicar o presente e renovar as esperanças, pois é através dela que o homem resgata seus erros em vidas futuras, bem como compreende a bondade infinita do Criador.

A reencarnação se contrapõe à teoria da unicidade das existências, pela qual o Espírito viveria uma só vez na forma física e teria seus destino definitivamente selado após a desencarnação, defrontando-se então com o dilema: bem-aventurança ou condenação eterna. Mas, a razão indica, e os bons Espíritos ensinam, que o Espírito que ainda não alcançou a perfectibilidade na vida corpórea, terá pela frente a oportunidade de novos renascimentos em corpos físicos para prosseguir na sua caminhada evolutiva.

Allan Kardec indaga aos benfeitores espirituais: -O número de existências corporais é limitado, ou o Espírito se reencarna perpetuamente? - "A cada nova existência, o Espírito dá um passo na senda do progresso; quando se despojou de todas as suas impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea". Portanto, pelo princípio da reencarnação, o Espírito no itinerário de sua perfectibilidade, terá pela frente a oportunidade de novos renascimentos. Pela reencarnação, reparam faltas cometidas, ao mesmo tempo em que assumem o compromisso de novas provas, pois um dia todos tornar-se-ão Espíritos puros.

O número de reencarnações não é o mesmo para todos os Espíritos, porquanto depende do esforço que cada um faz em prol do seu aprimoramento intelectual e moral. A cada nova existência o Espírito dá um passo adiante na senda do progresso; uma vez livre de todas as impurezas, não terá mais necessidade de novas vidas corporais. Deus jamais seria um Pai de justiça, de incomensurável amor e bondade, se condenasse os que não conseguiram vencer suas provas por fatores adversos, encontrados no próprio meio onde foram colocados e alheios à sua vontade.
Seria sumamente injusto se julgasse seus filhos de modo diferente uns dos outros, ou que aplicasse a sua justiça de modo unilateral. Todos os Espíritos caminham à perfectibilidade, e Deus lhes faculta meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações de inúmeras vidas corpóreas para atingirem o objetivo para o qual foram criados.

C - LIMITES DA ENCARNAÇÃO - NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO

Não se pode precisar o número de encarnações para o Espírito que habita a Terra; elas acontecem enquanto ele não tiver atingido o mais elevado índice evolutivo que este planeta comporta, e só então passará a encarnar num mundo imediatamente mais elevado. Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, o mundo que lhe está em situação evolutiva superior é o mundo de regeneração, onde o Espírito encarnado experimenta menos dores, verte menos lágrimas e enfrenta menos dissabores. Após ter atingido a condição de Espírito puro, não necessita mais inserir-se na materialidade; sua felicidade será plena e estará mais próximo de Deus.

Os Espíritos mais elevados podem descer e até encarnar em missão, nos mundos inferiores; porém, os Espíritos que estão nesses mundos, não poderão encarnar em mundos superiores. Os que executam com zelo as tarefas que lhes são conferidas, galgam rapidamente, e de maneira bem menos atribulada, os degraus da evolução, passando a desfrutar dos benefícios resultantes do seu trabalho. Entretanto, os que retardam a caminhada fazendo mau uso do livre-arbítrio, retardam seu ciclo evolutivo e têm que experimentar, muitas vezes, amargas decepções.

Pela obstinação na prática do mal, podem prolongar sensivelmente a necessidade de reencarnarem em mundos ainda inferiores. Aquele que, ao contrário, trabalha ativamente pelo seu progresso moral, pode não somente abreviar a duração da encarnação material, mas vencer, de uma só vez, os degraus intermediários que o separam dos mundos superiores.

Assim, à medida que o Espírito se purifica e ascende à escala evolutiva, passa de um mundo mais atrasado para outro imediatamente mais evoluído. Nessa nova morada seu perispírito se torna mais sutil, menos denso, passando a desfrutar de maior sensibilidade e de facilidade de locomoção. Tomando-se como exemplo uma escola: se o aluno empenhar-se com afinco e dedicação, logo terá superado todos os estágios e poderá, pelo seu próprio esforço, atingir seu objetivo final. Mas, se tiver sido displicente, ocioso, o seu ciclo de estudos se dilatará consideravelmente, resultando em inevitáveis repetições do mesmo ano escolar.

Do mesmo modo ocorre com os Espíritos que fazem mau uso de suas encarnações no grande educandário da vida; terão que passar por novas existências corpóreas, tantas vezes quantas forem necessárias para que o seu aprendizado possa ser assimilado de forma integral. Por isso, quanto mais o homem se esforçar pelo seu aprimoramento moral e espiritual, menos encarnações terá pela frente.

D - RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO
"Aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus" (João, 3: 3).

RESSURREIÇÃO: Ressurreição, em grego Anástasis, significa surgir, levantar, erguer, sair de um local ou de uma situação para outra. foi traduzida para o latim como "ressurectio", o ato de ressurgir, volta à vida, reanimar-se, uma conotação já não muito fiel ao original. Daí o fato de, biblicamente falando, o termo ressurreição ter sido interpretado em Mateus com o sentido de ressurgir dos mortos (Mt, Cap. 22:28 30, 31). Exceto os saduceus que pensavam que tudo acabava com a morte, a ressurreição fazia parte dos dogmas dos hebreus )ESE, Cap. IV, ítem 4) e da sua escatologia (ESCATOLOGIA: filosofia que busca explicar o destino último do homem: céu, inferno, ressurreição, juízo final, etc...).
Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer; designavam pela palavra "ressurreição" o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama "REENCARNAÇÃO". Com efeito, a ressurreição supõe o retorno à vida do corpo que morreu, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo estão, desde há muito, dispersos e absorvidos (ESE, cap. IV, ítem 4).
A conotação do termo "ressurreição" aplicava-se e estendia-se a casos como o das duas crianças na época de Elias e Eliseu (I Rs 17:21 a 24; II Rs 4:20 a 32 e 36); o do filho da viúva de Naim, o da filha de Jairo (lc 7:11-15); 8:49-55); o de Lázaro (Jo 11: 1-44) e outros, como II Rs 13:21; At 9:36-42; 20:9-12). Em todos os casos, em que o Mestre atuou ele afirmou, enfaticamente, que essas pessoas não estavam mortas, mas apenas dormiam. Como naquele tempo não se conheciam essas mortes aparentes, causadas pela letargia ou catalepsia, essas pessoas puderam voltar à vida, passando, nesses casos, aos olhos atônitos do povo como autênticas ressurreições.
O mesmo termo foi aplicado para explicar as dez aparições de Jesus em Jerusalém e circunvizinhanças, a partir do terceiro dia (Lc 24: 44-48; Jo 20: 11-23; Jo 21: 15-22 e At 1:3-8) após a crucificação e durante os quarenta dias seguintes, confirmando o que estava previsto pelos profetas nas escrituras do Velho Testamento, conforme segue:

APARIÇÃO DE JESUS:1 - Às mulheres no caminho de volta da visita ao sepulcro, quando lhes dissera: Não temais, ide dizer a meus irmãos que vão à Galiléia e lá me verão (Mt 28: 9,10);
2 - À Maria Magdalena quando ficou a sós ao retornar ao sepulcro, quando alertou-a: Não me detenhas, porque ainda não subi para o Pai (Jo 20: 11-18);
3 - No mesmo dia a dois discípulos que iam para Emaús, um deles de nome Cleophas (lc 24: 13-25);
4 - Logo em seguida a Simão Pedro (lc 24: 34);
5 - Na tarde do mesmo dia a todos os discípulos, exceto Tomé (Lc 24:36, 43; Jo 20: 19-23);
6 - Oito dias depois, domingo, a todos os discípulos quando Tomé estava presente (Jo 20: 26-29);
7 - A sete discípulos que pescavam no mar da Galiléia (Jo 21: 4 e seguintes);
8 - Sobre um monte na Galiléia, onde se presume seja o local que contou com a presença de mais de quinhentos irmãos (Mt 28: 16-20; I Corintios, 15:6);
9 - Apareceu a Tiago, mas não se sabe quando nem em que lugar (I Coríntios, 15:7);
10 - Na chamada ascenção, quando Jesus levou os discípulos de volta a Betânia e os abençoou despedindo-se deles (At 1: 6-10 e Lc 24: 50-52). Possivelmente Jesus apareceu muitas outras vezes durantes esses quarenta dias.

REENCARNAÇÃO:

Reencarnação, conforme a própria palavra indica, significa retomar, readquirir a carne novamente; tem um sentido bem mais preciso e diferente de "ressurreição". A reencarnação significa a volta à vida corpórea, mas em um outro corpo, sem qualquer espécie de ligação com o anterior. Não há necessidade de a alma retomar o seu antigo corpo, uma vez que o Espírito tem sempre diante de si a oportunidade de adquirir novo organismo físico, sem afrontar as leis naturais, reencarnando tantas vezes quantas forem necessárias ao seu aperfeiçoamento espiritual.
Em Mateus 17:10 a 13 e Marcos 9:11 a 13, faz-se alusão ao fato de que João Batista era Elias:
"E os discípulos lhe perguntaram dizendo: pois por que dizem os escribas que importa vir Elias primeiro? Mas ele, respondendo-lhes disse: -Elias certamente há de vir, e restabelecerá todas as coisas; digo-vos, porém, que Elias já veio, e eles não o conheceram, antes fizeram com ele quanto quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às suas mãos. Então conheceram os discípulos que de João Batista é que ele lhes falara (Mateus, 17:10-13). Não há melhor testemunho sobre a reencarnação do que esta narração evangélica, porque se ela aconteceu com Elias, acontece com todos os Espíritos.
Em diálogo com Nicodemos, Jesus afirmou: "Em verdade, em verdade vos digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo (João 3:3). Nicodemos lhe disse: -Como pode nascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe, para nascer uma segunda vez? Jesus lhe respondeu: -"Em verdade, em verdade vos digo: Se um homem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não vos espanteis do que eu vos disse, que é preciso que nasçais de novo (ESE, Cap. IV, item 5 a 8).
A água entre os judeus, e mesmo entre os povos antigos, era um elemento primordial da matéria, pois acreditavam que tudo que havia na Terra havia saído das águas. Segundo essa crença, a água tornar-se o símbolo da natureza material, como o Espírito era o da natureza inteligente. Estas palavras: "Se o homem não renasce da água e do Espírito, ou em água e em Espírito", significam, pois: "Se o homem não renasce com o corpo e a alma". Neste sentido é que foram compreendidas no princípio (ESE, Cap. IV, item 8). Isto porque é pelos renascimentos sucessivos que o Espírito evolui. Uma única existência jamais poderia ser suficiente para o aprimoramento que o Espírito deve colimar, a fim de ascender aos planos mais elevados da Espiritualidade.
BIBLIOGRAFIA: ESE - CAP. IV - ÍTENS 4 A 17; L.E. - PERGUNTA: 1010.

QUESTIONÁRIO:

1 - Qual a finalidade da reencarnação?
2 - O Espírito progride na erraticidade?
3 - Defina: expiação, prova e missão?
4 - Em que sentido a reencarnação consagra a Lei de Causa e Efeito?
5 - Como a reencarnação desfaz o mito das "penas eternas"?
6 - De quantas reencarnações o Espírito precisa para sua evolução?
7 - A evolução do Espírito dá-se em um único planeta?
8 - Podem os Espíritos vencer mais rapidamente degraus intermediários que os separam dos mundos superiores?
9 - O que devemos fazer para merecer um mundo melhor?
10 - Qual a diferença entre ressurreição e reencarnação?
11 - Descreva alguma passagem evangélica que se refira às aparições de Jesus.
12 - "Se um homem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus". Interprete

 

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 20ª aula


A - DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS


SEGUNDA ORDEM: ESPÍRITOS BONS

: - São os que chegaram ao meio da escala. O desejo do bem e a sua realização decorrem do grau de evolução que atingiram, pois há neles o predomínio do Espírito sobre a matéria e, consequentemente, a busca da sabedoria e da moralidade. Compreendem Deus e sentem-se felizes quando fazer o bem e quando impedem o mal (LE, perg. 107).
Os Espíritos Bons classificam-se, conforme o Livro dos Espíritos, em:
5ª. CLASSE: ESPÍRITOS BENÉVOLOS: -Sua qualidade predominante é a bondade, pois seu progresso realizou-se mais no sentido moral que no intelectual.
4ª. CLASSE: ESPÍRITOS SÁBIOS: - São livres das paixões, próprias dos Espíritos imperfeitos, preocupando-se mais com as questões científicas do que com as morais. Encaram a ciência por sua utilidade.
3ª. CLASSE: ESPÍRITOS PRUDENTES: - Caracterizam-se pelas qualidades morais e capacidade intectual elevada, possibilitando uma apreciação dos homens. O progresso intelectual e o progresso moral raramente andam juntos, mas o que o Espírito não consegue em dado tempo, alcança em outro, de modo que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível. (O Céu e o Inferno, 1ª. parte, cap. III, nº. 7 e LE, perg. 192).
2ª. CLASSE: ESPÍRITOS SUPERIORES: - Sua linguagem, que só transpira benevolência, é sempre digna, elevada e frequentemente sublime, em decorrência da ciência, sabedoria e bondade que reúnem.

PRIMEIRA ORDEM - ESPÍRITOS PUROS: - São os Espíritos que atingiram o ponto mais elevado da escala evolutiva e pertence à 1ª. CLASSE. Percorreram todos os degraus da escala espírita e despojaram-se de todas as impurezas da matéria. Possuem superioridade intelectual e moral absolutas, em relação aos Espíritos das outras classes. Não estão mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis e são mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens executam (LE, perg. 113).

B - PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS - ANJOS E DEMÔNIOS
PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS: Ao analisar a progressão dos Espíritos, deve-se levar em conta as seguintes considerações:
A - Espírito e matéria estão sempre associados, pois qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório ou perispírito, cuja natureza se eteriza à medida que ele se depura e se eleva na hierarquia espiritual (LM, ítem 55).
B - Em sua escalada progressiva para atingir a perfectibilidade, o Espírito deve lutar para que sua natureza espiritual domine sua natureza material, trabalhando os seguintes aspectos:
1 - Desenvolvendo a sua inteligência e adquirindo os conhecimentos que o levarão à verdade, passando pelas provas que Deus lhe impõe;
2 - Despojando-se de influências da matéria, como por exemplo, as sensações dos órgãos, à qual está ligado necessariamente para sua manifestação como Espírito;
3 - Libertando-se dos males como o egoísmo, orgulho, a maldade, etc.. e conquistando as virtudes como a caridade, a humildade, etc...

C - Os Espíritos foram criados iguais, simples e ignorantes, porém todos atingirão a perfectibilidade. Uns chegam mais rapidamente que outros, pois isso depende do livre-arbítrio de cada um, conforme agem dentro da Lei de Causa e Efeito, como diz André Luiz, em Evolução em dois mundos, cap. xii: Encetando, pois, a sua iniciação no plano espiritual, de consciência desperta e responsável, o homem começa a penetrar na essência da Lei de Causa e Efeito, encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou deprimentes das próprias ações. A partir destas considerações, chega-se às seguintes conclusões:
a) Não há penas eternas. Os Espíritos não permanecem perpetuamente nas classes inferiores. Depende de cada um apressar ou não o seu avanço. Quaisquer que sejam a inferioridade e perversidade dos Espíritos, Deus jamais os abandona. Todos têm seu anjo da guarda (Espírito Protetor) que por eles vela.. Contudo, o Espírito deve progredir por impulso da própria vontade, nunca por sujeição (O Céu e o Inferno, 1ª. parte, Cap. VII, Código Penal da Vida Futura, ítem 20).
b) O Espírito pode permanecer estacionário, mas não retrógrada, uma vez que o conhecimento adquirido não mais se perde. Uma vez encarnado pode estar em condição social inferior à sua vida passada, porém nada perde do que adquiriu moral e intelectualmente. Seu desenvolvimento moral e intelectual, como Espírito, é o mesmo (Gênese, cap. XI, nº. 48).
c) Deus não libera os Espíritos das provas que devem sofrer para chegarem à Primeira Ordem, pois se o fizesse, teria de criá-los perfeitos e, como tal, eles não teriam merecimento para usufruir dos benefícios da perfectibilidade conquistada. Os Espíritos não precisam necessariamente passar pela fieira do mal para chegarem ao bem, mas sim pelo caminho da ignorância. Todos têm o livre-arbítrio para escolher entre um e outro caminho, mas é justamente pelo uso correto que fazem de sua escolha é que conquistam o mérito para chegar à Primeira Ordem. O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo. Não haveria liberdade se a escolha não dependesse da vontade e decisão do Espírito em ceder a esta ou àquela influência, boa ou má.

ANJOS e DEMÔNIOS

ANJOS: "Os seres que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?" - Não; são Espíritos puros: estão no mais alto grau da escala e reúnem em si todas as perfeições" (LE, perg. 128). Deste modo, os anjos não são uma criação especial de Deus, mas Espíritos que conseguiram superar as imperfeições próprias da condição humana; são Espíritos puros e, como tal, pertencem à Primeira Ordem, segundo a escala de valores estabelecida pela Doutrina dos Espíritos. Tornam-se mensageiros de Deus, mantendo sob suas ordens Espíritos em diferentes graus de evolução, e manifestam seu amor ora participando da criação de novos mundos em formação, ora trazendo revelações divinas para a evolução da humanidade.
DEMÔNIOS: "Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?" - Se houvesse demônios, eles seria obra de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres infelizes, eternamente voltados ao mal?" (LE, perg. 131). Demônios são, portanto, os Espíritos ainda imperfeitos, transitoriamente desviados do bem e que se comprazem no mal alheio. Pela sua índole imperfeita, estabelecem domínio sobre outros Espíritos, encarnados ou desencarnados. Pertencem à Terceira Ordem da escala Espírita por se rebelarem contra as provas que lhes tocam e que por isso as sofrem mais longamente. como o ser humano sempre necessitou de figuras e imagens para firmar-se, idealizou os seres incorpóreos sob forma material, com atributos que lembram as qualidades ou defeitos humanos. Assim, surgiram as formas de anjos para personificar a espiritualidade sublimada e as formas dos demônios para personificar seus atributos ainda da animalidade.
Contudo, a Doutrina Espírita esclarece que as penas não são eternas; o prazo de expiação para os Espíritos imperfeitos está subordinado à sua vontade de melhorar para ascender à categoria de Espíritos puros. Deus não privilegia mais a uns do que a outros, pois é soberanamente justo e bom. Tudo o que acontece de acordo com os preceitos das suas leis divinas se constitui no bem e tudo que lhes for contrário, se constitui no mal. Cedo ou tarde, demônios ou Espíritos imperfeitos ascenderão à categoria de anjos ou Espíritos puros, pois esta é a lei que rege o universo: a evolução do Espírito.

C) A JUSTIÇA DIVINA

Entre os atributos de Deus, encontra-se o de sua soberana justiça e bondade (qualidades indubitáveis da divindade), em seu mais alto grau: “o infinito de uma qualidade exclui a possibilidade da existência de uma qualidade contrária que a diminuísse ou anulasse) (A Gênese, Cap. II, item 14). Portanto, não se pode duvidar da justiça e da bondade divinas, medida precisa da sabedoria providencial, que se revela tanto nas menores quanto nas maiores coisas.

Mas, ainda vemos muitas criaturas, cristalizadas nas ilusões do mundo, que, ao menor sopro das adversidades, são capazes de questionar a justiça divina. Para estes, “Deus castiga, Deus pune, Deus não é justo”. Em outros momentos, por uma alegria fugaz, “Deus é maravilhoso, Deus é bom, Deus é justo”. Tal contradição encontra-se na criatura e não no Criador.

“Deus não poderia ser ao mesmo tempo bom e mau, pois então, não possuindo nenhuma de tais qualidades no grau máximo, não seria Deus; todas as coisas seriam submetidas ao seu capricho, e não haveria estabilidade para nada. Ele não poderia ser senão infinitamente bom, ou infinitamente mau; ora, como suas obras testemunham sua sabedoria, sua bondade e sua solicitude, necessariamente se conclui que, não podendo ao mesmo tempo ser bom e mau, sem cessar de ser Deus, deve ser infinitamente bom.

“A soberana bondade implica na soberana justiça, pois se ele agisse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância, ou em relação a uma só de suas criaturas, não seria soberanamente justo e, por conseqüência, não seria soberanamente bom”. (A Gênese, cap. II.ítem14)

A lição é muito significativa. Não podemos continuar tendo uma idéia contraditória de Deus, porque Ele “não se mistura à cadeia das suas criaturas”, como bem o definiu Léon Denis. Não podemos pensar num Deus caprichoso, mudando de humor a cada instante; devemos, antes, abandonar a idéia do Deus humanizado, descrito à nossa imagem e semelhança, já que desconhecemos completamente sua natureza íntima.

“O Pai a ninguém julga, mas deu ao filho todo o poder de julgar” (Jô, 5:22), disse Jesus, com toda a propriedade. O filho da frase não era, evidentemente, o próprio Cristo: “Vós julgai segundo a carne, eu a ninguém julgo” (Jô, 8:15), como ele mesmo afirma e confirma: “Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo, porque não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo”. (Jô, 12:47). Esse filho é cada um de nós, que tem o poder de julgar a si mesmo.

Na verdade, não se trata de uma aberração da Providência Divina, mas de um processo natural. Afinal, onde se encontra escrita a lei de Deus? “Na consciência” (l.E., 621), responderam os Espíritos a Kardec. Isto significa que, ao chegar à Espiritualidade, finda a romagem terrena, o Espírito não encontrará um Tribunal formado, Juízes togados ou Promotores de Justiça prontos para sentencia-lo. Contudo, haverá um outro julgamento, uma avaliação da existência ora terminada, naquilo que houve de mais importante.

Esse julgamento se dará no “Tribunal da Consciência”, onde cada um é seu próprio juiz e julgará de acordo com a verdade, sem procurar atenuar suas falhas, mas sendo o mais justo quanto possível. As leis imperantes nesse tribunal não são as humanas (falhas, lacunosas, obscuras), mas as Leis Divinas (sábias, harmonizadoras, perfeitas).

A sentença é equilibrada, isto é, abrange todo o campo das necessidades de aperfeiçoamento do Espírito, mais voltada para o futuro até do que para o passado, traçando os próximos passos do indivíduo no sentido de sua reformulação moral. Em posse dela, o Espírito começa a preparar-se para o retorno à vida corporal, com novas expectativas, ciente das probabilidades de reincidência no erro, motivo que o leva a fazer um esforço maior para corrigir-se.

Em tudo e por tudo, apresenta-se a Providência Divina, que “é a solicitude de Deus pela suas criaturas”. (A Gênese, cap. II, item 20). Os perigos a que estamos expostos não são mais do que advertências para nos desviar do mal e nos tornar melhores a cada passo. “Se examinarmos a causa e a natureza do perigo, veremos que, na maioria das vezes, as conseqüências foram a punição de uma falta cometida ou de um dever negligenciado. Deus vos adverte para refletirdes sobre vós mesmos e vos emendardes”. (L.E. 855).

A necessidade de reflexão é permanente para cada um de nós. É o melhor meio de nos melhorarmos já nesta vida e resistirmos ao arrastamento do mal. Sócrates, imortalizando o “conhece-te a ti mesmo”, enfatizou também que “a vida sem exame é indigna do homem”. Santo Agostinho reforçou esse pensamento: “o conhecimento de si mesmo é portanto a chave do melhoramento individual”. (L.E., 919a). Estejamos, pois, atentos a nós mesmos, a todo momento, para que a Justiça Divina possa vir mais em abono das nossas virtudes e menos em corrigenda de nossas imperfeições.

BIBLIOGRAFIAS: O LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC. O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. O CÉU E O INFERNO - ALLAN KARDEC - Kardec, Allan - A Gênese.

Deus nos criou para a felicidade, não para o sofrimento. É um erro supor que a Terra será sempre um vale de lágrimas. Ela, hoje, ainda planeta de expiação e de provas, abriga em seu seio espíritos muito imperfeitos, e a situação caótica do mundo nada mais é que a colheita coletiva que estamos fazendo dos atos repletos de egoísmo e de desamor que temos feito ao longo de nossa grande caminhada pela fieira das reencarnações. Mas um dia, com toda a certeza, aprenderemos com os nossos próprios erros, e colocaremos em nossos corações o evangelho de Jesus. Aprendendo a nos amar, e colocando esse amor na frente de todos os nossos atos, mudaremos o mundo e construiremos aqui na Terra um planeta maravilhoso, habitável, fraterno, saudável e feliz. Somos os construtores de nosso destino. Por enquanto, é um destino ainda feio, calcado no egoísmo, no orgulho, na prepotência. Mas as conseqüências de nossos erros guardam em si mesmos o remédio para nossos males, e nos impulsionam a mudar, a modificar nossa vida, nossos hábitos, nosso modo de agir.

O CARPINTEIRO

Um velho carpinteiro estava para se aposentar. Contou a seu chefe os planos de largar o serviço de carpintaria e de construção de casas para viver uma vida mais calma com sua família. Claro que sentiria falta do pagamento mensal, mas necessitava da aposentadoria.

O dono da empresa sentiu em saber que perderia um de seus melhores empregados e pediu a ele que construísse uma última casa como um favor especial.

O carpinteiro consentiu, mas, com o tempo, era fácil ver que seus pensamentos e seu coração não estavam no trabalho. Ele não se empenhou no serviço e utilizou mão de obra e matérias primas de qualidade inferior.

Foi uma maneira lamentável de encerrar sua carreira.

Quando o carpinteiro terminou o trabalho, o construtor veio inspecionar a casa e entregou a chave da porta ao carpinteiro:

"Esta é a sua casa", ele disse, "meu presente para você."

Que choque! Que vergonha! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito completamente diferente, não teria sido tão relaxado. Agora iria morar numa casa feita de qualquer maneira. Assim acontece conosco. Construímos nossas vidas de maneira distraída, reagindo mais que agindo, desejando colocar menos do que o melhor. Nos assuntos importantes não empenhamos nosso melhor esforço. Então, em choque, olhamos para a situação que criamos e vemos que estamos morando na casa que construímos. Se soubéssemos disso, teríamos feito diferente. Pense em você como o carpinteiro. Pense sobre sua casa. Cada dia você martela um prego novo, coloca uma armação ou levanta uma parede. Construa sabiamente. É a única vida que você construirá. Mesmo que tenha somente mais um dia de vida, esse dia merece ser vivido graciosamente e com dignidade. Na placa na parede está escrito:

"A vida é um projeto “faça você mesmo."

Quem poderia dizer isso mais claramente?

Sua vida de hoje é o resultado de suas atitudes e escolhas feitas no passado.

Sua vida de amanhã será o resultado das atitudes e escolhas que fizer hoje."

O episódio acima nos dá a idéia exata de que a justiça divina, que, como diz o povo, não falha, é centrada em nossos próprios atos. Nós plantamos, e nós colhemos. Deus não irá nos castigar porque erramos. Nós sim, colhendo o resultado do que plantamos, vamos nos melhorando, nos aperfeiçoando, até podermos alcançar nosso objetivo, que é a felicidade e a perfeição.

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 361 de Fevereiro de 2001)

QUESTIONÁRIO:

1- O que predomina nos Espíritos imperfeitos?
2 - Quais as características do Espírito bom?
3 - O progresso intelectual e o progresso moral andam sempre juntos?
4 - O que são anjos e demônios?
5 - Existem penas eternas? Explique.
6 - O Espírito terá que necessariamente passar pelo caminho do mal? Desenvolva.
7 - Como podemos conceituar Deus, em face de sua Justiça?

8 - Como somos julgados, por nossos acertos e erros?

9 - O que devemos fazer para nos melhorarmos?


Conforme o grau de perfeição que tenham alcançado, os Espíritos se classificam em diferentes ordens, segundo uma escala hierárquica de valores, estabelecida na Codificação Espírita para fins meramente didáticos, nada tendo de absoluta. Essas ordens são ilimitadas em número, porque não há entre elas uma linha demarcatória traçada como barreira, de maneira que se podem multiplicar ou restringir as divisões à vontade. Não obstante, se considerarmos os caracteres gerais, poderemos reduzí-las a três ordens principais (LE, perg. 97):
PRIMEIRA ORDEM: Espíritos Puros
SEGUNDA ORDEM: Espíritos Bons
TERCEIRA ORDEM: Espíritos Imperfeitos

Allan Kardec esquematiza a escala espiritual a partir dos Espíritos imperfeitos, subdividindo cada ordem de Espíritos em classes e dando seus caracteres em cada uma delas. A partir desta classificação, será fácil determinar a ordem e o grau de superioridades ou inferioridade dos Espíritos com os quais podemos entrar em relação, e, por conseguinte, o grau de confiança e de estima que eles merecem (LE, perg. 100).
TERCEIRA ORDEM: ESPÍRITOS IMPERFEITOS: -Caracterizam-se pela ignorância, desejo do mal e apego às paixões que lhes retardam o desenvolvimento, pois neles há o predomínio da matéria sobre o Espírito. Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem. Tais características não são iguais para todos, uma vez que progridem e se modificam, à medida que desenvolvem sua inteligência e moralidade, libertando-se da influenciação da matéria. Desta forma os Espíritos imperfeitos classificam-se em diferentes classes:
10ª. CLASSE: ESPÍRITOS IMPUROS: -São inclinados ao mal. Insultam a discórdia e a desconfiança. Usam todos os disfarces para melhor enganar. Sua linguagem é trivial, grosseira e ignorante. Caracterizam-se pela inferioridade moral e intelectual.
9ª. CLASSE: ESPÍRITOS LEVIANOS: -São ignorantes, malignos, inconsequentes e zombeteiros. Sua linguagem muitas vezes é espirituosa e alegre.
8ª. CLASSE: ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS: - Seus conhecimentos são bastantes amplos, mas julgam saber mais do que realmente sabem. Sua linguagem é presunçosa e contém algumas verdades mescladas com os mais absurdos erros. São presunçosos, orgulhosos e teimosos.
7ª. CLASSE: ESPÍRITOS NEUTROS: - Não são bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para praticarem o mal.
6ª. CLASSE: ESPÍRITOS BATEDORES E PERTURBADORES: - Manifestam sua presença por efeitos sensíveis e físicos. Não formam propriamente uma classe especial na escala evolutiva, pois podem pertencer a todas as classes da terceira ordem.

 

 

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 19ª aula


A - PERISPÍRITO
Há nos homens três constituintes fundamentais a serem considerados:
a - O corpo ou ser material, semelhante ao dos animais;
b - A alma ou ser imaterial, Espírito encarnado;
c - O Perispírito, laço que une a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito. (Le, perg 135a)

Para dar idéia do que seja o Perispírito, Allan Kardec usou uma comparação muito apropriada ao afirmar: "Como a semente de um fruto é envolvida por um perisperma, o Espírito propriamente dito, também é revestido por um envoltório que, por analogia, se pode chamar de Perispírito" (LE, perg. 93).
A uma pergunta de Kardec, os Espíritos respondem: O Espírito é envolvido por uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós, suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser" (LE, perg. 93). Esta resposta dos Espíritos é genérica já que a capacidade de cada um está condicionada ao grau de evolução do Espírito, pois nem todos estão em condições de volitar e transportar-se para onde quiserem.
O Perispírito, envoltório fluídico, semimaterial que serve de elo de ligação entre a alma e o corpo, é o intermediário de todas a sensações que o Espírito recebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. (LM, ítem 54). A alma nunca fica desligada do seu Perispírito, mesmo após sua desencarnação. Qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório, cuja natureza se eteriza à medida que se depura e se eleva na hierarquia espiritual.
De sorte que a idéia de forma é inseparável da de Espírito e não se concebe uma sem a outra. O Perispírito faz, portanto, parte integrante do Espírito, como o corpo o faz do homem (LM, ítem 53). O corpo físico é uma exteriorização aproximada do corpo espiritual, já que ele deve compatibilizar-se e subordinar-se aos imperativos da hereditariedade e da matéria grosseira. A "morte" é a destruição do corpo físico, o invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva, porém, o Perispírito, embora etéreo e invisível ao homem no seu estado de encarnado.

1 - ORIGEM E NATUREZA DO PERISPÍRITO

ORIGEM: "De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial? - Do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos; passando de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa" (LE, perg. 94). O Espírito utiliza-o de acordo com suas necessidades evolutivas, com o fim de formar seu corpo de manifestação e de atuação sobre a matéria.

NATUREZA: Quanto à sua natureza, é composto por uma matéria mais ou menos sutil, intangível, em virtude do seu estado fluídico; sua condensação será maior ou menor segundo a natureza peculiar a cada mundo, e segundo o grau de evolução do Espírito. Um Espírito chamado a viver em determinado meio, dele extrai seu perispírito. Conforme seja esse Espírito mais ou menos evoluído, seu perispírito se formará respectivamente das partes mais puras ou mais grosseiras do fluido do próprio mundo no qual se encarna. Daí resultam três considerações importantes:
1 - A constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos;
2 - O perispírito modifica-se à medida que o Espírito progride no transcorrer de suas encarnações;
3 - Os Espíritos superiores, encarnando-se em missão em um mundo inferior à sua condição, têm naturalmente um perispírito menos grosseiro que os demais.

2 - PROPRIEDADES DO PERISPÍRITO

A - QUANTO À FORMA: Expansibilidade e flexibilidade
Pela sua natureza fluídica, semimaterial, o perispírito possui estas características, pois ele não se encontra preso ao corpo material como se estivesse em uma caixa. Submete-se à vontade do Espírito, e é assim que ele se apresenta em sonhos ou no estado de vigília, podendo inclusive tornar-se visível e até mesmo palpável. Por ser de extrema plasticidade, irradia-se para o exterior e forma em torno do corpo material uma atmosfera, que o pensamento e a força de vontade podem dilatar ou contrair.
ASSIMILAÇÃO: O perispírito tem a propriedade de assimilar os fluidos do ambiente. Se as emanações fluídicas são de boa natureza, o corpo recebe impressões salutares; se são más, a impressão é penosa.
B - QUANTO À DENSIDADE:
Nos Espíritos mais evoluídos, sua natureza é menos densa, enquanto que nos Espíritos mais inferiores é mais grosseiro.
PENETRABILIDADE: É a faculdade que o Espírito tem, através do perispírito, de entrar em qualquer ambiente. O mundo material não lhe apresenta obstáculos de qualquer espécie.
FUNÇÕES DO PERISPÍRITO:

1 - MODELO ORGANIZADOR BIOLÓGICO

O perispírito é o molde ou arcabouço do corpo físico, através do qual o Espírito, enquanto agente modelador, irá comandar fluidicamente as células que se condensam no corpo carnal. Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o apropria às novas necessidades; aperfeiçoa-o, desenvolve-o e completa o organismo à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência ( A Gênese, cap. XI, ítem 11)
2 - ADAPTAÇÃO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS AMBIENTAIS:
Sendo intermediário entre o Espírito e corpo físico, o perispírito permite ao Espírito o acesso, a adaptação às circunstâncias ambientais, recebendo sensações do Espírito, e ao mesmo tempo transmitindo sua vontade sobre os órgãos do corpo físico. Efetivamente, é o perispírito que torna o Espírito sensível ao mundo natural, agindo e reagindo ao ambiente. Ao mesmo tempo, tudo o que o Espírito percebe e vivencia, o perispírito registra em si mesmo, como um arquivo que mantém todas as vivências do passado.
3 - REGISTRO DAS VIVÊNCIAS:
Tudo o que o Espírito percebe e vivencia no ambiente natural, o perispírito registra em si mesmo, como uma memória orgânica que guarda toda atividade reflexa e automática. Portanto, sob o aspecto biológico, o perispírito é o arquivo das alterações físicas; sob o aspecto moral, ele é apenas a exteriorização dos pensamentos do Espírito, revelando assim seu grau de evolução espiritual.

B - CENTROS DE FORÇA
O universo é uma conjunção de leis, forças e energias inimagináveis, em incessante movimento de ação e reação, no processo de desintegração, combinação, modificação e renovação dos elementos que o constituem. Inserido na dinâmica desse ambiente existe o homem, cujo universo orgânico se nutre e se mantém pela absorção de energias que irradiam de infinitas fontes cósmicas, desde o Sol, a mais próxima, as que procedem do fundo do espaço infindo, acrescentando-se ainda as energias produzidas pelo meio físico.

Essas energias são absorvidas pelos chamados "centros vitais" ou "centros de força", pois assim como o corpo físico possui seus órgãos fundamentais que lhe regulam a vida material, o corpo perispiritual possui, de forma equivalente, determinados fulcros de energia denominados "centros de força". O perispírito está intimamente regido por sete principais centros de força que se conjugam nas ramificações dos plexos, dos gânglios e da medula do corpo físico. Na função de centros vitais, sob o poder diretriz da mente, haurem energia do Fluido Cósmico, a qual transforma-se por sua vez em energia vital, assegurando assim funções complexas, desde o controle da vida orgânica às mais elevadas manifestações psíquicas, passando por todos os mecanismos da vida de relação.
Desta forma, através da qualidade de nossos pensamentos equilibram-se as forças vitais, ao passo que a viciação da mente desarmoniza os centros de força. Disto decorre a importância da elevação dos pensamentos, no sentido de imprimir qualidade aos fluxos energéticos que assimilamos dos mananciais do universo. Pensamentos saudáveis vitalizam o corpo físico, ao mesmo tempo que dinamizam os centros de força que ordenam a vasta rede dos processos de manifestação da inteligência. Para melhor entendimento, pode-se classificar os centros de força segundo suas atividades psíquicas ou fisiológicas:
CENTROS DE FORÇA responsáveis pelas atividades psíquicas:
CORONÁRIO: Localizado na região central do cérebro: a - assimila os estímulos do Plano Superior. b - orienta o metabolismo orgânico. c - supervisiona os outros centros vitais.
FRONTAL: Situado na fronte: a - ordena a vasta rede de processos de manifestação da inteligência. b - viabiliza as atividades dos órgãos dos sentidos, administrando assim o sistema nervoso e o sistema endócrino.

CENTROS DE FORÇA responsáveis pelas atividades fisiológicas:
LARÍNGEO: Situado na altura da garganta: a - preside notadamente as atividades de respiração e fonação.
CARDÍACO: Situado na região pré-cordial: a - dirige a emotividade e é responsável pelo equilíbrio geral do sistema circulatório.
ESPLÊNICO: Situado na região do baço: a - regula a distribuição e circulação adequada do volume sanguíneo. b - responsável pela atividade do sistema hepático.
GÁSTRICO: Situado na região do estômago: a - responsável pela digestão e absorção de alimentos.
GENÉSICO: Situado na região do baixo-ventre: a - responsável pelas energias criadoras.


C - CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO
Amai, pois, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma; desconhecer as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é desconhecer as leis de Deus (ESE, Cap. XVII, item 11). Embora Espírito e corpo sejam de naturezas diferentes, ambos coexistem em todos os encarnados. O Espírito possui seus atributos e conquistas, as quais independem do corpo físico; no entanto, o corpo material é que permite a sua manifestação e expressão.

Existem dois sistemas no seio da humanidade com relação aos cuidados do corpo e do Espírito: o dos ascetas, que desejam abater o corpo, e o dos materialistas, que querem diminuir a alma. Ao lado dessas duas correntes, fervilha a multidão de indiferentes que, sem convicção nem paixão, amam com tibieza e gozam com parcimônia (ESE, Cap. XVII, item 11).
O Espiritismo vem demonstrar aos homens que tanto o Espírito como o corpo têm valor inestimável, pois para o desempenho das tarefas no plano material importa manter o corpo saudável, enquanto instrumento do Espírito. Do contrário, pode haver um encurtamento da vida física, deixando o Espírito impossibilitado de dar cumprimento ao roteiro traçado para a sua vida.
Por outro lado, não se deve por isso afastar-se do mundo e do convívio com os semelhantes, com receio de contaminações ou de contrair vícios; o mérito do Espírito consiste em viver no mundo, entre criaturas por vezes viciosas, mas reagindo a todas as investidas. Somos homens no mundo e não podemos sacrificar a natureza humana, mas antes considerá-la, respeitá-la enquanto condição de livre expressão do Espírito.
Não deve o homem enfraquecer seu corpo com privações inúteis, com excesso de trabalho e maceração sem propósito, agravando as provas que Deus lhe mandou; ele precisa de todas as suas forças, da plenitude de suas faculdades orgânicas para cumprir os propósitos de nua encarnação. Torturar voluntariamente o corpo, martirizando-o com trabalho exaustivo é atentatório à lei de Deus, que dá sempre os meios de sustentá-lo e de fortalecê-lo. Debilitar o corpo sem necessidade representa um verdadeiro suicídio, embora indireto.
Os Espíritos ensinam que não há mérito em procurar as aflições, agravando-as por meio de sofrimentos espontâneos, quando isso objetiva satisfazer a própria comodidade, pois se trata de egoísmo e fanatismo. Mas, há mérito quando os sofrimentos e privações têm por fim o bem do próximo. Nesse caso, trata-se da prática da caridade através do sacrifício, pois que sofre-se por uma causa nobre.
Por outro lado, é importante cuidar do Espírito, pois este é eterno e deve-se sempre buscar aprimorá-lo, no sentido de transcender cada vez mais em direção a Deus. Para tanto importa cultivar as virtudes cristãs que enobrecem e elevam o Espírito, tornando-o portanto mais feliz.
Embora sendo o corpo mera vestimenta da alma, importa dispensar-lhe máxima atenção, e isso se faz primordialmente cuidando da saúde. Terá que responder pela abreviação da vida todo aquele que mergulha nos vícios terrenos, tais como o uso abusivo de bebidas alcoólicas, do fumo, do sexo, sem contar as aberrações pelo uso de entorpecentes que embotam os sentidos, solapam a saúde e levam muitas pessoas ao crime e ao suicídio. Aniquilar o corpo é retardar a evolução do Espírito.

QUESTIONÁRIO

1 - Como definir o perispírito?
2 - Qual a origem do perispírito?
3 - Quais as propriedades do perispírito?
4 - Qual o papel dos centros de força para a vida orgânica?
5 - Quais as funções dos centros de força coronário e frontal?
6 - O que fazer para manter os centros de força harmonizados?
7 -Qual a diferença entre o pensamento dos ascetas e o dos materialistas?
8 - Deve-se enfraquecer o corpo com privações e macerações para ser agradável a Deus?
9 - Qual a importância da saúde do corpo para o Espírito?

 

 

CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO – 16ª aula


A - ORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOS
ORIGEM: Da mesma forma que o corpo é a individualização do princípio material, o Espírito é a individualização do princípio inteligente; e é por isso que Allan Kardec emprega a palavra Espírito para designar as individualidades extra-corpóreas e não mais espírito - o elemento inteligente do Universo.
Os Espíritos são criados todos iguais, simples e ignorantes, com as mesmas possibilidades de evolução, porque sendo Deus Justo e Misericordioso jamais poderia criar seus filhos em desigualdade de condições. Tiveram, pois, princípio, uma vez que foram criados, não podendo, assim, ter existido como Deus, de toda a eternidade. Mas como e quando foram criados não há como saber. Importa sim saber que sendo Deus eterno, tem criado sempre: o trabalho da criação não cessa nunca.
Assim, há Espíritos em infinitos graus evolutivos na sua longa jornada espiritual: - desde os mais simples, ora passando pelos estágios inferiores da escala evolutiva dos seres viventes, ora adentrando o nível dos seres conscientes e responsáveis, ora atingindo níveis espirituais mais elevados para, finalmente, atingir o objetivo pelo qual foram criados: a perfectibilidade.
NATUREZA: Os Espíritos são definidos na Codificação como sendo "os seres inteligentes da criação que povoam o Universo, fora do mundo material" (LE, perg. 76), entendendo-se por Espíritos os seres extracorpóreos que se encontram no plano espiritual adequado ao seu estado evolutivo. São obras de Deus, assim como um quadro é obra do pintor que o executou. "Quando o homem faz uma coisa bela e útil chamamos a sua filha, sua criação" (LE, perg. 77); consequentemente, os homens também são filhos de Deus, pois são a Sua criação.
Falta ao homem termos de comparação para definir a natureza dos Espíritos. Não se pode dizer que são imateriais. O mais certo será dizer que são incorpóreos (LE, perg. 82). Portanto, o homem é incapaz de compreender a essência dos seres espirituais e somente por um grande esforço pode definí-los. Uma vez criado, o Espírito tem diante de si a eternidade. Este fato contraria a corrente materialista, segundo a qual o corpo e a alma desaparecem com a morte e isto porque lhe é difícil conceber como uma coisas que teve começo não tenha fim.
B - MUNDO NORMAL PRIMITIVO - FORMA E UBIQUIDADE DOS ESPIRITOS
O mundo dos Espíritos constitui um mundo à parte, completamente independente do mundo corpóreo; é o verdadeiro mundo porque é permanente, eterno e sobrevive a tudo. Enquanto o mundo corpóreo se renova continuamente através das reencarnações, com o sucessivo nascimento dos corpos de vida efêmera, o mundo espiritual é permanente, pois os seres que o habitam conservam a sua individualidade por toda a eternidade.

O mundo dos Espíritos é o mundo das inteligências incorpóreas, uma vez que, ocorrendo a morte dos corpos, pelas enfermidades, pelos acidentes, pelas guerras, pelos fenômenos da natureza e pelos desgastes físicos, os Espíritos retornam à sua verdadeira pátria, onde continuam evoluindo para atingirem seu objetivo. O mundo espiritual poderia existir sem o mundo corpóreo, mas há necessidade de ambos porque um reage sobre o outro. Deus em Sua infinita sabedoria criou-os para que o mundo terreno seja o educandário dos Espíritos, a fim de que possam conquistar e aperfeiçoar as virtudes que os tornarão seres perfectíveis.
Os Espíritos não habitam um lugar circunscrito no Universo, pois estão por toda parte. Não estão encerrados no Céu ou no Inferno conforme ensinam as várias religiões. Eles habitam todo o Universo, locomovendo-se com incrível velocidade e estão ao lado dos seres encarnados sem que estes o percebam; entretanto, existem regiões que são interditadas aos Espíritos menos evoluídos.
FORMA E UBIQUIDADE DOS ESPÍRITOS: FORMA: Allan Kardec em "O Livro dos Espíritos" esclarece, com base no ensino dos Benfeitores Espirituais, que o Espírito puro não possui forma limitada e constante aos olhos dos encarnados, mas tem para os demais. Pode-se afirmar, por analogia, que o Espírito puro é uma flama, um clarão ou uma centelha etérea (LE, perg. 88).
UBIQUIDADE: Ubiquidade é a faculdade de estar ao mesmo tempo em mais de um lugar. Os Espíritos não possuem o dom da ubiquidade no sentido absoluto, pois para isso teriam de dividir-se, possibilitando cada uma de suas partes estar em lugares diferentes simultaneamente. "Não pode haver divisão de um Espírito; mas cada um deles é um centro que irradia para diferentes lados, e é por isso que parecem estar em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol, que não é mais do que um, e não obstante irradia por toda parte e envia seus raios até muito longe. Apesar disso, ele não se divide". (LE, perg. 92).
Deduz-se então que cada Espírito é uma unidade indivisível que pode lançar seus pensamentos para diversas partes, sem que se fracione por isso, e neste sentido é que se deve entender o dom da ubiquidade atribuido aos Espíritos. Quando o Espírito é evoluido, pode deslocar-se no espaço com a rapidez do pensamento. Seu deslocamento é praticamente instantâneo, embora leve, pelo menos, um átimo para percorrer o espaço. Mas, se for da sua vontade, "ele pode inteirar-se da distância que percorre e dos espaços que atravessa, do mesmo modo que pode transportar-se subitamente ao lugar desejado, fazendo desaparecer completamente a distância que dele o separa. Tudo depende da sua vontade e também da sua natureza mais ou menos depurada". (LE, perg. 90).
Sendo o Espírito imaterial do ponto de vista da Ciência, a substância de que é constituído não se confunde com a matéria conhecida pelo homem. Deste modo, o ser espiritual não está sujeito ao princípio físico da impenetrabilidade, segundo o qual dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço simultaneamente. Desse modo, a matéria tal qual o homem a conhece, não é obstáculo intransponível para o Espírito. "Eles passam através de tudo. O ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo lhes são igualmente acessíveis"(LE, perg. 91).
C - MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
Pilatos, tornando a entrar, pois, no palácio, e tendo feito vir Jesus, lhe perguntou: Sois o rei dos Judeus? Jesus lhe respondeu: Meu reino não é deste mundo" ( João, cap. XVIII, v. 33 a 37).

Jesus, nesta passagem evangélica, sabia que os homens ainda não estavam adequadamente preparados para entender e aceitar os valores espirituais. Sua afirmação, embora já deixe apenas entrever aspectos da realidade espiritual, foi por Ele ainda demonstrada no decorrer de sua missão, como sendo a finalidade superior para a qual deverá voltar-se a Humanidade, tornando-se então, objeto das principais preocupações do homem na Terra. (ESE, cap. II, ítem 2).
Deste modo, todos os ensinamentos deixados no Seu Evangelho se reportam a esta finalidade de caráter transcendental: levar o homem à conscientização de que seu verdadeiro destino está na vida futura; para tal conquista, torna-se necessário um novo objetivo: a aquisição de valores morais, mais amplos que os acanhados horizontes da vida puramente material.
Neste ensinamento está evidenciada a importância da descoberta de novos valores e de uma nova conduta de vida, além de revelar a transitoriedade das honras e grandezas materiais que o homem busca com tanta avidez. Foi esta a razão que levou a Jesus replicar a Pilatos "O meu reino não é deste mundo". Realmente, não poderia haver qualquer similitude entre o seu reino, onde impera o amor, a fraternidade e a mansuetude e os demais reinos materiais, onde prevalecem o orgulho, a intolerância, o egoísmo e a incompreensão.
Este ensino de Jesus sobre o seu reino, à luz da Doutrina Espírita, dilata a visão do homem, que não mais se prende ao pequeno mundo que habita, mas distancia seu olhar na imensidão do infinito. Sua concepção materialista de vida se transforma, em função dessa nova perspectiva, deixando em segundo plano os valores materiais que tão fortemente afetam a vida do ser humano.
Tendo os fariseus perguntado a Jesus quando viria o Reino de Deus. Ele respondeu: "O Reino de Deus não vem visivelmente, nem dirão: Ei-lo aqui, ou Ei-lo acolá! Porque o Reino de Deus está no meio de vós" (Lucas, cap. 17 : 20).
Significativa esta passagem evangélica que vem esclarecer à humanidade que o reino de Deus não está em lugar circunscrito, com demonstrações de poder ou força, nem aparecerá nesta ou naquela nação, porque está impresso no íntimo de cada criatura. A conscientização desta assertiva de Jesus irá aflorar a partir do amadurecimento espiritual de cada um.
O Espiritismo confere ao homem a certeza de que o reino de Jesus se expressa não pelo poder material, mas pela superioridade moral conquistada através de um processo contínuo de aperfeiçoamento e vigilância constantes: a reforma íntima, que não significa necessariamente a renúncia de tudo aquilo que o homem conquistou na vida terrena, mas o enriquecimento espiritual dessa conquista. É o prelúdio de um novo estágio evolutivo. Assim, o ensinamento maior que Jesus trouxe ao homem nesta resposta a Pilatos, é a certeza de que, de acordo com a sua conduta voltada para o bem, terá acesso ao reino de paz e amor por Ele anunciado.
QUESTIONÁRIO
1 - Qual a diferença entre Espírito e espírito?
2 - Os Espíritos são criados todos iguais: simples e ignorantes. Explique.
3 - Qual a natureza dos Espíritos:
4 - Quais as características do mundo normal primitivo?
5 - Os Espíritos habitam um lugar circunscrito no universo? Comente.
6 - Como se deve entender o dom da ubiquidade atribuido aos Espíritos?
7 - O que significa a réplica de Jesus a Pilatos: "Meu reino não é deste mundo"?
8 - "O reino de Deus está entre vós.." Discorra sobre o sentido desta afirmação.
9 - Qual a relação do texto acima com a reforma íntima?







15ª  AULA: CURSO PREPARATÓRIO E BÁSICO DE ESPIRITISMO

A) Seres Orgânicos e Inorgânicos - Princípio Vital

Todos os corpos, minerais, vegetais, animados ou inanimados, sólidos, líquidos ou gasosos, por mais infinita que seja a sua variedade, podem ser classificados em dois grandes grupos: seres inorgânicos e seres orgânicos.
Seres Inorgânicos: Seres inorgânicos são todos aqueles que não possuem vitalidade, nem movimentos próprios, sendo formados apenas pela agregação da matéria: os minerais, a água, o ar, etc... (LE - 1º. Cap. IV - ítem - intr.). A partir das transformações do Fluido Universal surgem os elementos materiais que, sob determinadas condições e circunstâncias, vão propiciar a formação dos corpos no mundo material. Eles compõem os elementos encontrados na Natureza e classificados pela Química na Tabela Periódica dos Elementos.

Os corpos inorgânicos são compostos por uma força de atração, subordinada qualitativa e quantitativamente a leis estabelecidas pela Química e pela Física, as quais governam a estabilidade da agregação de seus elementos.
Seres Orgânicos: Os seres orgânicos são os que trazem em si mesmos uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida: nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. São providos de órgãos especiais para a realização dos diferentes atos da vida e apropriados às necessidades da própria conservação. Compreendem os homens, os animais e as plantas. (LE - Livro 1º. - Cap. IV - ítem i - Intr.), cuja escala ascendente inicia-se nos microorganismos, virus, bactérias e gérmens.

Na sua formação não entra nenhum corpo ou elemento especial que não seja encontrado nos seres inorgânicos, e isto porque há uma cadeia evolutiva envolvendo a criação divina. Todos os elos dessa cadeia têm um ponto em comum com o elo precedente. A diferença primordial e essencial entre os seres inorgânicos e os orgânicos, é que nos seres orgânicos constata-se a presença do princípio vital que se une à matéria inorgânica, animalizando-a.

Princípio Vital: O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos (LE, perg. 67a). É um dos elementos necessários à constituição do universo, mas tem a sua fonte nas modificações da matéria universal (LE, perg.64).
Tomando como exemplo a fórmula: CARBONO + HIDROGÊNIO + NITROGÊNIO, tem-se como resultado uma substância inorgânica qualquer. Mas se essa fórmula tiver condições adequadas para assimilar o princípio vital, haverá uma modificação na sua estrutura molecular resultando, ao invés de uma molécula mineral, o surgimento de uma célula orgânica.

O Princípio Vital é o mesmo para todos os seres orgânicos, porém, sensivelmente modificado segundo as espécies (LE, perg. 66). São sutis ajustes da mesma natureza dos que ocorrem no Fluido Universal, que se estendem também ao princípio vital, de modo a tipificar cada elemento ou cada célula dos seres orgânicos.

Para se ter uma idéia de como o Fluido Universal pode apresentar formas diferenciadas, basta compará-lo aos sons emitidos por um piano. Ao se dedilhar as teclas, todos os sons da escala não passam de vibrações emitidas pelas cordas. Contudo, eles se diferenciam sensivelmente uns dos outros, sem se confundirem. E mais: esses mesmos sons, emitidos por outro instrumento, podem até serem unissonos, apresentando as mesmas frequências. Novamente, porém, mantém-se uma sutil assintonia, um timbre que permite identificar uma e outra fonte emissora. E ainda aqui, tais sons não se confundem continuam diferenciados.

A Vida e a Morte: A Vida: Qual a causa da animalização da matéria? - Sua união com o Princípio Vital (LE, perg. 62). Ao mesmo tempo que o princípio vital atua sobre a matéria e por ela se deixa viabilizar, a matéria, por sua vez, também assimila e reage sobre este; ambos repercutem magneticamente um sobre o outro, em igualdade de sintonia e intensidade. Vale dizer que, se de um lado ele impulsiona os órgãos deste corpo, ao mesmo tempo se desenvolve por força dessa ação.
A Morte: A causa da morte nos seres orgânicos é a exaustão dos órgãos (LE, perg. 68). Isto ocorre quando a relação biunívoca entre o princípio vital e a matéria se quebra, cessando a harmonia. A Química consegue fazer a análise (decomposição) e a síntese (recomposição) da grande maioria dos corpos inorgânicos e orgânicos. Contudo, ela jamais conseguiu nem conseguirá reconstruir um ser vivente, porque o princípio vital se esvai do ser orgânico fenecido. No organismo morto, seja vegetal, seja animal, está extinto o principio vital; a centelha divina criadora da vida, nele não mais existe.

É por isso que a Química não consegue reconstituir os elementos formativos dos corpos orgânicos porque, não existindo a causa, não lhe é possível reproduzir o efeito. Sobrevém então a morte e a matéria inerte se decompõe, retornando à suas origens, no aguardo de uma nova oportunidade para formar outros organismos.
BIBLIOGRAFIA: LE - CAP. IV - ÍTENS I E II - PERG. 60 A 70.

B) OS FLUIDOS

“Na natureza parece que se encontra uma substância sutilíssima, tenuíssima e volicísssima que, depreendendo-se pelo universo, penetra por toda a parte sem oposição, aquece, vivifica e torna fecunda todas as criaturas vivas”.
Esse é um trecho da carta que Galileu Galilei (1564/1642) escreveu ao monsenhor Piero Dini em 23 de março de 1615, referindo-se ao fluido universal.

Galileu, nome que lembra Jesus, o sublime Galileu. O Galileu Galilei de que falamos, nasceu em Pisa e foi um gênio que estudou leis físicas, construiu o termômetro e o telescópio; astrônomo, adota a tese de Copérnico, do Heliocentrismo, o que lhe valeu um processo inquisitório em Roma, e, para não ser condenado, renega sua proposição. Após três séculos de equívocos, em 31 de outubro de 1992, o Vaticano pretendendo reabilitar Galileu, reabilita-se.

Século depois, em 1862 e 1863, o Espírito Galileu Galilei comunica-se pela psicografia de Camile Flammarion e temos o capítulo VI, de A Gênese, que trata da “Uranografia” (descrição do céu), dando-nos a magnífica concepção da Gênese dos Mundos, com a visão do Espírito, já liberto do corpo carnal.

Fluido Universal
Sabemos hoje, existir um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos – fluido gerador de mundos e de seres, que é a matéria cósmica primitiva. O FLUIDO UNIVERSAL é uma criação da divindade e o princípio elementar de todas as coisas.

O fluido cósmico (ou fluido universal), sendo matéria elementar básica, primitiva, suas transformações e modificações constituem a inumerável variedade de corpos da natureza. Essas transformações e modificações do princípio elementar do universo, assumem estados que variam desde o estado fluídico ou etéreo (no plano espiritual), até a condensação ou materialização (no plano físico).

Princípio Vital
Vimos, que “esse fluido penetra os corpos, como um oceano imenso. É nele que reside o princípio vital que dá origem à vida dos seres e a perpetua em cada globo, conforme a condição deste princípio que, em estado latente, se conserva adormecido, onde a voz de um ser não o chama”. (GE., Cap. VI, ítem 18).
Assim, é exato dizer-se que, “Deus há criado sempre, cria incessantemente e nunca deixará de criar”.

Ação dos Espíritos sobre os fluidos
Os Espíritos, por meio do pensamento e da vontade, agem sobre os fluidos determinando esta ou aquela direção, combinação ou dispersão. Atuando sobre os fluidos, dão-lhe formas, cores, mudam suas propriedades químicas, etc... produzem, assim, aparências, roupas, objetos que desejam. Com a desencarnação, o Espírito que continuar com o seu pensamento concentrado na vida material que tivera, sente-se ainda “vivo”, criando para si um ambiente fluídico denso, fazendo-o sofrer; daí a necessidade da renovação constante pelo estudo e prática do Bem.

Qualidade dos Fluidos – Efeitos
Agindo os Espíritos sobre os “fluidos espirituais” (matéria quintessenciada), suas conseqüências sobre os encarnados são diversas, podendo estar impregnadas de qualidades boas ou más, que podem ser modificadas em função da pureza ou impureza de seus sentimentos. Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável.

Se estivermos em uma reunião onde as pessoas procuram emitir bons sentimentos, os seus pensamentos purificados formam uma corrente fluídica benéfica. Se os pensamentos forem fúteis ou vulgares do ponto de vista moral, as emanações fluídicas serão de baixo teor.

Do ponto de vista físico, esses fluídos podem ser, entre outros: excitantes ou calmantes, irritantes ou dulcificantes, repulsivos ou reparadores, trazendo, do ponto de vista moral, expressões de ódio, ciúme, orgulho, egoísmo; ou ainda, de bondade, caridade, benevolência, amor.

Perispírito – Ação dos Fluidos
O Perispírito é um dos produtos mais importantes do Fluido Universal.
O Espírito extrai o seu envoltório semi-material do fluido ambiente do planeta em que vai habitar. Daí resulta que esses elementos devem variar segundo os mundos e o adiantamento moral do Espírito encarnante. (GE. Cap. XIV, itens 7 e 8).
Foi chamado corpo fluídico ou corpo espiritual por Paulo de Tarso, de mediador plástico por Emmanuel, e recebeu muitos outros nomes; Kardec o chamou de Perispírito.

Serve de ligação entre a Alma e o corpo; é o intermediário, que transmite ao Espírito as sensações recolhidas pelo corpo físico; e é por ele que o Espírito manifesta a sua vontade ao exterior.
Atuando sobre os órgãos da matéria, o Perispírito é o órgão sensitivo do Espírito. (GE. Cap. XIV, item 22).
O Espírito nunca se desliga do seu Perispírito, mas a natureza deste se eteriza, na razão de sua elevação moral. BIBLIOGRAFIA: Kardec, Allan - A Gênese


C - INSTINTO E INTELIGÊNCIA


Ao classificar os seres, segundo o grau de evolução, podemos fazer a seguinte distinção:
1 - os seres inanimados, formados somente de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos;
2 - os seres animados não-pensantes, formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência;
3 - os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade, e tendo ainda um princípio inteligente que os leva a pensar (LE, perg. 71)

INSTINTO: No primeiro caso, os corpos brutos não possuem nenhuma manifestação de vitalidade ou de inteligência. Caracterizam-se pela inércia. No segundo, os seres vivos, embora não considerados seres inteligentes, já manifestaram um início de inteligência ainda rudimentar, que seria o instinto. Pode-se afirmar, com efeito, que o instinto é uma inteligência não racional; é por ele que todos os seres provêm às sua necessidades (LE, perg. 73).


É difícil assinalar onde acaba um e começa o outro, porque eles frequentemente se confundem; mas podemos muito bem distinguir os atos que pertencem ao instinto dos que pertencem à inteligência (LE, perg. 74): o instinto compreende um conjunto de atos involuntários e inconscientes. Todo ato maquinal é instintivo, enquanto inteligência
revela-se por atos voluntários, refletidos e premeditados, segundo as circunstâncias. Já os atos intintivos não são refletidos nem premeditados. Quando o homem anda, o faz instintivamente sem refletir nos seus próprios passos, mas desvia ao precisar transpor um obstáculo quando precisa diminuir ou acelerar seu passo, etc... O impulso involuntário do movimento é o ato instintivo, enquanto que a direção calculada do movimento vem a ser o ato inteligente.

O instinto predomina no ser humano com exclusividade no início de sua vida; é a própria expressão infantil que faz dar os primeiros passos em direção à sua maturidade. A tendência é as manifestações instintivas enfraquecerem-se pela predominância da inteligência, mas ele estará sempre presente. O instinto varia em suas manifestações segundo as espécies e suas necessidades. Nos seres dotados de consciência e de percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, o que quer dizer, à vontade e à liberdade (LE, perg. 75a).

INTELIGÊNCIA: Não se pode tomar a inteligência como sendo um atributo do princípio vital, pois as plantas vivem e não pensam, não tendo mais do que vida orgânica (LE, perg. 71). É assim que existem seres animados não pensantes, e seres animados pensantes, sendo que esses últimos possuem de forma manifesta o princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar.

A inteligência é uma faculdade especial, própria de certas classes de seres orgânicos, aos quais dá, com o pensamento, a vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer relações com o mundo exterior e de prover suas necessidades (LE, perg. 71). Efetivamente, somente os Espíritos enquanto individualizações podem ser considerados seres inteligentes na criação, pois podem conhecer e refletir sobre o mundo exterior em que vivem, e possuem, sobretudo, consciência de si mesmos, de sua existência e de sua individualidade. É assim que a Biologia denomina o homem como "sapiens sapiens", ou seja, o ser que sabe que sabe, que reflexiona a inteligência sobre si mesma. Com efeito, a consciência lhe confere o atributo da vontade e da liberdade, o que o difere especificamente dos outros seres naturais do mesmo gênero. BIBLIOGRAFIA: LE - CAP. IV - ÍTEM III - PERG. 71 A 75A

D - CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES:

"E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os discípulos lhe perguntaram: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? (João, 9:1-2)"
Deduz-se pela pergunta dos apóstolos, que eles admitiam existir uma causa anterior para que aquele homem nascesse cego. Os sofrimentos da vida têm sempre uma causa e essa causa pode ter duas origens: umas estão na vida presente e outras em vidas pregressas.
Face à Justiça Divina, a tese de que o Espírito somente encarna uma vez enfrenta dificuldades intransponíveis para explicar anomalias, quais sejam a perda de entes queridos, a desencarnação precoce de chefes de família, reveses da fortuna, flagelos naturais, enfermidades incuráveis, doenças de nascença, idiotia, deformações físicas e outras modalidades de sofrimento inclusive de ordem moral, frustrando todas as medidas preventivas quer pela prudência, quer pela precaução.

Não são poucos os que clamam aos céus ao verem criaturas de má índole prósperas, favorecidas em todos os sentidos, convivendo lado a lado com os que vivem retamente perante Deus, açoitadas por dores e padecimentos de todos os matizes. À luz da teoria da reencarnação, porém, tudo é facilmente explicado; e com lógica, pois que "a cada um será dado segundo suas obras" (Tiago 2:4-18, 2:24-26; Pedro, 1-17; Apocalipse 20: 12-13).

Não existindo efeitos sem causa, e não se encontrando explicações para as aflições na vida atual, é lógico que se deve remontar às vidas passadas, onde elas tiveram as suas raízes. Essa conclusão está conforme a justiça de Deus. A desencarnação de crianças em tenra idade muitas vezes após longo sofrimento, suscita questionamentos tais como o de não ter tido tempo de fazer mal nenhum. Nesse caso, o que teriam feito essas almas para serem acometidas de tantos males? Embora seja verdade, porém, é preciso ponderar que se não fizeram o mal, tampouco fizeram o bem; e sabe-se lá o que fizeram em vidas passadas.

As provas e expiações são decisivas para a elevação dos Espíritos e além de guardar relação com suas condutas em vidas passadas, levam-nos a compulsoriamente se reencontrarem a si próprios. Aos sofrimentos por causas anteriores, juntam-se, muito frequentemente, os que são consequências das faltas atuais, de modo que tanto as faltas cometidas em vidas pretéritas, como as que são praticadas na vida presente, sempre requerem reajustes, pois estão de conformidade com a sentença evangélica: "Quem com a espada fere, com espada será ferido"(MT, 26:52), equivalente à Lei de Ação e Reação. Assim, o homem que foi perverso e desumano em vidas passadas, poderá vir a ser tratado com dureza e desumanidade na vida presente; o que foi avarento e perdulário e que fez mau uso da fortuna, poderá renascer em condições de sofrer a falta do necessário; se foi um filho rebelde e ingrato, poderá vir a sofrer idêntico tratamento por parte de seus filhos; se foi um criminoso obstinado, poderá enfrentar duras consequências na vida presente.

Assim se explicam, pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra como mundo expiatório, as anomalias que apresenta a repartição da felicidade e da infelicidade entre os bons e os maus neste mundo (ESE, cap. V, ítem 7). Aqui, deve-se esclarecer que nem sempre o mal é reajustado ou parcialmente resgatado numa só vida. Algumas vezes o processo de resgate se verifica no decurso de duas ou mais existências.

A pluralidade das existências elucida uma questão que tem levantado muitas indagações: por que uns são felizes e outros infelizes? Neste particular também é conveniente fazer evidenciar que, os que hoje são infelizes, estão num processo de reajustamento de faltas passadas, e, muitos daqueles que hoje desfrutam de felicidade e de prosperidade momentânea, continuarão com suas dívidas, vindo a pagá-las numa vida subsequente; o importante é conhecer que a justiça divina nunca falha.

Espíritos recalcitrantes e rebeldes perdem o direito ao livre-arbítrio de escolherem as tribulações por que devem passar, porém, os Espíritos que se mostram aptos a caminhar no roteiro do bem e estando arrependidos das faltas cometidas, podem escolher o gênero de provas que os levem ao triunfo do resgate bem sucedido. Seria ilógico acreditar que todo sofrimento tem por origem uma falta. Em numerosos casos, trata-se de provas escolhidas pelo Espírito, com o fito de acelerar o seu ciclo evolutivo e poder atingir mais rapidamente a perfeição. Desta maneira, chega-se à seguinte assertiva: a expiação serve sempre de prova, mas a prova nem sempre é expiação.

De qualquer maneira, tanto a prova como a expiação são fatores que indicam uma inferioridade relativa, pois o Espírito que tenha atingido a perfeição, jamais precisa ser provado. Deste modo, deve-se considerar-se que as provas e expiações sofridas pelos Espíritos são decisivas para a sua elevação e guardam íntima relação com o que eles fizeram em vidas passadas e o que devem fazer para melhor se reencontrarem a si próprios.

QUESTIONÁRIO:

1 - Defina o que são seres inorgânicos e seres orgânicos?
2 - Qual o mecanismo de interação entre o princípio vital e a matéria?
3 - Qual é a causa da morte: a exaustão do corpo ou a partida do Espírito?
4 - Que é fluído universal?
5 - Que é princípio vital?
6 - Como agem os Espíritos sobre os fluídos?
7 - Qual a classificação dos seres, segundo o seu grau de evolução?
8 - O instinto é uma inteligência rudimentar? Comente.
9 - Como definir a inteligência?
10 - Qual a relação que existe entre o perispírito e as causas das nossas aflições?
11 - "Quem com a espada fere, com a espada será ferido"? Interprete
12 - As nossas expiações podem ser amenizadas